Artrologia: Articulações Sinoviais

Introdução

Neste post vamos estudar as características das articulações sinoviais e as estruturas responsáveis pela composição das mesmas, e que possibilitam a grande quantidade de movimento que apresentam e que, por este motivo, também recebem a nomenclatura de diartroses.

         A maior parte destas articulações é móvel. Os movimentos são limitados somente por ligamentos, músculos, tendões ou ossos adjacentes.  

Componentes das articulações sinoviais

  • Cartilagem Articular: fina camada de cartilagem hialina que reveste a superfície articular lisa dos ossos.
  • Cápsula Articular: membrana dupla que envolve a articulação. Camada mais externa forma ligamentos (fortalecem a articulação) e a camada mais interna forma a próxima estrutura.
  • Membrana Sinovial: reveste a cavidade articular, exceto as cartilagens e discos articulares. Produz o líquido sinovial.
  • Líquido Sinovial ou Sinóvia: líquido que lubrifica os ossos da articulação, diminuindo o atrito entre eles. É responsável pela nutrição das cartilagens articulares e serve como amortecedor de peso nas articulações, pois mantém as cartilagens articulares separadas.

Além destas 4 características, algumas articulações possuem outras estruturas. Um exemplo é o disco articular. Ele se localiza entre os ossos e divide a cavidade sinovial em duas. As articulações da ATM, esternoclavicular e radioulnar distal contêm discos articulares.

A articulação do joelho contém blocos de cartilagem em forma de meia-lua, que amortecem choques ao andar e saltar. Estes blocos são os meniscos lateral e medial.

Para proteger contra o atrito ainda temos as bolsas sinoviais e as bainhas dos tendões. Ambas contêm líquido sinovial no seu interior e reduzem atrito entre pele, músculos, tendões, ligamentos e ossos durante os movimentos.

As bolsas ou bursas são pequenos sacos que agem como almofadas entre as estruturas que separam. Normalmente estão entre tendões/pele e ossos.  

As bainhas são sacos semelhantes às bolsas que envolvem ou circundam os tendões num local de constante atrito.

Ex.: punho e dedos.

Artrologia: classificações das articulações sinoviais

Neste capítulo vamos apresentar os conceitos as classificações geométricas das articulações sinoviais, bem como discutir a importância do conhecimento da geometria da articulação e de suas superfícies articulares para o entendimento dos planos e eixos de movimento na articulação, bem como para o entendimento dos trilhos anatômicos, limites articulares e amplitudes articulares fisiológicas.

Desta forma, quando pensamos em classificação quanto a forma geométrica das estruturas articulares, as mesmas podem ser classificadas como:

Classificações geométricas

Quanto as classificações geométricas das articulações sinoviais e que vão determinar os trilhos anatômicos e as amplitudes articulares, as mesmas podem ser classificadas como:

Planas     

As articulações do tipo plana, são articulações que permitem movimentos através do deslizamento entre suas estruturas articulares. Um exemplo clássico de articulação plana são as articulações facetarias ou apofisárias entre as vértebras móveis.   

Gínglimo ou Dobradiça

As articulações do tipo gínglimo ou dobradiça permitem movimento em um único sentido ou amplitude articular, e o exemplo mais clássico dessa modalidade de articulação é a úmero-ulnar, onde a incisura troclear da ulna se articula com a tróclea do úmero permitindo exclusivamente os movimentos de flexão e extensão do cotovelo.

OBS: Os movimentos de Pronação e Supinação não acontecem entre o úmero e a ulna, mas sim na articulação radioulnar proximal, entre a circunferência articular da cabeça do rádio e a incisura radial da ulna na sua epífise proximal.

Trocoide ou Pivô   

Esse tipo de articulação é formado por uma aste fixa por onde o outro osso, através de sua superfície articular, desenvolve movimentos de rotação. Os exemplos clássicos de articulação do tipo trocoide ou Pivô são as articulações atlanto-axial (entre o processo odontóide do Áxis e o Atlas), assim como a articulação rádio-ulnar proximal, entre a circunferência da cabeça do rádio com a incisura radial da ulna, onde ocorrem os movimentos de Pronação e Supinação de antebraço.         

Condilares ou Elipsoides

São aquelas cujas superfícies articulares são de forma elíptica. Elipsoide seria talvez um termo mais adequado. Estas articulações permitem flexão, extensão, abdução e adução, mas não a rotação. Possuem dois eixos de movimento, sendo, portanto, biaxiais. A articulação rádio-carpal (ou do punho) é um exemplo. Outros são a articulações temporomandibular (ATM) e metacarpofalangeanas.

Selar

Corresponde aquelas na qual a superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de sela, apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa numa segunda peça onde convexidade e concavidade apresentam-se no sentido inverso da primeira. A articulação carpo-metacárpica do polegar é exemplo típico.

É interessante notar que esta articulação permite flexão, extensão, abdução, adução e rotação (consequentemente, também circundução) mas é classificada como biaxial. O fato é justificado porque a rotação isolada não pode ser realizada ativamente pelo polegar sendo só possível com a combinação dos outros movimentos.

Esféricas ou esferoides   

São aquelas que apresentam superfícies articulares que são segmentos de esferas e se encaixam em receptáculos ocos. O suporte de uma caneta de mesa, que pode ser movimentado em qualquer direção, é um exemplo não anatômico de uma articulação esferoide.

Este tipo de articulação permite movimentos em torno de três eixos, sendo, portanto, tri-axial. Assim, as articulações do ombro (entre o úmero e a escápula) e a do quadril (entre o osso do quadril e o fêmur) permitem movimentos de flexão, extensão, adução, abdução, rotação e circundução.

Movimentos das articulações sinoviais

Os movimentos são colocados em grupos:

Deslizamento: o mais simples e comum. As superfícies dos ossos se movem para frente e para trás, uma contra a outra. Ex.: cabeça das costelas e corpo das vértebras.

Movimentos Angulares: eles aumentam ou diminuem o ângulo entre os ossos – flexão, extensão, adução e abdução. 

Flexão: diminui o ângulo entre os ossos, aproximando-os. Ex.: cotovelo, quadril, joelho, coluna vertebral (encurva para frente), flexão plantar (dedos para baixo e calcanhar para cima).

Extensão: aumenta o ângulo entre os ossos, afastando-os (volta a posição anatômica). Ex.: idem anterior + dorsiflexão (dedos para a “canela”).

Abdução: uma parte do corpo se movimenta para longe da linha mediana.

Ex.: ombro, quadril, dedos das mãos e pés. 

Adução: uma parte do corpo se movimenta em direção à linha mediana.

         Ex.: ombro, quadril, dedos das mãos e pés.

Circundução: é uma combinação sequencial dos movimentos de flexão – abdução – extensão – adução.

         Ex: ombro e quadril.

Rotação: é o movimento de um osso ao redor de um eixo central, sem deslocamento.

         Se a face anterior do osso se move para dentro, trata-se de rotação interna ou medial. Se a face anterior do osso se move para fora, trata-se de rotação externa ou lateral.

         A rotação do antebraço tem nome específico. A supinação é a rotação externa (palma para cima) e a pronação é a rotação interna (palma para baixo).

Movimentos especiais

Elevação: movimento que ergue uma parte do corpo. Ex: elevação da escápula ou mandíbula.

Depressão: movimento que abaixa uma parte do corpo. Ex: depressão da escápula ou mandíbula.

Inversão: torção do pé onde a planta se volta para dentro.

Eversão: torção do pé onde a planta se volta para fora.

Protração: movimento que desloca a mandíbula para frente.

Retração: movimento que retorna a mandíbula para trás.

Estruturas ligamentares

         Desempenham um papel fundamental dentro de uma articulação. Eles impedem o movimento exagerado numa articulação, mantendo a posição apropriada dos ossos articulados. São ligamentos fibrosos.

LIGAMENTOS DA ARTICULAÇÃO DO OMBRO

         A cabeça do úmero se encaixa na rasa cavidade glenóide. Por ser assim, rasa, nas bordas da cavidade glenóide existe o lábio glenoidal, que contribui na estabilidade da articulação, aprofundando mais a fossa.

         Dois ligamentos contribuem no reforço da articulação: CORACOUMERAL (do processo coracóide até tubérculo maior do úmero) e GLENOUMERAL (do rebordo glenoidal ao úmero).

         Além dos ligamentos, a musculatura ao redor da articulação é importante na manutenção da estabilidade. Um exemplo é o tendão da cabeça longa do bíceps que penetra dentro da cápsula articular.

LIGAMENTOS DA ARTICULAÇÃO DO COTOVELO

         São 3 em 1 – articulação umeroulnar, umeroradial e radioulnar proximal. Temos o ligamento COLATERAL DA ULNA (do epicôndilo medial do úmero à ulna), COLATERAL DO RÁDIO (do epicôndilo lateral do úmero ao rádio) e ANULAR (envolve a cabeça do rádio e a incisura troclear da ulna – os mantém bem unidos).

LIGAMENTOS DA ARTICULAÇÃO RADIOCÁRPICA

         A articulação se dá entre rádio e ulna, e entre rádio e a fileira proximal do carpo. Possui o ligamento COLATERAL RADIAL DO CARPO (do processo estilóide do rádio até escafóide e trapézio), COLATERAL ULNAR DO CARPO (processo estilóide da ulna até piramidal e pisiforme), RADIOCÁRPICO PALMAR E DORSAL (da extremidade distal do rádio até a fileira proximal do carpo).

LIGAMENTOS DA ARTICULAÇÃO DO QUADRIL

         A cabeça do fêmur se encaixa dentro do acetábulo do quadril, que mesmo não sendo raso, é envolto por um lábio acetabular, que amplia sua cavidade articular.

Os ligamentos são:

ILIOFEMORAL, ISQUIOFEMORAL e PUBOFEMORAL. O 1º é o mais resistente de todo corpo. Além destes existe o ligamento DA CABEÇA DO FÊMUR, que é intracapsular.

LIGAMENTOS DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO

         A articulação do joelho é complicada e vulnerável a lesões. Anteriormente é encontrado o ligamento PATELAR (da patela à tuberosidade da tíbia). Medialmente temos o ligamento COLATERAL TIBIAL (do côndilo medial do fêmur à tíbia) e lateralmente temos o ligamento COLATERAL FIBULAR (do côndilo lateral do fêmur à fíbula).

Dentro da articulação temos mais 2 ligamentos, o CRUZADO ANTERIOR (que se fixa na área intercondilar anterior da tíbia e no côndilo lateral do fêmur) e CRUZADO POSTERIOR (que se fixa na área intercondilar posterior da tíbia e côndilo medial do fêmur).

OBS: Estes dois ligamentos são importantes, pois limitam bastante o excesso de movimento da articulação. Ex: extensão e flexão exagerada.

LIGAMENTOS DA ARTICULAÇÃO DO TORNOZELO

         Esta articulação une tíbia e fíbula ao tálus. Anteriormente é presa pelo ligamento TALOFIBULAR ANTERIOR. Posteriormente é presa pelo ligamento TALOFIBULAR POSTERIOR. Lateralmente, pelo ligamento CALCÂNEOFIBULAR e medialmente, pelo ligamento MEDIAL ou DELTÓIDE (da tíbia até navicular, tálus e calcâneo).