Introdução

Quando estudamos a cintura escapular e a biomecânica da escápula no complexo do ombro, percebemos o quanto os movimentos da articulação escápulo-torácica são importantes para o complexo como um todo, sendo, das articulações co complexo, a principal articulação acessória da gleno-umeral ou escápulo-umeral, possibilitando maiores amplitudes nos movimentos do ombro.

Ao pensarmos nos movimentos escapulares, devemos conhecer os movimentos bem como a associação e função desses movimentos para o complexo como um todo. Sendo assim, podemos destacar os seguintes movimentos e suas respectivas importâncias:

  • Rotação externa ou abdução: Auxilia a abdução gleno-umeral de 60 a 120 graus de amplitude;
  • Rotação interna ou adução: Auxilia a adução gleno-umeral de 120 a 60 graus de amplitude;
  • Elevação: Auxilia a flexão gleno-umeral de 60 a 120 graus de amplitude;
  • Depressão: Auxilia a extensão gleno-umeral de 120 a 60 graus de amplitude;
  • Protração: corresponde ao afastamento das escápulas da linha média e é facilitador da rotação interna da gleno-umeral;
  • Retração: corresponde a aproximação da escápula em relação a linha média (coluna torácica) sendo um movimento facilitados da dotação externa de gleno-umeral.

Importância estabilizadora da escápula:

A cintura escapular é a grande responsável pela interseção entre os membros superiores e o tronco. Desta forma, uma estabilidade da cintura escapular é extremamente importante para que haja ganho de força e estabilidade nas musculaturas mais distais.

São várias as formas de se trabalhar fortalecimento da musculatura estabilizadora, porém, como se tratam de músculos estabilizadores e consequentemente posturais, o trabalho dessa musculatura com finalidade estabilizadora deve ser primariamente isométrico.

Exemplo de exercício (supino)

A imagem acima demostra um exemplo de exercício muito trabalhado para peitoral maior e também para a musculatura extensora de membros superiores. Porém, quando trabalhado isometricamente com o cotovelo extendido, pode ser uma eficiente forma de trabalhar o músculo serrátil anterior, importante estabilizador da escápula.

Exercício de crucifixo com elástico

Nesse exercício acima, o crucifixo com elástico ou borracha, também pode ser trabalhada a estabilização da cintura escapular com contração isométrica mantida ou com contrações rápidas e de pequenas amplitudes dentro do ângulo articular de menor estabilidade, oferecendo estímulos proprioceptivos articulares.

Postura de 4 apoios, muito utilizada no Pilates para estabilização escapular

Na postura acima, de quatro apoios, podemos observar e trabalhar a estabilização das escápulas para maior estabilidade do complexo do ombro e ganho tanto de mobilidade quanto de força. essa postura é muito trabalhada nos exercícios de Pilates.

Imagem de trabalho de estabilização da escápula em exercício de Pilates

A imagem acima também demonstra outra possibilidade de trabalho de estabilização das escápulas trabalhado nos exercícios de Pilates solo, onde pode-se trabalhar tanto a estabilidade escapular quanto a associação dessa estabilidade com a mobilidade de membros superiores e coluna vertebral.

Músculos da cintura escapular

Na cintura escapular, podemos dividir os músculos em três grupos musculares principais, com suas respectivas funções durante nossos movimentos do dia à dia. Desta forma, os grupos musculares da cintura escapular podem ser divididos em:

  • Músculos estabilizadores da escápula
  1. Trapézio
  2. Rombóide maior
  3. Rombóide menor
  4. Elevador da escápula
  5. Serrátil anterior
  6. Peitoral menor
  • Músculos estabilizadores da gleno-umeral (manguito rotador)
  1. Supra-espinhoso
  2. Infra-espinhoso
  3. Subescapular
  4. Redondo menor
  5. Cabeça longa do bíceps braquial
  • Músculos dinâmicos do ombro
  1. Deltóide
  2. Peitoral maior
  3. Bíceps braquial
  4. Coraco-braquial
  5. Tríceps braquial porção longa
  6. Redondo maior
  7. Grande dorsal

Mas o que vem a ser então a discinesia escapular?

Discinesia, como o nome sugere, é uma alteração de mobilidade escapular que gera, como consequência, disfunção no ombro e é, por muitos autores, considerada a principal causa das disfunções e dores na articulação gleno-umeral, seja por instabilidade (hipermobilidade e frouxidão) ou por aderência (hipomobilidade escapular).

O termo discinesia escapular se refere a uma perda parcial ou total do controle dos movimentos voluntários da escápula, uma situação muito frequente em distúrbios neurológicos, porém também presente em desequilíbrios musculares em pessoas aparentemente saudáveis.

Principais causas relacionadas:

  • Alterações posturais;
  • Hipercifose torácica;
  • Hiperlordose lombar;
  • Lesões nervosas;
  • Disfunções proprioceptivas;
  • Fraturas de clavícula;Lesões acromioclaviculares.

Escápula Alada X Discinesia

O termo escápula alada é comumente utilizado como sinônimo de discinesia escapular, porém, a escápula alada é apenas uma das possibilidades de discinesia escapular, podendo haver várias outras, dentre elas, a aderência escapular, mais frequente e que gera a maior quantidade de alterações e compensações no ombro.

A escápula alada é causada, normalmente, por lesão do nervo torácico longo, onde ocorre então uma fraqueza do músculo serrátil anterior, deixando a escápula mais proeminente.