O QUE SÃO “FERIDAS”?
Anote aí
O termo “feridas” é utilizado como sinônimo de lesão tecidual, deformidade ou perda da solução de continuidade. Ou seja, pode acometer desde a epiderme, até estruturas mais profundas, como fáscias e músculos, aponeuroses, articulações, cartilagens, tendões, ossos, órgãos cavitários.
E COMO A PELE É SEMPRE LESIONADA NAS FERIDAS, VAMOS CONHECÊ-LA?
-> Maior órgão de absorção do corpo
-> 3 camadas: Epiderme; derme; hipoderme
-> Funções: proteção, excreção, sintetiza vitamina D, age como órgão de sentido (tato), termorregulação, aparência.
AS FERIDAS PODEM SER CLASSIFICADAS DE ACORDO COM A SUA ETIOLOGIA:
-> Acidental ou traumática: provocada por objetos cortantes, contundentes, perfurantes, cortantes, inoculação de venenos, mordeduras e queimaduras em geral.
-> Patológicas: Lesões secundárias à uma determinada doença de base.
-> Cirúrgicas: quando é realizada de acordo com um fim terapêutico proposto.
-> Iatrogênicas: feridas resultantes de procedimentos ou tratamentos (radioterapia).
Fatores etiológicos externos das feridas:
Em suma, correspondem a feridas resultantes de pressão contínua exercida pelo peso do corpo, fricção, cisalhamento e umidade, como as úlceras de pressão. Por exemplo:
-> Escoriações: quando a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com “arranhamento” da pele.
-> Equimoses e hematomas: ocorrem quando há rompimento dos capilares, sem perda da continuidade da pele; H: o sangue extravasado forma uma cavidade.
-> Na mesma linha, as feridas mecânicas: têm origem traumáticas, causadas por traumatismos externos, cortante ou penetrante, incluindo esmagamentos e cortes.
-> Da mesma forma, as feridas laceradas: ou seja, apresentam margens irregulares, como as produzidas por caco de vidro ou arame farpado.
-> Podemos também encontrar as de origem químicas, causadas pela ação de ácidos ou bases muito fortes e alguns sais e gases.
-> Posteriormente, as feridas térmicas: se desenvolvem como resultado de calor ou frio intenso.
-> Há ainda as causadas por eletricidade, como as causadas por raios ou contato com objetos energizados, (rede elétrica).
-> Também aquelas derivadas de radiação, que são causadas pela longa exposição a raios solares, RX ou outro tipo de radiação.
-> Na mesma linha, as incisivas, que são produzidas por um instrumento cortante, faca, bisturi, etc.
-> Depois disso, as feridas contusas: produzidas por ação contundente de objetos rombos. Ou seja, caracterizam-se por traumatismos das partes moles, hemorragias e edema.
Outros fatores externos:
-> Além dessas já mencionadas, podemos ter as perfurantes: armas de fogo ou arma branca. Pode causar hemorragias internas.
MECANISMO: penetração por projéteis ou objetos, procurar orifício de saída. Não tocar ou mobilizar o objeto. Cirurgia.
-> Ainda há as feridas oncológicas: por tumores da pele ou metástases cutâneas.
-> Além dessas, a úlcera arterial: por isquemia, relacionada com a presença de doença arterial oclusiva, os sintomas incluem dor e perda tecidual.
-> Na mesma linha, a úlcera venosa: perdas locais de epiderme e de níveis variados de derme e tecido subcutâneo, derivadas de edema e outras sequelas relacionadas com dificuldades de retorno venoso.
-> As Feridas vasculogênicas: Pé diabético: ferida crônica dos pés, resultante de complicações da diabetes, como neuropatia diabética e doença vascular periférica. Ou seja, pode ocorrer diminuição da sensibilidade, deformidades, diminuição do fluxo arterial, que predispõem a ulceração dos pés.
-> Por último, as feridas causadas por úlcera por pressão, sendo, desta forma, por isquemia secundária a compressão, essa lesão tecidual localizada, também é denominada úlcera de decúbito.
E QUANTO A POSSIBILIDADE DE INFECÇÕES ASSOCIADAS?
Então, dependendo das características das feridas, podemos ter a possibilidade maior ou menor de infecção associada. Assim, podemos separar de acordo com as características de cada ferida, como, por exemplo:
-> Feridas limpas: não infectadas, livres de microrganismos patogênicos.
-> Limpas contaminadas: ocorrem em tecidos de baixa colonização, sem contaminação significativa prévia, ou durante o ato cirúrgico, lesões com tempo inferior a 6h entre o trauma e o atendimento inicial.
-> Contaminadas: Feridas acidentais recentes e abertas, colonizadas por flora bacteriana considerável; Cirúrgicas quando a técnica asséptica é desobedecida; feridas que o tempo de atendimento inicial foi superior a 6h.
VOCÊ SABE COMO É FEITA A LIMPEZA DAS FERIDAS?
A limpeza tem como objetivo eliminar tecidos mortos (necrosados), a carga bacteriana e o exsudato proveniente da ação do sistema imunológico do indivíduo. Ou seja, ela pode acontecer com irrigação aplicada com uma pressão que seja capaz de eliminar impurezas sem causar danos locais.
Já as feridas que estiverem com excesso de bactérias precisam ser limpas com solução surfactante ou antibióticos locais, de acordo com a colonização que o paciente apresenta.
E como se dá o processo fisiológico de cicatrização?
Após a lesão da pele ela inicia os processos que culminam na cicatrização. Esse, por sua vez, possui três fases, sendo elas:
-> inflamatória;
-> proliferativa e;
-> maturação.
Primeira fase: inflamatória:
Após a injúria tecidual ocorre a hemostase e a inflamação. Essa fase corresponde à tentativa de eliminar o dano e eliminar os agentes etiológicos, caso presentes, atuando na eliminação de tecido necrótico, parando o sangramento e eliminando fragmentos estranhos.
Fisiologicamente, há aumento da permeabilidade vascular, migração de células inflamatórias por meio de quimiotaxia, secreção de citocinas e fatores de crescimento na ferida que ativam a migração das células.
A injúria tecidual causa dano nos vasos sanguíneos, o que resulta na exposição do colágeno subendotelial às plaquetas e células sanguíneas que promovem a agregação plaquetária e de células sanguíneas, ativando a via de coagulação. Com o aumento da permeabilidade vascular e a eliminação de fatores de ativação, há a diapedese de neutrófilos para o sítio ativo da inflamação.
Finalizando esses processos, há o surgimento dos sinais clínicos da inflamação como rubor, edema, calor e a dor.
Segunda fase: proliferativa:
Posteriormente, após a resposta aguda da inflamação, é iniciado o processo de reparo tecidual, por meio da angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos), fibroplasia e epitelização.
Além disso, há formação de grânulos que consiste em leito capilar, fibroblastos (produz matriz extracelular), colágenos, macrófagos, fibronectina e ácido hialurônico. A reepitelização das feridas irá começar logo após a injúria. A ferida é fechada devido à coágulos e migração de células epiteliais.
Os queratinócitos, presentes na camada basal da epiderme, migram para a superfície da ferida. Assim, as fases da epitelização são: desapego, migração, proliferação, diferenciação e estratificação.
Terceira fase: maturação:
Para reduzir a quantidade de cicatriz desorganizada, a ferida realiza movimentos centrípetos ao redor da pele lesionada. Esse movimento é resultado da constrição física que reduz a função da região. Ou seja, para isso acontecer, os fibroblastos diminuem e os capilares regridem.
Dessa forma, a rede de colágenos atuante causa contração da ferida e aumenta a força, porém resulta em uma cicatriz frágil e menos elástica do que a pele em condições normais.