Propriocepção X Exercícios proprioceptivos

Introdução:

Neste post, abordaremos os conceitos básicos de propriocepção e a diferença entre a propriocepção propriamente dita dos exercícios proprioceptivos, normalmente prescritos e acompanhados por fisioterapeutas e por profissionais de educação física.

Conceito de propriocepção:

Diferente do que se pensa inicialmente, a propriocepção não é um tipo de exercício, mas sim uma capacidade ou sensibilidade intrínseca do indivíduo de perceber o corpo no espaço e também, de perceber as movimentações segmentares do corpo no espaço.

Desta forma, podemos descrever a propriocepção como: “capacidade de perceber o corpo no espaço (percepção espaço-temporal) e capacidade de perceber as movimentações e posições dos segmentos corporais no espaço, independentemente da visão”.

Para que tenhamos essa capacidade, necessitamos de receptores (mecanoceptores) articulares que despolarizam aos movimentos articulares, ou seja, são sensíveis aos movimentos articulares, mandando, desta forma, informações ao córtex cerebral, através da via cordonal posterior, informações referentes a percepção espaço temporal.

Quando pensamos na capacidade proprioceptiva, podemos dividir a propriocepção em dois tipos de sensibilidade, que juntas compõem a nossa capacidade de percepção espaço temporal, sendo elas:

  • Artrestesia: Capacidade de perceber o posicionamento dos segmentos corporais no espaço, independentemente da visão;
  • Cinestesia: Capacidade de perceber movimentos segmentares no espaço, independentemente da visão.

Tripé da estática:

Quando pensamos na capacidade de nos mantermos em posição ortostática (em pé), devemos considerar três sistemas que nos dão a capacidade de permanecer em pé e equilibrados na posição. Essa capacidade é formada então pelos seguintes sistemas:

  • Visão: Maior dos sentidos especiais, responsável pela orientação espaço temporal e a relação do corpo com o espaço e os objetos e obstáculos nele presentes;
  • Sistema vestibular: Responsável por dar orientação da posição da cabeça no espaço bem como seus movimentos através da comunicação do nervo vestíbulo-coclear com o tálamo e posteriormente, neurônios de projeção talâmicos com o córtex temporal;
  • Propriocepção: Capacidade de perceber o corpo no espaço e os movimentos segmentares do mesmo no espaço, independentemente da visão.

Avaliação da propriocepção:

Para avaliar a capacidade proprioceptiva de um indivíduo, deve-se levar em consideração o tripé da estática. Desta forma, avaliamos a propriocepção através de um teste denominado “teste de romberg”, onde o indivíduo se posiciona em pé, com os membros superiores colados ao corpo, membros inferiores juntos e alinhados, e o teste se inicia ao pedirmos para que o mesmo feche os olhos, tirando, desta forma, um dos pés do tripé da estática.

Resultados:

É normal que ao retirar a visão (fechar os olhos), o indivíduo oscile um pouco, porém não deve haver perda de equilíbrio a ponto de haver deslocamento ou queda. Caso haja, devemos avaliar se a falha é vestibular ou proprioceptiva.

  • Deficiência vestibular: em caso de alteração vestibular, ao fechar os olhos o indivíduo vai ter perda de equilíbrio sempre para o mesmo lado quando repetido o teste. Desta forma, podemos afirmar que a falha é vestibular e contra-lateral ao lado da queda ou desequilíbrio;
  • Deficiência proprioceptiva: em caso de deficiência proprioceptiva, ao fechar os olhos o indivíduo vai apresentar desequilíbrio ou queda para qualquer dos lados, pois a deficiência proprioceptiva juntamente com a ausência da visão, faz com que o indivíduo perca completamente a percepção do corpo no espaço.

Observação: O teste de romberg só pode ser considerado iniciado quando em posição o indivíduo fecha os olhos. Se colocado com os pés juntos e mesmo de olhos abertos o indivíduo não consegue se manter em pé por perda de equilíbrio, a alteração é cerebelar e testes específicos para disfunção cerebelar devem ser realizados.

Exercícios proprioceptivos:

Exercícios proprioceptivos são os exercícios que estimulam o sistema de colunas dorsais através do estímulo dos mecanoceptores articulares. Desta forma, para que haja estímulo e ganho de propriocepção, deve-se estimular as articulações através de exercícios que gerem instabilidade.

Vários são os exercícios que geram instabilidade, e quanto maior a instabilidade, maior a excitabilidade dos mecanoceptores e consequentemente, maior o estímulo a uma resposta proprioceptiva.