Imagem ilustrativa de imunodeficiência

VOCÊ SABE O QUE É IMUNODEFICIÊNCIA?

A imunodeficiência é uma falha no sistema imunológico do indivíduo que, em situações de normalidade, age como uma barreira de proteção contra agentes patológicos ou qualquer outra anomalia que interfira na homeostase do organismo.

Pacientes podem ser imunossuprimidos por problemas fisiológicos ou por drogas imunossupressoras utilizadas, principalmente, após transplantes. Nessa mesma linha, esses indivíduos estão sujeitos a infecções oportunistas e ainda doenças autoimunes, devido à falha na produção de linfócitos T reguladores. 

De forma resumida, as imunodeficiências são classificadas em: 

-> Primária, quando a imunodeficiência não tem uma outra causa, ou seja, ela é a doença ou alteração base e tem origem genética;

-> Congênita, quando o indivíduo já nasce com alteração deficitária imunológica, podendo ou não ser hereditária;

-> Secundária, quando a imunodeficiência é secundária a um problema primário, como, por exemplo, a apresentada em pacientes após transplante de órgãos e que, desta forma, necessitam de um tempo para ganho ou recuperação do sistema imune.  

Em suma, geralmente sua etiologia consiste em câncer metastático, desnutrição, infecções nas células do sistema imune (HIV, por exemplo). 

Por outro lado, devemos atentar para que o maior risco enfrentado por pacientes imunossuprimidos é a maior suscetibilidade às doenças oportunistas. Além disso, o paciente tende a desenvolver câncer como HPV ou EBV.

Vamos entender a diferença entre a imunodeficiência primária e secundária

Anote aí!!!

-> Quadros de imunodeficiência Primária: 

Sua origem ou etiologia é genética. Nesses casos, há deficiência de células B e T. Os níveis da proteína Ig sérica são baixos e há ausência de folículos e centros germinativos nos órgãos linfóides. Além disso, pode haver zonas de célula T reduzidas nos órgãos linfóides.

-> Manifestações de imunodeficiência Secundária: 

Os casos de imunodeficiência secundária são adquiridas ao longo da vida. Pode se  originar, por exemplo, devido à infecção pelo HIV, tratamento por radiação ou quimioterapias, imunossupressão após transplantes, câncer de medula óssea, nutrição proteica deficiente e remoção do fígado (reduz a fagocitose de microrganismos).

Nesse texto iremos abordar com mais detalhes a imunodeficiência primária. 

O tipo mais comum dessa imunodeficiência é aquele gerado a partir da deficiência dos anticorpos, sendo que a deficiência seletiva de IgA é a mais comum de se encontrar entre todas.  

Não tão comum como a seletiva de IgA, a agamaglobulinemia ligada ao X também é diagnosticada com mais frequência. Seu defeito é no gene responsável pela maturação dos linfócitos B. 

Porém, há outras formas de imunodeficiências, como, por exemplo:

-> Em primeiro lugar,  as deficiências celulares;

-> Em segundo lugar, as deficiências de células fagocíticas;

-> Já em terceiro lugar, as  deficiências no sistema complemento;

-> Posteriormente, as deficiências combinadas de anticorpos e;

-> Na sequência, as deficiências de células produtoras de anticorpos. 

A mais comum de se encontrar é a imunodeficiência primária ocasionada pela mutação presente no cromossomo autossômico e mutações dos genes do cromossomo X.

QUADROS DE IMUNODEFICIÊNCIAS EM ANTICORPOS

O diagnóstico mais comum é de agamaglobulinemia ligada ao X, geralmente encontrada em crianças do sexo masculino e aparecem entre 5 e 9 meses de idade. Nesse período a criança passa a substituir os anticorpos maternos pelos anticorpos do próprio organismo. 

Na sequência, essa doença possui ausência ou mutações de um gene que codifica um tipo de tirosina quinase importante no processo de diferenciação e ativação celular. Com isso, portanto, o linfócito B é incapaz de atingir a maturidade necessária para realizar suas funções orgânicas. 

As principais características encontradas são: 

-> Baixa contagem de linfócitos B;

-> Redução de anticorpos;

-> Inexistência de plasmócitos e;

-> Defeito no amadurecimento dos linfócitos. 

Nessa mesma linha, como os linfócitos B são responsáveis por apresentar antígenos para os linfócitos T, eles possuem problemas para atuarem, pois os linfócitos B não são capazes de atuar como APC e completar a defesa do organismo. Geralmente, ocorre por defeito no ponto de controle do receptor pré-B e por mutação do gene BTK.

Ainda há a deficiência seletiva de IgA como diagnóstico bem presente nas clínicas. 

A princípio os linfócitos B secretam o IgM que caracteriza a fase aguda de alguma infecção. O IgM surge após a interação entre linfócitos B e linfócitos T auxiliares que, a partir disso, irão liberar citocinas responsáveis pela liberação de IgA, IgG ou IgE.

Quando existe a deficiência seletiva de IgA, há manutenção da síntese de IgM e IgG, porém haverá redução da produção de IgA1 e IgA2 tanto de forma secretora quanto na forma sérica. Geralmente, essa deficiência acomete o gente TACI.

CASOS DE IMUNODEFICIÊNCIAS DAS VIAS DE COMPLEMENTO

Algumas deficiências se destacam como o caso do inibidor de C1 que dá origem a doença angioedema hereditária. Essa doença causa uma inflamação generalizada e edema de mucosa. 

Em contrapartida, outro tipo é o defeito do gene C2, que predispõe o paciente à lúpus eritematoso sistêmico. Na mesma linha, deficiências nos genes C5, C6 ou C8 também causam predisposição para lúpus eritematoso sistêmico e as infecções típicas são: meningite e gonorréia.

MANIFESTAÇÃO DE IMUNODEFICIÊNCIAS DOS LINFÓCITOS T

O principal gene afetado é o gene AIRE. Esse gene se encontra nas células apresentadoras de antígenos (APC) que se encontram no timo, mais especificamente na tolerância central. 

A mutação desse gene afeta o reconhecimento dos antígenos, fazendo com que os antígenos próprios sejam reconhecidos como danosos. Esse gene codifica um receptor específico de membrana das células dendríticas, responsável pelo reconhecimento dos antígenos próprios.

O AIRE1 trabalha na seleção negativa de linfócitos T autorreativos. Sem essa função há o surgimento das imunodeficiências como a autoimunidade. Geralmente os sintomas aparecem antes dos 20 anos e surge como problemas comuns como a candidíase mucocutânea crônica e a hipoparatireoidismo. 

Ainda, há algumas manifestações acerca de órgãos endócrinos, como as gônodas, as células betapancreáticas e as parietais gástricas.

AS IMUNODEFICIÊNCIAS COMBINADAS GRAVES

O diagnóstico mais marcante é da imunodeficiência combinada severa ligada ao X (SCID-X). Há deficiência nas respostas imunes celulares e na humoral. O desenvolvimento tímico é bloqueado por um defeito de precursores de linfócitos T, o que gera ausência desses linfócitos.

Como o defeito é no cromossomo sexual X ela pode desencadear um amadurecimento defeituoso dos linfócitos T e das células NK. Essa doença gera agravo das doenças oportunistas como candidíase, varicela, sarampo e pneumonias. 

O tratamento atual para essa doença é o transplante de medula óssea HLA-compatível ou haploidêntico (o conjunto de genes do MHC são idênticos).

IMUNODEFICIÊNCIAS DE CÉLULAS FAGOCITÁRIAS

As células responsáveis pela fagocitose são ferramentas indispensáveis no sistema imune dos indivíduos. Defeitos em genes como a subunidade B de CD18 causam deficiência na adesão dos leucócitos e, geralmente, estão associados com as infecções por bactérias piogênicas. 

Outro gene importante que pode ser afetado é o MEVF que causa o distúrbio da febre familiar do mediterrâneo e, geralmente, não está associado a nenhuma infecção típica.

E aí, pegou o conteúdo?