Introdução:
Diferentemente dos demais colos encontrados em ossos longos do esqueleto axial, o fêmur tem algumas características que fazem com que seu colo tenha uma grande relevância biomecânica. Dentre elas, as duas características que se destacam são:
- É um osso responsável pela sustentação do peso corporal, e, desta forma, a carga sobre o fêmur é sempre muito grande, proporcional a massa corporal do indivíduo, fazendo com que a articulação coxofemural (quadril) seja uma articulação impactada.
- Diferente dos demais colos encontrados em ossos longos, o colo do fêmur é transversal a diáfise, o que resulta em uma maior sobrecarga sobre o mesmo por se tratar de um ponto de dissipação de forças nos membros inferiores.
Ângulo do colo do fêmur
Trata-se do ângulo formado entre o colo do fêmur e a diáfise do mesmo. É um importante ponto de dissipação de forças e está diretamente relacionado com a projeção da diáfise em direção ao joelho, o que pode interferir na biomecânica do mesmo.
A angulação ideal para o ângulo do colo do fêmur é de aproximadamente 125 graus. Nessa angulação, considera-se que há um ponto ideal de equilíbrio entre dissipação de forças e sobrecarga sofrida no colo.
Aumento do ângulo:
Em casos estruturais em que há aumento do ângulo do colo do fêmur, dizemos que o indivíduo apresenta um quadro de coxa vara. A abertura do ângulo diminui a dissipação por tornar o colo mais paralelo a diáfise, e desta forma, favorece um maior desgaste da articulação do quadril, o que pode levar o indivíduo a apresentar em quadro precoce de coxartrose (artrose de quadril).
Diminuição do ângulo:
Quando o ângulo do colo do fêmur está diminuído, ou seja, mais próximo de 90 graus, podemos afirmar que por ser mais transversal a diáfise, possui maior dissipação de forças, sobrecarregando menos o quadril e o joelho. Porém, a diminuição do ângulo aumenta a sobrecarga sobre o colo, o que pode favorecer a fratura do mesmo. Quando o indivíduo apresenta um ângulo mais fechado, podemos afirmar que possui uma alteração denominada coxavalga, que pode comprometer a biomecânica do joelho assim como a biomecânica do quadril.
Nesses casos de coxavalga, encontramos a musculatura abdutora estirada e a adutora encurtada, o que altera a biomecânica do quadril assim como a biomecânica da marcha, conforme mencionado e explicado na vídeo aula acima.