Estruturas ósseas e articulares do complexo do quadril:
A articulação do quadril é classificada como sinovial e também, dentre as sinoviais, como articulação esférica.
As principais estruturas ósseas e articulares do complexo do quadril são:
- Cabeça do fêmur
- Colo femural
- Acetábulo
- Lábio acetabular
- Ligamento redondo da cabeça do fêmur
- Ligamento transverso do acetábulo
- Bursas da articulação coxo-femural
Pontos palpáveis do complexo do quadril:
Quando pensamos em palpação e biomecânica da coxo-femural, devemos nos reportar a palpação e a biomecânica da pelve, principalmente aos movimentos dos ilíacos em relação ao sacro, pois a biomecânica do quadril esta diretamente relacionada à biomecânica da pelve e também a biomecânica do joelho que será vista em seguida. Dessa forma, para avaliação palpatória do quadril, alem de estruturas do quadril, devemos nos reportar a avaliação da pelve ou pelo menos de suas estruturas mais importantes na palpação:
- Trocanter maior do fêmur
- EIAS
- EIAI
- Sínfise púbica
- Tuberosidade isquiática
- EIPS
- EIPI
- Articulação sacro-ilíaca (braço < e braço >)
- Crista ilíaca
Angulação do colo femural
Em relação à biomecânica do quadril, existe um ângulo formado entre a diáfise do fêmur e a cabeça do fêmur que chamamos de ângulo do colo femural. Esse ângulo do colo femural tem fundamental importância na biomecânica do quadril, pois pode e vai interferir diretamente nos seus movimentos e nas forças que atuam na articulação.
Como pode ser observado na figura abaixo, a angulação ideal do colo do fêmur é de aproximadamente 125º. Nessa angulação, consideramos que a articulação esta em equilíbrio, dissipando as forças de reação do solo e a força do peso do corpo (gravidade) sem sobrecarga articular ou do colo femural.
Duas alterações estruturais podem ocorrer com freqüência e determinar alterações funcionais importantes na biomecânica do quadril:
- Aumento da angulação do colo do fêmur
O aumento da angulação do colo femural (Â >125º) vai trazer uma alteração conhecida como coxa valga. Nesse caso, como o colo do fêmur se coloca mais próximo do plano paralelo em relação às forças de peso do corpo e reação do solo, esse colo femural estará mais protegido de fraturas ou traumas, porém, quanto maior for o ângulo, menor será a dissipação de forças que ocorre na articulação, podendo acarretar problemas sérios para a coluna lombar e para a própria articulação coxo-femural que sofrerá maior impactação e com isso maior desgaste.
Esse paciente então passa a ter menor risco de fratura do colo do fêmur, porém maior predisposição a alterações na coluna vertebral (principalmente coluna lombar) e grande predisposição a desenvolver artrose coxo-femural precoce.
- Diminuição da angulação do colo do fêmur
A diminuição da angulação do colo femural (Â < 125º) vai trazer uma alteração conhecida como coxa vara. Nesse caso, como o colo do fêmur se coloca mais distante do plano paralelo em relação às forças de peso do corpo e reação do solo (se coloca transversalmente), esse colo femural estará menos protegido de fraturas ou traumas, porém, quanto menor for o ângulo, maior será a dissipação de forças que ocorre na articulação, diminuindo a possibilidade de acarretar problemas sérios para a coluna lombar e para a própria articulação coxo-femural que sofrerá menor impactação e com isso menor desgaste.
Esse paciente então passa a ter maior risco de fratura do colo do fêmur, porém, menor predisposição a alterações na coluna vertebral (principalmente coluna lombar) e menor predisposição a desenvolver artrose coxo-femural precoce.
Ângulo de anteversão da cabeça do fêmur
Existe também um ângulo de grande importância para a biomecânica do quadril que é conhecido como ângulo de anteversão da cabeça do fêmur, formado pela cabeça do fêmur em relação aos côndilos femurais e tibiais. Esse ângulo deve ter aproximadamente de 12º à 14º para que a biomecânica do quadril e do joelho sejam normais e harmônicas.
Podemos encontrar duas alterações típicas desse ângulo de anteversão da cabeça do fêmur, que são:
- Aumento da angulação de anteversão da cabeça do fêmur
No caso de aumento da angulação, a cabeça femural vai se colocar mais anteriorizada, induzindo a coxo-femural a fazer uma rotação externa adaptativa, principalmente durante a marcha.
Nesse tipo de alteração, ocorre a predisposição do paciente a desenvolver instabilidade articular anterior da coxo-femural, podendo facilitar um processo de subluxação anterior do quadril, e gera aumento da tensão articular na articulação fêmuro-tibial, gerando grande tensionamento principalmente no menisco lateral e predispondo esse paciente a lesão de menisco lateral.
2. Diminuição da angulação de anteversão da cabeça do fêmur
No caso de diminuição da angulação, a cabeça femural vai se colocar mais posteriorizada, induzindo a coxo-femural a fazer uma rotação interna adaptativa, principalmente durante o desenvolvimento da marcha.
Nesse tipo de alteração, ocorre a predisposição do paciente a desenvolver instabilidade articular anterior da coxo-femural, podendo facilitar um processo de subluxação posterior do quadril, e gera aumento da tensão articular na articulação fêmuro-tibial, gerando grande tensionamento principalmente no menisco medial e predispondo esse paciente a lesão de menisco medial.
Em relação às alterações da angulação de anteversão da cabeça do fêmur, a diminuição da angulação é o mais comum de ser encontrado.
Movimentos osteocinemáticos do complexo do quadril:
A articulação do quadril por ser classificada como articulação esférica, possui três amplitudes de movimento, ou seja, possui movimento em três planos através de três eixos diferentes.
- Movimentos no plano sagital através do eixo transversal (FLEX. / EXT.).
- Movimentos no plano frontal através do eixo sagital (ABD /AD)
- Movimentos no plano transversal através do eixo longitudinal (ROT.).
A tabela abaixo ilustra os graus de movimento que são considerados “normais” para cada uma das amplitudes de movimento da articulação do quadril.
Movimentos artrocinemáticos do complexo do quadril:
Os movimentos artrocinemáticos do complexo do quadril, assim como em todas as articulações, vão ter a função de facilitar os movimentos osteocinemáticos citados acima, e os principais movimentos artrocinemáticos vão ser:
- Deslizamentos da cabeça do fêmur
- Rolamentos da cabeça do fêmur
- Rotações da cabeça do fêmur