Introdução à Endocrinologia.
As funções corporais são reguladas por dois sistemas principais: o sistema nervoso e o sistema hormonal ou endócrino. O sistema hormonal está envolvido com o controle das funções metabólicas. Existem muitas inter-relações entre os sistemas hormonal e nervoso. Pelo menos duas glândulas, por exemplo, as medulas supra-renais e a hipófise posterior, só secretam seus hormônios em resposta a estímulos nervosos e os hormônios da hipófise anterior em sua maioria só são secretados em resposta à ocorrência de atividade nervosa e neuroendócrina no hipotálamo.
Um hormônio é uma substância química secretada nos líquidos internos do corpo por uma célula ou por um grupo de células e que exerce efeito fisiológico de controle sobre outras células do corpo. Os hormônios são divididos em locais e gerais. São exemplos de hormônios locais a acetilcolina, liberada nas terminações nervosas parassimpáticas e esqueléticas; a secretina, liberada pela parede duodenal e levada pelo sangue até o pâncreas, estimulando a produção de uma secreção pancreática aquosa e alcalina; e a colecistocinina, que, liberada no intestino delgado, causa a contração da vesícula biliar e promove a secreção de enzimas pelo pâncreas.
Os hormônios gerais são secretados por glândulas endócrinas específicas localizadas em diferentes pontos do corpo. Esses hormônios são secretados para o sangue, causando ações fisiológicas em tecidos distantes.
Hormônios da Hipófise Anterior
1.O hormônio do crescimento causa o crescimento de quase todas as células e tecidos do corpo.
2.A corticotropina faz com que o córtex supra-renal secrete os hormônios córtico-suprarrenais.
3.O hormônio estimulador da tireóide faz a glândula tireóide secretar tiroxina e triiodotironina.
4.O hormônio folículo-estimulante determina o crescimento dos folículos nos ovários antes da ovulação; também promove a formação dos espermatozóides nos testículos.
5.O hormônio luteinizante contribui significativamente para causar a ovulação; também promove a secreção de hormônios sexuais femininos pelos ovários e da testosterona pelos testículos.
6.A prolactina promove o desenvolvimento das mamas e a secreção do leite.
Hormônios da Hipófise Posterior
1.O hormônio antidiurético (vasopressina) faz os rins reterem água; em concentrações mais elevadas, também causa constrição dos vasos sanguíneos em todo o corpo e eleva a pressão sanguínea
2.A ocitocina contrai o útero durante o processo do parto; também produz contração das células mioepiteliais das mamas, assim espremendo o leite das glândulas mamárias quando o bebê suga.
Hormônios do Córtex Supra-Renal
1.O cortisol exerce múltiplas funções no controle do metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios.
2.A aldosterona reduz a excreção de sódio pelos rins e aumenta a excreção de potássio
Hormônios da Glândula Tireóide
1.A tiroxina e a triiodotironina aumentam a velocidade das reações químicas em quase todas as células do corpo, aumentando assim o nível geral do metabolismo corporal.
2.A calcitonina promove a deposição de cálcio nos ossos, diminuindo assim a concentração de cálcio no líquido extracelular.
Hormônios das Ilhotas de Langerhans do Pâncreas
1.A insulina promove a entrada de glicose na maioria das células corporais
2.O glucagon aumenta a liberação de glicose do fígado para os líquidos corporais.
Hormônios dos Ovários
1.Os estrogênios estimulam o desenvolvimento dos órgãos sexuais femininos, das mamas e de diversas características sexuais secundárias.
2.A progesterona estimula a secreção do “leite uterino” pelas glândulas do endométrio uterino; também ajuda a promover o desenvolvimento do aparelho secretor das mamas.
Hormônios dos Testículos
1.A testosterona estimula o crescimento dos órgãos sexuais masculinos; também promove o desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas.
Hormônio da Glândula Paratireóide
1.O paratormônio regula a concentração do íons cálcio no corpo controlando a absorção de cálcio pelo tubo digestivo, a excreção de cálcio pelos rins e a liberação de cálcio dos ossos.
Hormônios Placentários
1.A gonadotrofina coriônica humana promove o crescimento do corpo lúteo e a secreção de estrogênios e de progesterona pelo corpo lúteo.
2.Os estrogênios promovem o cresciemento dos órgãos sexuais da mãe e de alguns dos tecidos do feto.
3.A progesterona promove o desenvolvimento especial do endométrio uterino antes da implantação do óvulo fertilizado
Mecanismos da Ação Hormonal
Quase invariavelmente os hormônios combinam-se, de início, com receptores hormonais localizados na superfície da membrana celular ou no interior das células desencadeando uma cascata de reações.
A maioria dos hormônios está presente no sangue em quantidades extremamente pequenas. Por essa razão, exceto em alguns casos, é praticamente impossível medir essas concentrações pelos meios químicos habituais. Entretanto, existe um método extremamente sensível que revolucionou a dosagem dos hormônios. Tal método é o radioimunoensaio.
O sistema porta-hipofisário é constituído por pequenos vasos comuns ao hipotálamo inferior e à hipófise anterior, unidos através do infundíbulo. Neurônios especiais, situados no hipotálamo, sintetizam e secretam os hormônios hipotalâmicos liberadores e inibidores. A função desses hormônios é a de controlar a secreção dos hormônios da hipófise anterior.
A hipófise posterior não secreta hormônios, ela armazena os hormônios que são transportados do hipotálamo através do tracto hipotálamo-hipofisário. O ADH é formado principalmente nos núcleos supra-ópticos, enquanto a ocitocina é formada principalmente nos núcleos paraventriculares.
2 – Os Hormônios Metabólicos da Tireóide
A glândula tireóide secreta grande quantidade de dois hormônios, a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3), que exercem profundo efeito sobre o metabolismo corporal. As funções desses hormônios são qualitativamente idênticas, porém diferem quanto à rapidez e a intensidade de ação. A glândula tireóide é composta de grande número de folículos fechados, preenchidos por uma substância secretora denominada colóide e revestidos por células epitelióides cubóides que lançam suas secreções no interior dos folículos.
Os hormônios da tireóide são então absorvidos pelo sangue e transportados às outras partes do organismo para realizar sua função. Para que seja formada a quantidade normal de tiroxina e triiodotironina, têm que ser ingeridos cerca de 50 mg de iodo a cada ano, aproximadamente 1 mg por semana. O efeito geral do hormônio da tireóide é o de causar, por atacado, a transcrição nuclear de grande número de genes. Como consequência, em virtualmente todas as células corporais ocorre aumento de grande número de enzimas protéicas, proteínas estruturais, proteínas transportadoras e outras substâncias.
O resultado final disso tudo é um aumento generalizado da atividade funcional em todo o corpo. A regulação da secreção do hormônio da tireóide é feita através do hormônio tíreo-estimulante (TSH), também conhecido como tireotropina, produzido pela hipófise anterior. A secreção de TSH é regulada pelo hormônio liberador de tireotropina (TRH), produzido pelo hipotálamo. As principais doenças da tireóide são o hipertireoidismo e o hipotireoidismo. No hipertireoidismo, são encontrados no sangue dos pacientes anticorpos com ações semelhantes às do TSH. Esses anticorpos se ligam aos mesmos receptores aos quais o TSH se fixa, de modo que isso provoca uma continuada ativação das células.
Os anticorpos causadores do hipertireoidismo se formam quase certamente em consequência de auto-imunidadedesenvolvida contra o tecido da tireóide. Assim, ao contrário do que se poderia esperar, demonstrou-se através de radioimunoensaio que as concentrações plasmáticas de TSH estão abaixo do normal no hipertireoidismo. Os efeitos do hipotireoidismo são geralmente opostos aos do hipertireoidismo. Uma das principais características do hipotireoidismo é o bócio endêmico.
O mecanismo do desenvolvimento dos grandes bócios endêmicos é o seguinte: A falta do iodo impede a produção do hormônio da tireóide por essa glândula; como consequência, não há hormônio disponível para inibir a produção de TSH pela hipófise anterior através do mecanismo de feedback, o que possibilita à hipófise secretar quantidade excessivamente grande de TSH. Este, então, faz as células da tireóide secretarem quantidade enorme de tireoglobulina (colóide) para o interior dos folículos, e a glândula fica cada vez maior.
3 – Os Hormônios Córtico-Supra-Renais
A glândula supra-renal divide-se em medula supra-renal e córtex supra-renal. A medula supra-renal secreta os hormônios epinefrina e norepinefrina em resposta à estimulação simpática. Esses hormônios causam praticamente os mesmos efeitos que a estimulação direta dos nervos simpáticos em todas as partes do corpo. O córtex supra-renal secreta um grupo totalmente diferente de hormônios, denominados corticosteróides.
Os dois tipos principais de corticosteróides são os mineralocorticóides e os glicocorticóides. Os mineralocorticóides afetam especialmente os eletrólitos dos líquidos extracelulares – particularmente o sódio e o potássio. Os glicocorticóides, por sua vez, aumentam a concentração sanguínea de glicose. Contudo, eles exercem efeitos adicionais sobre o metabolismo das proteínas e dos lipídios. Os esteróides de maior importância para a função endócrina do corpo humano são a aldosterona, que é o principal mineralocorticóide, e o cortisol ou hidrocortisona, que é o principal glicocorticóide.
A função sem dúvida mais importante da aldosterona é a de promover o transporte de sódio e potássio através das paredes dos túbulos renais e, em menor grau, o transporte de hidrogênio. Os principais efeitos do cortisol sobre o metabolismo dos carboidratos são a estimulação da gliconeogênese hepática (formação de glicose a partir das proteínas e de algumas outras substâncias), a diminuição da utilização de glicose pelas células e a elevação da concentração sanguínea de glicose.
O cortisol possui efeitos antiinflamatórios agindo sobre a enzima fosfolipase A2, importante para a formação do ácido araquidônico. Alguns tipos de estresse aumentam a liberação de cortisol como os traumas, infecção e cirurgias. A secreção de aldosterona pelo córtex supra-renal é controlada principalmente pela ação direta do potássio e da angiotensina sobre as células córtico-supra-renais.
A regulação da secreção de cortisol é feita pelo hormônio corticotrópico (ACTH) produzido pela hipófise anterior. A secreção de ACTH, por sua vez, é controlada pelo hormônio liberador da corticotropina produzido pelo hipotálamo. O cortisol tem efeitos diretos de feedback negativo sobre o hipotálamo diminuindo a formação do hormônio liberador de corticotropina e sobre a hipófise anterior diminuindo a formação de ACTH. O hipocorticalismo provoca a Doença de Addison ocasionada por atrofia dos córtices supra-renais decorrente provavelmente de auto-imunidade aos córtices e o hipercorticalismo provoca a doença de Cushing, consequente a um tumor secretor de cortisol em um córtex supra-renal.
4 – Insulina, Glucagon e Diabetes Melito
Além das funções digestivas, o pâncreas secreta dois hormônios importantes, a insulina e o glucagon. O pâncreas é composto por dois tipos principais de estruturas: os ácinos, que secretam sucos digestivos para o duodeno e as ilhotas de Langerhans, que secretam insulina e glucagon diretamente para o sangue. As ilhotas de Langerhans do ser humano contém três tipos principais de células, alfa, beta e delta.
As células beta secretam insulina, as células alfa secretam glucagon e as células delta secretam somatostatina, cujas funções mais importantes não foram totalmente esclarecidas. A função básica da insulina é a ativação dos receptores das células-alvo e os consequentes efeitos celulares. O principal efeito celular da insulina é o de tornar as membranas celulares altamente permeáveis à glicose.
Imediatamente após uma refeição rica em carboidratos, a glicose que é absorvida pelo sangue causa uma rápida secreção de insulina. Esta, por sua vez, promove a captação, o armazenamento e a rápida utilização da glicose por quase todos os tecidos corporais, mas especialmente pelos músculos, pelo tecido adiposo e pelo fígado.
Quando os músculos não estão sendo exercitados durante o período subsequente a uma refeição e ainda assim a glicose está sendo transportada em abundância para as células musculares, a maior parte da glicose é armazenada sob a forma de glicogênio muscular que pode ser utilizado posteriormente para fins energéticos. De todos os efeitos da insulina, um dos mais importantes é fazer com que a maior parte da glicose absorvida após uma refeição seja quase imediatamente armazenada no fígado, sob a forma de glicogênio.
Assim, o fígado remove glicose do sangue quando ela está presente em excesso após uma refeição e a devolve ao sangue quando sua concentração sanguínea cai entre as refeições. O cérebro é muito diferente da maioria dos outros tecidos do corpo, na medida em que nele a insulina exerce pouco ou nenhum efeito sobre a captação ou a utilização da glicose. Em vez disso, as células cerebrais são permeáveis à glicose e podem utilizá-la sem a intermediação da insulina. As células cerebrais também são muito diferentes da maioria das outras células do corpo, na medida em que normalmente utilizam apenas glicose para fins energéticos.
Por esta razão, é essencial que o nível sanguíneo de glicose seja sempre mantido acima de um nível crítico. Quando a glicemia efetivamente cai em demasia, ocorrem sintomas de choque hipoglicêmico, caracterizado por irritabilidade nervosa progressiva que leva a desfalecimento, convulsões e mesmo coma. Todos os aspectos da degradação e utilização da gordura para fornecimento de energia experimentam grande incremento na ausência de insulina.
A concentração sanguínea de glicose e a secreção de insulina possuem uma relação de feedback. Quando a glicemia aumenta, a secreção de insulina aumenta rapidamente. O glucagon exerce várias funções opostas às da insulina. A mais importante delas é seu efeito de aumentar a concentração sanguínea de glicose. A injeção de glucagon purificado num animal produz intenso efeito hiperglicêmico. Os dois principais efeitos do glucagon sobre o metabolismo da glicose são a decomposição do glicogênio hepático (glicogenólise) e o aumento da gliconeogênese. O aumento da glicose sanguínea inibe a secreção de glucagon.
Em pessoas normais, a concentração sanguínea de glicose é mantida dentro de limites muito estreitos, em geral na faixa de 80 a 90 mg/dl de sangue quando em jejum podendo chegar a 140 mg/dl após uma refeição. O fígado funciona como um importante sistema tampão para a glicose sanguínea. Alguém poderia perguntar por que é tão importante a manutenção da constância da concentração sanguínea de glicose, especialmente pelo fato de muitos tecidos poderem passar a utilizar lipídios e proteínas para fins energéticos na ausência de glicose? A resposta é que a glicose é o único nutriente que pode normalmente ser utilizado pelo cérebro, pela retina e pelo epitélio germinativo das gônadas em quantidade adequada para supri-los da energia de que necessitam.
O diabetes melito decorre da diminuição da secreção de insulina pelas células beta das ilhotas de Langerhans. A hereditariedade dá geralmente uma contribuição importante para o diabetes. Ela faz aumentar a suscetibilidade das células beta aos vírus ou favorecendo o desenvolvimento de anticorpos auto-imunes contra as células beta e, em outros casos, parece haver uma simples tendência hereditária para a degeneração das células beta.
A obesidade também contribui para o desenvolvimento do diabetes. A teoria do tratamento do diabetes se baseia na administração de insulina suficiente para possibilitar que o metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas fique tão próximo do normal quanto possível. Os pacientes diabéticos têm tendência extremamente forte ao desenvolvimento de aterosclerose, cardiopatia coronária grave e múltiplas lesões microcirculatórias.
5 – Hormônio Paratireóideo, Calcitonina, Metabolismo do Cálcio e Fosfato, Vitamina D, Ossos e Dentes
A fisiologia dos hormônios paratireóideo e calcitonina está estreitamente relacionada ao metabolismo do cálcio e do fosfato, às funções da vitamina D e à formação dos dentes e ossos. As principais fontes de cálcio na dieta são o leite e seus derivados, que também são grandes fontes de fosfato. O fosfato também está presente em muitos outros alimentos como as carnes.
O cálcio é mal absorvido pelo tubo intestinal e o fosfato, na maioria das vezes, é bem absorvido. A vitamina D exerce potente efeito no aumento da absorção de cálcio pelo tubo intestinal e também tem efeitos importantestanto sobre a deposição óssea como sobre a reabsorção óssea. Quando a concentração de íons cálcio no líquido extracelular cai abaixo do normal, o sistema nervoso vai-se tornando progressivamente mais excitável, em razão da maior permeabilidade da membrana neuronal.
A hipocalcemia, por conseguinte, causa tetania. Quando o nível de cálcio nos líquidos corporais se eleva acima do normal, o sistema nervoso fica deprimido e as suas atividades reflexas tornam-se lentas. O osso é composto por uma resistente matriz orgânica que é muito fortalecida por depósitos de sais de cálcio. O osso está sendo continuamente depositado pelos osteoblastos e continuamente absorvido pelos osteoclastos. A fratura de um osso ativa ao máximo todos os osteoblastos periósteos e intra-ósseos envolvidos na ruptura.
Normalmente, há quatro glândulas paratireóideas no ser humano, elas estão localizadas atrás da glândula tireóide. Há muitos anos se sabe que o aumento da atividade da glândula paratireóidea causa uma rápida absorção dos sais de cálcio presentes nos ossos, acarretando aumento da concentração de cálcio no líquido extracelular; inversamente, a hipofunção das glândulas paratireóideas causa hipocalcemia, frequentemente acompanhada de tetania. Além disso, o hormônio paratireóideo é importante tanto para o metabolismo do cálcio como para o do fosfato.
A calcitonina, secretada pela glândula tireóide, diminui a concentração sanguínea de íons cálcio. Quando as glândulas paratireóides não secretam o hormônio paratireóideo em quantidade suficiente, os osteoclastos tornam-se quase totalmente inativos. Como consequência, a reabsorção óssea diminui tanto que o nível de cálcio nos líquidos corporais fica reduzido.
O tratamento é feito com paratormônio, vitamina D e cálcio. O raquitismo ocorre principalmente em crianças, como resultado da defici6encia de cálcio ou de fosfato no líquido extracelular. Ordinariamente, entretanto, o raquitismo não se deve à carência de cálcio ou fosfato na dieta, mas sim à deficiência de vitamina D. A osteoporose é a mais comum de todas as doenças ósseas em adultos, especialmente na velhice.
Entre as causas mais comuns de osteoporose encontram-se a desnutrição, a deficiência pós-menopausa da secreção de estrogênios e a idade avançada. As duas anormalidades dentárias mais comuns são a cárie e a má oclusão. A palavra cárie designa uma erosão dos dentes, ao passo que a expressão má oclusão significa que as projeções dos dentes superiores e inferiores não se interdigitam de modo adequado.
Há consenso geral por parte dos pesquisadores de que a cárie dentária decorre da ação, sobre os dentes, de bactérias, das quais a mais comum é o Streptococcus mutans.Contudo, essas bactérias dependem muito dos carboidratos para sua nutrição. Os ácidos são os principais responsáveis pela formação das cáries.
6 – Funções Reprodutivas Masculinas. Os Hormônios Sexuais Masculinos e a Glândula Pineal
As funções reprodutivas masculinas podem ser divididas em três subníveis: a espermatogênese, o ato sexual masculino e a regulação das funções sexuais masculinas por diversos hormônios. A espermatogênese ocorre em todos os túbulos seminíferos durante a vida sexual ativa, como consequência da estimulação pelos hormônios gonadotrópicos da hipófise anterior.
A espermatogênese começa por volta dos 13 anos e continua pelo resto da vida. Os túbulos seminíferos contêm grande número de células epiteliais germinativas denominadas espermatogônias. Uma parte delas se diferencia para formar os espermatozóides. Após sua formação nos túbulos seminíferos, os espermatozóides passam para o epidídimo. Uma pequena quantidade de espermatozóides pode ser armazenada no epidídimo, mas a maior parte deles fica no canal deferente. As vesículas seminais são glândulas secretoras de material mucóide contendo muita frutose, ácido cítrico e outros nutrientes.
Durante o processo da ejaculação, cada vesícula seminal lança seu conteúdo no ducto ejaculatóriologo após o canal deferente ter aí expelido os espermatozóides. Isso aumenta muito o volume do sêmen ejaculado. A glândula prostática secreta um líquido importante para a fertilização eficaz do óvulo. É provável que o líquido prostático neutralize a acidez dos outros líquidos após a ejaculação.
O sêmen, que é ejaculado durante o ato sexual masculino, é constituído pelos líquidos oriundos do canal deferente, das vesículas seminais, da próstata e das glândulas mucosas, especialmente as glândulas bulbouretrais. Ao ser expelido do folículo ovariano para a cavidade abdominal e para as tubas uterinas, o óvulo traz consigo múltiplas camadas de células.
Antes de poder fertilizar o óvulo, o espermatozóide deve, primeiro, atravessar a camada de células da granulosa e, depois, penetrar no espesso revestimento do óvulo propriamente dito, a zona pelúcida. O acrossomo do espermatozóide libera, então, a enzima hialuronidase que abre espaço entre as células da granulosa de modo que o espermatozóide possa chegar até o óvulo. Os mais importantes sinais nervosos para desencadear o ato sexual masculino originam-se na glande, pois ela contém um sistema altamente organizado de órgãos terminais sensitivos, que transmitem para o sistema nervoso central um tipo um tipo especial de sensação denominado sensação sexual.
A ação massageadora do ato sexual sobre a glande estimula os órgãos terminais sensitivos, enquanto os sinais sexuais, por sua vez, transitam pelo nervo pudendo, e daí para a porção sacra da medula espinhal, por meio do plexo sacro, subindo, por fim, pela medula, até áreas não determinadas do cérebro. Os impulsos também podem chegar à medula espinhal a partir de áreas adjacentes ao pênis para auxiliar na estimulação do ato sexual.
A estimulação do escroto e das estruturas perineais, por exemplo, pode enviar à medula impulsos que aumentam a sensação sexual. Estímulos psíquicos apropriados podem aumentar muito a capacidade de realização do ato sexual de uma pessoa. O simples fato de um homem ter pensamentos sexuais, ou até mesmo sonhar que o ato sexual está sendo realizado, pode fazer com que o ato ocorra e culmine na ejaculação. Entretanto, o cérebro não é estritamente necessário para a realização do ato sexual. A medula através de mecanismos reflexos próprios integrados é suficiente para a realização do ato sexual. A ereção é a primeira consequência da estimulação sexual masculina. Ela ocorre através dos nervos parassimpáticos.
Os sinais parassimpáticos dilatam as artérias do pênis, assim permitindo que o sangue arterial flua com alta pressão para o tecido erétil do pênis. A ejaculação é uma função nervosa simpática. Quando o estímulo sexual se torna extremamente intenso, os centros reflexos da medula espinhal começam a emitir impulsos simpáticos, que deixam a medula através de L1 e L2 e chegam aos órgãos genitais. Os testículos secretam vários hormônios sexuais masculinos, que são coletivamente denominados androgênios.
O mais significativo é a testosterona, responsável pelos efeitos hormonais masculinos. A testosterona é formada pelas células intersticiais de Leydig, situada nos interstícios entre os túbulos seminíferos. Em geral, a testosterona é responsável pelas características distintivas do corpo masculino. Os testículos geralmente descem para o escroto durante os últimos dois ou três meses de gravidez, quando estão secretando quantidade adequada de testosterona.
Quando uma criança do sexo masculino nasce com testículos que não desceram, a administração de testosterona frequentemente faz que isso ocorra da maneira habitual, desde que os canais inguinais sejam suficientemente largos para permitir a passagem dos testículos. A testosterona possui efeitos sobre a distribuição dos pelos corporais, sobre a calvície, sobre a voz, sobre a pele, sobre a formação de proteínas e o desenvolvimento muscular, sobre o crescimento ósseo e sobre as hemácias.
A glândula hipófise anterior secreta dois hormônios gonadotrópicos principais: o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH). Ambos desempenham papéis importantes no controle da função sexual masculina. O LH estimula as células intersticiais de Leydig a produzirem testosterona. A gonadotrofina coriônica, produzida pela placenta, estimula a formação de células de Leydig durante a gestação. A conversão das espermatogônias em espermatócitos nos túbulos seminíferos é estimulada pelo FSH. A regulação da secreção hipofisária de LH e FSH é feita pelo hipotálamo através do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH).
O câncer de próstata é uma causa comum de morte, sendo responsável por 2 a 3% de todas as mortes de indivíduos masculinos. Uma vez instalado um câncer de próstata, as células cancerosas são geralmente estimuladas pela testosterona, sendo inibidas pela retirada dos testículos. Usualmente, o câncer prostático também pode ser inibido pela administração de estrogênios.
A glândula pineal inibe a puberdade precoce e está relacionada com o controle da fertilidade sazonal em alguns animais. Em seres humanos, entretanto, nada está comprovado.
7 – Fisiologia Feminina Antes da Gravidez e os Hormônios Femininos
Nos meados de cada ciclo mensal, um único óvulo é expelido para a cavidade abdominal por um folículo ovariano. Esse óvulo segue, então, até o útero passando por uma das tubas uterinas e, caso tenha sido fertilizado por um espermatozóide, implanta-se no útero, onde se transforma num feto, com placenta e membranas fetais. À época da puberdade, os dois ovários contêm 300.000 a 400.000 óvulos. Cada óvulo é circundado por uma camada única de células e é denominado folículo primordial.
Durante todo o período reprodutivo da mulher, apenas cerca de 400 desses folículos se desenvolvem o suficiente para expelir seus óvulos, enquanto os demais se degeneram. À época do final do período reprodutivo, que é denominado menopausa, apenas alguns folículos primordiais permanecem nos ovários e degeneram-se logo depois. No sistema hormonal feminino, o hipotálamo produz o hormônio liberador de gonadotropinas que estimulam a hipófise anterior a produzir o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH).
Os hormônios ovarianos estrogênio e progesterona são produzidos em resposta aos dois hormônios liberados pela hipófise anterior. A duração do ciclo menstrual é, em média, de 28 dias. O início dos ciclos sexuais mensais ocorre entre os 11 e 15 anos de idade; esse início é denominado menarca e esse período da vida das meninas é chamado de puberdade.
No início de cada mês do ciclo sexual feminino, imediatamente após a menstruação, as concentrações dos hormônios hipofisários FSH e LH aumentam. Na mulher que apresenta um ciclo sexual normal, a ovulação ocorre 14 dias após o início da menstruação. Aproximadamente dois dias antes da ovulação a secreção de LH pela hipófise anterior aumenta acentuadamente elevando-se de 6 a 10 vezes. Simultaneamente, o FSH aumenta cerca de duas vezes. A massa de células da granulosa que permanece no ovário no local da ruptura do folículo transforma-se no corpo lúteo.
Ele então secreta grandes quantidades de progesterona e estrogênio, principalmente progesterona. Após vários dias da fase lútea do ciclo ovariano, a grande quantidade de estrogênio e progesterona secretada pelo corpo lúteo causa efeito de feedback sobre o hipotálamo, reduzindo a secreção de LH e FSH. Segue-se então um novo ciclo ovariano. Os estrógenos e as progestinas constituem os dois tipos de hormônios sexuais ovarianos.
Sem dúvida, o mais importante dos estrógenos é o estradiol, e a progestina mais importante é a progesterona. Os estrógenos promovem principalmente a proliferação e o crescimento de células corporais especificamente ligadas ao sexo, sendo responsáveis pelo desenvolvimento da maioria das características sexuais secundárias femininas. Por outro lado, as progestinas destinam-se quase totalmente à preparação final do útero para a gravidez e das mamas para a amamentação.
8 – Gravidez e Amamentação
Quando ocorre a ovulação, o óvulo é expelido diretamente para a cavidade peritoneal e entra numa das tubas uterinas. A fertilização do óvulo ocorre normalmente logo depois que ele penetra na tuba uterina. Em seguida, são normalmente necessários três a quatro dias para que o ovo seja transportado ao longo da tuba até a cavidade do útero. Esse demorado transporte pela tuba uterina permite que ele passe por várias etapas de divisão, transformando-se em mórula e blastocisto logo após a chegada ao útero.
Após chegar ao útero, a mórula e, depois, o blastocisto em desenvolvimento permanecem na cavidade uterina por mais dois a cinco dias antes de ocorrer a implantação no endométrio, o que significa que a implantação se dá normalmente no sétimo ou oitavo dia após a ovulação. A implantação decorre da ação das células trofoblásticas que se desenvolvem na superfície do blastocisto.
Após ocorrer a implantação, as células trofoblásticas e as células blastocísticas subjacentes proliferam rapidamente; juntamente com células do endométrio materno, elas formam a placenta e as diversas membranas próprias da gravidez. A principal função da placenta é a de possibilitar a difusão de substâncias alimentares do sangue da mãe para o do feto e a difusão dos produtos de excreção do feto para a mãe.
A placenta também realiza o transporte de oxigênio da mãe para o feto e de dióxido de carbono do feto para a mãe. Na gravidez, a placenta forma grande quantidade de gonadotrofina coriônica humana, estrogênios, progesterona e somatomamotropina coriônica humana. A gonadotrofina coriônica humana provoca a persistência do corpo lúteo e o impedimento da menstruação.
A presença no útero de um feto em crescimento significa para a mãe uma carga fisiológica extra, e grande parte da resposta materna à gravidez, como o aumento do peso corporal, decorre desse aumento de carga. Entre os efeitos especiais incluem-se o aumento do débito cardíaco devido ao aumento do fluxo sanguíneo através da placenta, o aumento do fluxo sanguíneo da mãe e a presença do líquido amniótico.
Pré-eclâmpsia e Eclâmpsia: A pré-eclâmpsia ocorre nos últimos quatro meses da gravidez e está associada à hipertensão, proteinúria e edema. A eclâmpsia é bem mais grave que a pré-eclâmpsia, caracterizando-se por extrema espasticidade vascular em todo o corpo, convulsões clônicas seguidas de coma, grande diminuição do débito renal, mau funcionamento do fígado, frequentemente hipertensão extrema e um estado tóxico generalizado do corpo.
Ocorre em geral pouco antes do parto. Sem tratamento, uma porcentagem muito alta das pacientes eclâmpticas vem a falecer. Entretanto, com o uso adequado e imediato de substâncias vasodilatadoras de ação rápida para normalizar a pressão arterial, seguido de interrupção imediata da gravidez – por operação cesariana, se necessário – a mortalidade foi reduzida para 1% ou menos.
Parto: O aumento da contratilidade uterina próximo ao termo pode ser explicado por alterações hormonais progressivas que causam maior excitabilidade da musculatura uterina e, segundo, alterações mecânicas progressivas causadas pelo aumento do bebê. O principal hormônio responsável pelo aumento das contrações uterinas é a ocitocina, produzida pela hipófise posterior. Durante a maior parte da gravidez, o útero apresenta episódios periódicos de contrações rítmicas fracas e lentas, denominadas contrações de Braxton Hicks. Essas contrações tornam-se cada vez mais fortes no período que antecede o parto e durante o parto.
O trabalho de parto é dividido em três períodos: período de dilatação, período expulsivo e período de dequitação ou secundamento. Durante as primeiras quatro a cinco semanas que se seguem ao parto, o útero involui. Nesse período de involução são produzidos os lóquios, corrimento vaginal inicialmente sanguinolento e depois seroso, que persiste por cerca de uma semana e meia. O hormônio prolactina estimula o início da lactação.
A ocitocina estimula a descida do leite através de estímulos neurogênicos que terminam por provocar a contração das células mioepiteliais que circundam as paredes externas dos alvéolos.