ENTENDENDO ESSA DOENÇA, COMO SE MANIFESTA O MIELOMA MÚLTIPLO:

O mieloma múltiplo é considerado uma neoplasia de células plasmáticas, sendo a mais importante neoplasia de plasmócitos. Essa doença resulta da proliferação, progressiva e incontrolada de plasmócitos e aparenta ter uma origem multicêntrica dentro dos ossos.

Plasmócitos:

Devemos nos atentar ao fato de que os plasmócitos são células B diferenciadas, caracterizadas por serem anormais e monoclonais.

Esse tipo celular apresenta uma única célula de origem, sendo ela maligna que, através da mitose descontrolada, espalha-se pelo organismo. Ela é uma doença incurável e atinge seu pico em, principalmente, pacientes acima dos 65 a 70 anos de idade, sendo marcada por lesões ósseas destrutivas e multifocais.

VAMOS CONHECER OS FATORES DE RISCO PARA O MIELOMA MÚLTIPLO?

Ao estudarmos os mielomas múltiplos, podemos nos deparar com alguns fatores de risco que podem predispor ao aparecimento dos mielomas, bem como suas manifestações clínicas mais brandas ou agudas, como, por exemplo:

ANOTE AÍ:

  • Idade;
  • Gênero: mais comum em homens;
  • Raça: mais comum em negros;
  • Infecções virais: HIV, herpes vírus 8 e hepatite C;
  • Dieta: reduzido ou ausência da ingestão de frutas;
  • Obesidade;
  • Histórico familiar;
  • Radiação ionizante.

AGORA, VAMOS FALAR UM POUCO DA SUA PATOGÊNESE DE FORMA MAIS SIMPLES?

Após a mitose da célula neoplásica, há a formação de células “filhas” com o mesmo genoma que a célula precursora, ou seja, elas produzem as mesmas proteínas componentes da imunoglobulina que o plasmócito deveria produzir naturalmente, porém, elas possuem mutações e são consideradas sem funções.

Em contrapartida, os genes da imunoglobulina indicam a hipermutação somática, o que, de forma simples, significa que a célula teve origem no linfócito B de pós-centro germinativo e que foi capaz de migrar para a medula e se diferenciar em plasmócito.

Além disso, para que haja sua sobrevivência e também sua proliferação, é essencial a participação de células tumorais e citocinas das células estromais, principalmente IL-6. 

E quanto as sinais e sintomas, ou seja, manifestações clínicas?

Manifestações clínicas:

Os sinais clínicos e os sintomas dos pacientes ocorrem em consequência da proliferação descontrolada e da produção excessiva e descontrolada de proteínas (nomeadas de proteína M ou proteína mieloma) e seus produtos.

A proteína monoclonal é formada por dois polipeptídios de cadeia pesada da mesma classe (IgA, IgG, IoM , IgD ou IgE) e um dos dois polipeptídios de cadeia leve da mesma classe (k e A). 

Enquanto isso, a interleucina 6, responsável pela sustentação dos plasmócitos neoplásicos, são produzidas por fibroblastos e macrófagos no estroma da medula óssea. Desta forma, as células do mieloma múltiplo irão se aderir às células do estroma da medula óssea e à matriz extracelular por meio de diversas moléculas de adesão.

E o que podemos tirar de conclusão de tantas informações?

Em conclusão, há a inibição da apoptose das células cancerígenas, o que estimula a liberação de citocinas, resultando na proliferação do mieloma múltiplo.

Logo, os fatores produzidos pelas células tumorais, como, por exemplo, o MIPIalfa, que promove a produção de células estromais do ativador do receptor ligante RANKL, são responsáveis por promover a ativação de osteoclastos e à inativação de osteoblastos.

Osteoclastos X Osteoblastos

Tal fato resulta na reabsorção óssea com hipercalcemia e fraturas patológicas, caracterizadas por lesões na cadeia medular que promovem erosão do osso esponjoso e, posteriormente, no osso cortical.

E os anticorpos, onde entram nesse processo?

Os anticorpos compostos por duas partes, sendo a primeira a classificada como de cadeias pesadas e a segunda como de cadeias leves.

Vamos entender a patogênese das cadeias leves.

A progressão do mieloma condiz com a produção de mais cadeias leves do que de cadeias pesadas, desta forma, a gravidade da doença pode ser medida através do comprimentos das cadeias leves, ou seja, quanto mais alto for o comprimento das cadeias leves, mais grave será a doença.

Enquanto isso, para detecção de proteínas anormais, utiliza-se hemograma ou teste de urina, como, por exemplo: eletroforese e imunofixação de proteínas séricas e urinárias, além da detecção de cadeias leves livre no soro ou na urina.

PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DO MIELOMA MÚLTIPLO

O mieloma múltiplo pode gerar consequências diversas em vários órgãos ou sistemas do corpo humano, sendo as mais conhecidas e, consequentemente, mais predominantes:

  • Insuficiência renal: oriunda da sobrecarga dos rins com excesso de proteínas de cadeia leve;
  • Anemia: resultado da substituição da medula e da inibição de hematopoese pelas células tumorais que se alojam em quase toda a medula;
  • Infecções recorrentes: problemas clínicos que resultam da supressão grave da secreção de imunoglobulinas normais. Assim, o paciente encontra-se imunossuprimido.
  • Depósito de amilóide: presente em 15% dos pacientes. Ocorre em tecidos moles e pode indicar a fase inicial da doença. Consiste no acúmulo anormal de proteínas de cadeias leves em locais como boca, língua e pele periocular. A lesão apresenta placas pálidas e firmes.
  • Fadiga: consequência da anemia;
  • Febre: neutropenia;
  • Calcificações metastáticas: hipercalcemia.

E COMO É FEITO O TRATAMENTO?

Tratamento:

Como não há cura da doença, realiza-se procedimentos para que ela seja controlada e cause menos danos e dores ao paciente. Assim, é realizado o controle da malignidade dos indivíduos, aumentando sua sobrevida.

Dessa forma, assim que necessário, inicia-se a quimioterapia associada à prednisona.

Em contrapartida, quando há presença de lesões muito avançadas, é necessário o uso de quimioterapia agressiva.

O transplante de medula óssea é indicado para aqueles pacientes que apresentam uma idade inferior aos 55 anos, devido ao risco cirúrgico e pós-cirúrgico que é enfrentado.

Infelizmente, o prognóstico dessa doença é precário, caracterizado por uma sobrevida de mais ou menos 3 anos. 

Agora, uma triste curiosidade para vocês:

Caso clínico:

Foi esta doença, o mieloma múltiplo, que em 04 de Agosto de 2017, na madrugada de uma sexta feira, levou a óbito o cantor e compositor Luiz Melodia.

Ele chegou a fazer o transplante mas não respondeu muito bem ao tratamento com quimioterapia e veio a óbito em decorrência de complicações da doença.

E QUANTO AS SUAS VARIANTES?

Então, o mieloma múltiplo pode ainda apresentar dois principais tipos de variantes que se manifestam, clinicamente, de formas distintas, sendo:

Os Mielomas solitários ou plasmocitomas derivam da elevação da proteína M sérica ou urinárias. Em suma, correspondem a lesões ósseas solitárias que progridem para o mieloma múltiplo , sendo sua progressão bem lenta (pode chegar a demorar 20 anos). Em contrapartida, as lesões extra ósseas se manifestam, comumente, nos pulmões, seios nasais e orofaringe.

Por outro lado, o mieloma indolente é aquele considerado o intermediário entre mieloma múltiplo e gamopatia monoclonal de significado indeterminado (GMSI). Nestes casos, os plasmócitos correspondem de 10% a 30% da medula óssea e a proteína M sérica é maior do que 3 g/dL, sendo os pacientes assintomáticos.