A visão faz parte dos 5 sentidos e auxilia o corpo na percepção do espaço, detecção de movimento, objeto e cor.

Tudo que enxergamos é luz, conseguimos fazer isso através do nosso córtex visual, e não do olho. O olho é apenas o órgão que capta a luz e transforma em substâncias químicas para posteriormente virar potencial elétrico que será interpretado no córtex visual.

O olho

Ilustração: Olho e o trajeto da informação visual

Ao chegar no olho, a luz sofre refração passando pela córnea, cristalino, humor vítreo até chegar à retina.

O cristalino funciona como uma lente de câmera, se movimenta para atingir a refração ideal para visualização de determinado objeto, ou seja, objetos mais distantes precisam de uma acomodação diferente do cristalino que objetos mais próximos.

A retina é a estrutura encarregada de captar da luz para enviar para o cérebro.

Processamento da visão I

Na retina existem células fundamentais para visão acontecer, são as células fotorreceptoras: cones e bastonetes, responsáveis pela transformação das ondas luminosas em informação química. Os cones ficam unidos em uma região chamada fóvea, determinando a acuidade visual, e na região extrafoveal temos a presença dos bastonetes.

BASTONETES: determinam a visão em ambientes
mais escuros, de noite. Para o escuro ser reconhecido
pelo córtex visual, é importante que os bastonetes estejam agindo.

CONES: determinam a visão mais de dia, com
maior resolução e com cores. Porque na própria
conformação da retina, a fóvea esta disposta
no ângulo ideal para melhor chegada de luz. São divididos
em 3 tipos de acordo com a sensibilidade da percepção da cor
(S- sensível a azul, M – sensível a verde, L- sensível a vermelho),
a combinação do tipo de cone ativado promoverá a variedade
de cores vistas.

Esses fotorreceptores possuem uma parte deles em uma região extremamente pigmentada da retina, ela tem a função de reter luz, já que é nessa área que os canais iônicos responsáveis pelo potencial de ação se localizam.

Imagem ilustrativa: anatomofisiologia da visão

Além dos fotorreceptores, existe também células bipolares e ganglionares, que se comunicam e originam o nervo óptico.

Fototransdução

Os bastonetes possuem a proteína rodopsina e os cones possuem a proteína iodoopsina, essas proteínas se decompõem pela exposição à luz, excitando as fibras do nervo óptico.

*Obs: a rodopsina e iodoopsina possuem o mesmo processo de transdução (que será descrito abaixo), a diferença é que a iodoopsina determina as cores.

A rodopsina é composta pela junção da opsina com a cis-retinal. Ao receber luz acontece um dissociação entre essas substâncias. Com isso, a rodopsina sem retinal vira metarodopsina2, que irá ativar a transducina (uma proteína G) na membrana do fotorreceptor, que por sua vez, ativa a enzima fosfodiesterase, convertendo, então, GMPcíclico em GMP. Ao diminuir a concentração de GMPc, os canais de sódio se fecham, logo, o potencial elétrico do fotorreceptor na luz é hiperpolarizante. Sendo assim, NÃO há liberação de glutamato, fazendo com que a célula bipolar gere potencial de ação para a célula ganglionar.

Já no escuro, como não há conversão de GMPc, ela está em grande quantidade no interior do fotorreceptor, isso mantém os canais de sódio abertos e o fotorreceptor despolarizado. A despolarização abre canais de cálcio desencadeando a liberação do glutamato para células bipolares, não gerando potencial de ação.

Porém existem 2 tipos de células bipolares: célula bipolar ON, descrita acima (gera potencial quando não recebe glutamato); e célula bipolar OFF, que forma potencial de ação recebendo glutamato.

CÉLULA BIPOLAR ON: forma potenciais na ausência de glutamato.
-Não recebe glutamato de dia (pela degradação da rodopsina).
-O seu estado normal é despolarizado (possuem canais
de sódio e cálcio que permite a célula ficar despolarizando).
-No momento que chega glutamato nessa célula, ela
hiperpolariza (no escuro).

CÉLULA BIPOLAR OFF: forma potencias na presença de glutamato.
-Recebe glutamato quando está escuro por receptores AMPA-cainato
-O seu estado normal é o hiperpolarizado.
-São mais ativadas em caso de breu completo, ou situações de escuro onde só é possível ver contornos.

As células ganglionares recebem sinapses das células bipolares (bipolar ON com ganglionar ON, bipolar OFF com ganglionar OFF), elas originam o nervo óptico. Além disso, possuem uma função especial de iniciar a definição de contrastes das cores, isso ocorre de acordo com qual tipo de cone que ela está se comunicando, então, a análise de cor começa na retina, não sendo inteiramente função do cérebro.

Ademais, há a presença de interneurônios (células amácrinas e células horizontais), elas modulam as sinapses através de GABA ou glicina.

Processamento da visão II

O Nervo óptico (II par de nervo craniano) possuem 2 tipos fibras que saem da retina: fibras nasais e fibras temporais.

As fibras nasais cruzam no quiasma óptico antes de chegar ao núcleo geniculado a fim de alcançar o hemisfério oposto (fibra nasal do olho esquerdo cruza para o hemisfério direito, fibra nasal do olho direito cruza para hemisfério esquerdo). Enquanto as fibras temporais seguem um sentido até o núcleo (fibra temporal do olho esquerdo chega no hemisfério esquerdo, fibra temporal do olho direito chega no hemisfério direito). Isso ocorre para ampliar o campo visual, fazendo com que os dois hemisférios do cérebro recebam sinais de ambos os olhos.

O trato óptico chega até o núcleo geniculado lateral, que enviará para o córtex visual primário. Esse núcleo fica a nível talâmico, processando informações e fusionando a visão para que o córtex não interprete os lados de maneira segregada.

Finalmente ao chegar no córtex visual, se enxergará a imagem. O córtex é subdividido em áreas que determinam distância, profundidade espacial, cor, forma, traços e movimentos.

Imagem ilustrativa áreas corticais – Córtex visual