Introdução

Diferente das demais células, os neurônios possuem algumas características específicas. Morfologicamente, podemos dizer que a principal característica do neurônio não é necessariamente seu corpo em formato estrelado, mas sim a presença de uma ou mais extensões do corpo (projeções) denominadas axônios, por onde vai haver a propagação do impulso elétrico, denominada potencial de ação (PA). 

Assim como os neurônios, a outra célula capaz de produzir carga elétrica é a célula muscular estriada cardíaca, que estudamos em sistema cardiovascular, mais especificamente em sistema de condução do coração. Porém, as ondas elétricas neuronais são diferentes das cardíacas, e isso pode ser observado claramente quando comparamos um gráfico de eletrocardiograma com um gráfico de eletroencefalograma. 

Estruturas dos neurônios

Corpo celular

Também denominado soma, o corpo celular corresponde a representação celular do neurônio. É o corpo celular que possui a membrana plasmática, separando o meio interno (intra-celular) do meio externo (extra-celular), e onde se localizam as organelas celulares, o citoplasma propriamente dito, assim como o núcleo celular com seu material genético.

Axônios:

Correspondem a prolongamentos do corpo celular. Seu ponto de fixação no soma ou corpo é denominado “cone de implantação” e, de acordo com a quantidade de cones de implantação no soma e consequentemente, a quantidade de axônios, os neurônios podem ser classificados morfologicamente em:

  • Neurônio Unipolar: corresponde ao neurônio que possui em seu corpo ou soma um único cone de implantação axonal. Ex: Neurônios motores da medula espinhal e do SNP;
  • Neurônio Bipolar: corresponde ao neurônio que possui em seu corpo ou soma dois cones de implantação axonal. Ex: Neurônios do tracto óptico;
  • Neurônio Pseudo-unipolar: como o próprio nome sugere, pseudo-unipolares são aqueles que possuem um único, porém, falso polo. Eles possuem um único cone de implantação no corpo, porém, seu axônio se bifurca dando origem a dois pólos posteriormente. OBS: Os neurônios pseudo-unipolares são os únicos que possuem seus corpos localizados fora do sistema nervoso central (se localizam nos gânglios da raiz dorsal) e representam os neurônios sensitivos do sistema nervoso periférico (SNP);
  • Neurônios Multipolares: Correspondem aos neurônios que possuem três ou mais cones de implantação axonal direto no soma ou corpo, podendo fazer conexões com diversas áreas ao mesmo tempo. Normalmente os neurônios multipolares estão localizados no córtex cerebral.

Dendritos: 

Os dendritos são pequenos prolongamentos ou projeções do soma dos neurônios, e está diretamente relacionado com a recepção de informações de outros neurônios ou outras células excitáveis, como, por exemplo, os receptores ou terminações nervosas sensitivas. 

Terminação axonal: 

Como o próprio nome já sugere, a terminação axonal é semelhante aos dendritos, porém, sendo prolongamentos que se encontram na porção final dos axônios, e também sendo responsáveis pela transmissão de informações entre as células envolvidas (sinapses). 

Bainha de mielina: 

A mielina é uma proteína (lipoproteína) produzida por células da glia específicas, sendo no sistema nervoso central (SNC) produzidas pelos oligodendrócitos enquanto no sistema nervoso periférico (SNP) pelas células de Schwann. 

A mielina tem como característica ser isolante elétrica. Desta forma, nos neurônios mielínicos, o impulso elétrico é “obrigado” a saltar entre os intervalos da bainha de mielina (nodos de ranvier), o que faz com que o impulso elétrico nos neurônios mielínicos seja denominado “impulso saltatório”, trazendo como grande vantagem aos neurônios mielínicos o aumento significativo na velocidade de propagação através do axônio.

Desta forma, podemos observar que quanto maior o comprimento do axônio, maior é sua dependência da mielina em seus axônios. Assim, observamos que no sistema nervoso periférico todos os neurônios são mielínicos devido ao seu comprimento.

OBS: Doenças desmielinizantes, independentemente do comprometimento se dar no SNC ou no SNP, como a esclerose múltipla, síndrome de Guillain Barré ou até mesmo as neuropatias ou polineuropatias diabéticas, causam, como consequência, a perda da função temporária dos axônios acometidos, porém, podendo haver reabilitação parcial ou total em caso de remielinização.