Introdução:

O exame de gasometria arterial avalia alguns parâmetros do sangue arterial, como o pH, pCO2, pO2, Bicarbonato (HCO3-) e o excesso de base no sangue, denominado Base Excess. A partir desses parâmetros, é possível avaliar o pH sanguíneo e determinar possíveis alterações ou distúrbios respiratórios ou metabólicos denominados alcaloses ou acidoses.

paO2:

A pressão de oxigênio no sangue arterial deve ser mantida entre 80 e 100 mmHg. Dessa forma, valores de paO2 acima de 100 mmHg podem ser considerados como hiperoxia, enquanto valores de paO2 menores do que 80 mmHg são considerados hipóxia, determinando que o tecido pode estar entrando em sofrimento por falta de oxigênio, o que pode levar a isquemia e consequente necrose tecidual.

pH Sanguíneo:

O pH sanguíneo deve se encontrar com valores entre 7,35 e 7,45. Valores acima de 7,45 são indicativos de alcalose, enquanto valores abaixo de 7,35 representam quadro de acidose. Quando encontramos alteração do valor de pH, isso significa que há um distúrbio e que não há compensação eficiente pelo sistema tampão. Desta forma, devemos observar os valores de paCO2 e de Bicarbonato, que podem determinar que há um distúrbio respiratório ou metabólico, respectivamente.

paCO2:

A pressão de gás carbônico na corrente sanguínea deve variar entre 35 e 45 mmHg. Alterações na paCO2 são indicativas de alterações de sistema respiratório. Como o excesso de gás carbônico é responsável pela formação de ácido carbônico, como visto na nossa vídeo aula de sistema tampão, o excesso de gás carbônico na corrente sanguínea, ou seja, uma paCO2 acima de 45 mmHg é indicativa de acidose respiratória, comum em pacientes com distúrbio pulmonar obstrutivo crônico (DPOC), que são retentores de CO2 por estarem constantemente hiper-insulflados. Já quando o indivíduo apresenta uma baixa paCO2, com valores abaixo de 35 mmHg, podemos dizer que ele apresenta uma alcalose respiratória, pois se encontra hiperventilando e jogando muito gás carbônico fora durante o processo de expiração.

HCO3- (Bicarbonato):

As concentrações de bicarbonato na corrente sanguínea são reguladas pelo sistema metabólico, mais especificamente pelos rins. Durante a filtração glomerular, os néfrons são os responsáveis pelo processo de reabsorção e armazenamento do mesmo.

A concentração de bicarbonato na corrente sanguínea deve variar entre 22 e 26. Como o bicarbonato é básico, podemos afirmar que uma elevação na concentração sanguínea de bicarbonato representa uma alcalose metabólica, enquanto diminuição na concentração sanguínea de bicarbonato representa uma acidose metabólica.

Base Excess:

Quando avaliamos o pH sanguíneo em uma gasometria arterial, muitas vezes percebemos um pH sanguíneo dentro dos parâmetros de normalidade, porém, valores alterados de bicarbonato e paCO2. Isso acontece pois acidoses podem ser compensadas por alcaloses, e vice versa. Desta forma, para conseguirmos determinar a origem do problema, ou seja, quem é alterado e quem é resultado de compensação, devemos olhar os valores do Base Excess, que representam os excessos de base na corrente sanguínea.

Como os excessos de base na corrente sanguínea são regulados pelo sistema metabólico, podemos afirmar que quando há alteração nos valores de Base Excess na corrente sanguínea, o problema primário é metabólico, porém, se seus valores estiverem dentro da faixa de normalidade (-2 a +2), podemos afirmar que o problema de origem é respiratório e está havendo uma compensação metabólica.

Conclusão:

Desta forma, a partir do conhecimento dos valores de referência das variáveis estudadas no exame de gasometria arterial, podemos avaliar problemas relacionados com a oxigenação tecidual, assim como avaliar alterações de pH sanguíneo, além de determinar a origem do problema, como respiratório ou metabólico.