Neste post vamos estudar os linfomas, mas especialmente um de seus subtipos, denominado Linfoma de Hodgkink.

Imagem ilustrativa dos linfomas de Hodgkin em diferentes regiões

E aí, você conhece o linfoma de Hodgkin?

A literatura sugere que os linfomas são proliferações celulares que surgem no formato de uma massa celular bem discreta, como por exemplo dentro de linfonodos e do baço. Os linfomas podem evoluir para leucemias, devido à supressão da hematopoese normal.

A maioria das neoplasias linfóides possuem como origem os linfócitos B e a outra parcela, minoritária, de linfócitos T. Há também as neoplasias raras que possuem origem histiocítica ou de linfócitos NK.

Essa neoplasia pode acarretar em disfunções imunológicas, uma vez que rompem com o mecanismo regulatório do sistema imune. 

É importante salientar que o rearranjo dos genes dos linfonodos acontece antes da sua transformação. Dessa forma, as células-filhas irão possuir o mesmo genoma e a mesma sequência para os receptores de antígenos, além de produzirem as mesmas proteínas, sendo elas imunoglobulinas ou receptores de linfócitos T.

Em contrapartida, as respostas imunes do organismo são policlonais em situações de homeostase. Logo, ao analisar a clonalidade da população linfocitária é possível distinguir proliferações reativas e proliferações  neoplásicas.

VAMOS ENTENDER COMO OS LINFÓCITOS B SÃO DIFERENCIADOS

Na medula há células conhecidas como hemocitoblastos que dão origem a outras células progenitoras: linfóide e mielóide. As progenitoras linfóides dão origem  aos linfócitos B e T, sendo eles virgem e imaturo, respectivamente.

Ao sair da medula, ele irá para a circulação sanguínea em direção ao linfonodo para sua diferenciação em linfócito de memória ou plasmócitos que são responsáveis pela produção de anticorpos.

Quanto a morfologia dos linfonodos, pode ser resumida em três regiões: em primeiro lugar, temos a medula, já em segundo lugar, a zona paracortical (rica em linfócitos T) e centro germinativo na região cortical. Mas há também, ao redor do centro germinativo, o manto rico em linfócitos T. 

Entendendo o processo:

Os linfócitos chegam aos linfonodos através da vênula endotelial alta. Ao passar por essa vênula o linfócito B virgem pode sofrer dois processos: afinidade com o antígeno e segue para a diferenciação ou a apoptose. Logo depois desse processo, a célula segue para a fase de ativação, a qual se liga ao antígeno apresentado pela célula reticular e segue para o folículo secundário (zona do manto mais o centro germinativo).

Em seguida, esse linfócito com o antígeno entra em contato com os linfócitos TCD4+ virgens, assim esses linfócitos serão estimulados. Ao passar por esses processos, o linfócito B irá entrar no centro germinativo e será chamado de centroblasto, o que faz com que ele consiga se proliferar em grande escala.

Imagem diferenciando um gânglio linfático normal de um inflamado (Entendendo o processo)

Além disso, há também a hipermutação somática, a qual confere ao centroblasto grande capacidade de se proliferar com variedades antígenas.  

Para finalizar, os centroblastos seguem para a zona clara do centro germinativo, onde é possível encontrar células dendríticas foliculares que irão apresentar antígenos para selecionar os centroblastos.

Assim, os que possuem muita afinidade com os antígenos irão para próxima etapa e os que possuem baixa afinidade sofrerão apoptose. Logo, passam a ser chamados de centrócitos e seguem para serem diferenciados em células de memória ou plasmócitos. 

LINFOMA DE HODGKIN

O linfoma de Hodgkin surge quando o linfócito B sofre uma hipermutação somática no centro germinativo, através de um erro em sua formação, o que originará uma célula neoplásica (célula de Reed-Sternberg). Essa célula possui características típicas dessa doença, caracterizando o diagnóstico. 

Esse tipo de linfoma possui um crescimento lento e pode afetar os linfonodos por meio de seu crescimento por contiguidade, sem comprometimento de órgão extralinfonodal. 

O linfoma de Hodgkin é subdividido em clássico (EBV) ou com predominância de linfócitos (ausência de EBV)

E quanto a etiopatogenia, você conhece

Anote aí referente a etiopatogenia:

Estudos sugerem o envolvimento do EBV na mutação dessas células. O EBV pode estar presente nas células de Reed-Sternberg.

A patogenia dessa neoplasia possui três vias: NF-KapaB, Jak-Stat e p53, sendo as duas primeiras responsáveis pela inflamação e a última na supressão de tumores.

As células responsáveis pelo linfoma de Hodgkin irão estimular os eosinófilos, macrófagos e os linfócitos.

Acontece que, as células de Reed-Sternberg ficam circundadas por essas células, fazendo com que sejam atraídas cada vez mais células do sistema imune, o que resulta em necrose e fibrose tecidual.  

Processo de infecção por EBV:

No processo infeccioso causado pelo EBV, o genoma viral é incorporado na célula, o que altera a via NF-KapaB (fator de ativação) e a expressão da proteína LPM-1.

Fluxograma do processo de infecção

 A via NF-kB ativa a inflamação por produção de citocinas, quimiocinas, moléculas de adesão, regula a proliferação celular, a apoptose, a diferenciação e a morfogênese.

Linfoma de Hodgkin do tipo esclerose nodular

Sua predisposição é de se desenvolver nos linfonodos cervicais inferiores, mediastinais e subclaviculares. A célula RS possui uma variante conhecida como célula lacunar, a qual caracteriza esse tipo de LH.

Seu núcleo é único, porém grande e multibulado, seus nucléolos são múltiplos e pequenos, seu citoplasma é pálido e é encontrado com abundância. A fibrose nesse caso pode ser abundante ou escassa.

Desta forma, o infiltrado apresenta diversas proporções de linfócitos, eosinófilos, células lacunares e histiócitos. 

Linfoma de Hodgkin do tipo rico em linfócitos

Suas características histológicas são, por exemplo:

-> Proliferação nodular ou difusa de linfócitos em tamanho pequeno e;

-> Células RS clássicas, com imunofenotipagem CD15 positiva.  

Linfoma de Hodgkin do tipo predominância de linfócitos

Não é clássico. Apresenta variante da célula RS (linfo-histiocítica ou célula em pipoca), seu núcleo é multilobulado. É comum encontrar variantes em nódulos grandes que possuem linfócitos B pequenos em repouso misturados com vários macrófagos. Esse tipo de linfoma possui imunofenotipagem negativa para CD15 e CD30.

Além disso, é comum observar que pacientes com essa doença desenvolvem linfadenopatia cervical axilar ou isolada. No leucograma, é possível observar eosinófilos, neutrófilos e plasmócitos ausentes ou baixos. 

Linfoma de Hodgkin do tipo mista

São observadas nesse tipo de linfoma as células clássicas e as células de Hodgkin, semelhante a Célula de Reed-Sternberg, porém seu núcleo é mononuclear.

Esse tipo de LH pode estar relacionado ao EBV, e, histologicamente, o tecido apresenta essas células numerosas em meio a um infiltrado inflamatório heterogêneo contendo linfócitos pequenos, eosinófilos, plasmócitos e macrófagos. Certamente, esse subtipo também pode apresentar mais tendência à disseminação e está associado a manifestações sistêmicas. Comum em pessoas com idade acima de 50 anos.

Para finalizar vamos compreender as características clínicas apresentadas por pacientes acometidos por esse linfoma

Compreendendo um dos locais de predominância no aparecimento dos linfomas do tipo Hodgkin.

Como resultado, os linfonodos acometidos, geralmente os cervicais, apresentam aumento da consistência à palpação, não apresenta dor ou apresenta apenas um leve incômodo, sua mobilidade é bem reduzida, o seu volume aumenta de forma progressiva mas, na maioria dos casos, é lenta.

Consequentemente, o paciente apresenta sintomas B, sendo eles: febre, sudorese noturna em excesso, perda de peso intensa e de forma rápida. De acordo com algumas literaturas, pode-se encontrar no prurido manifestações B.

Dicas de estudo:

Link: https://proffelipebarros.com.br/tratamento-da-coluna-lombar/

Posteriormente: https://proffelipebarros.com.br/linfoma-nao-hodgkin/

Ainda: https://proffelipebarros.com.br/sindrome-de-guillain-barre/