Segmentos broncopulmonares e drenagem postural

Vamos estudar, neste post, os segmentos broncopulmonares e a importância deste conhecimento teórico para a aplicabilidade prática das técnicas de drenagem pulmonar postural.

Você conhece os segmentos broncopulmonares e a drenagem postural?

Quando pensamos nas técnicas de drenagem pulmonar postural, as mesmas consistem em posicionar o paciente de forma a favorecer o escoamento das secreções de áreas pulmonares específicas, normalmente mais distais e localizadas, em direção a regiões mais centrais da árvore brônquica.

Como resultado, esta técnica tem por objetivo fazer com que as secreções possam ser facilmente eliminadas, espontaneamente, através da tosse ou até mesmo por uma técnica de aspiração, porém, após a aplicação da técnica, de forma facilitada. 

E você sabe de onde se baseiam os estudos de drenagem postural baseados nos conhecimentos dos segmentos broncopulmonares?

A principal fundamentação teórica da drenagem pulmonar postural é baseada no princípio físico da ação da gravidade.

Consequentemente, através do conhecimento das estruturas anatômicas e suas posições no sistema respiratório, podemos eleger a melhor posição bem como o grau de inclinação necessários para uma drenagem adequada.

E então, vamos conhecer as principais estruturas anatômicas dos segmentos pulmonares envolvidas e sua relação com a aplicabilidade da drenagem postural?

Posturas de drenagem pulmonar postural:

Antes de nos aprofundarmos, devemos nos lembrar que os pulmões são estruturas de formato cônico, com o ápice superior e a base inferior, e possuem três faces: a diafragmática, a costal e a mediastinal.

Os pulmões se dividem em lobos e, posteriormente, em segmentos broncopulmonares.

Por características anatômicas e sua relação com o coração no mediastino, o pulmão direito é maior e dividido em três lobos (superior, médio e inferior) e, consequentemente, por duas fissuras interlobares (uma oblíqua e outra horizontal ou transversa) 

Já o pulmão esquerdo é menor e dividido por uma única fissura interlobar em dois lobos, um superior e outro inferior. 

Relação dos pulmões com o coração no mediastino

Vamos entender como se organizam os segmentos broncopulmonares para a drenagem postural nos pulmões então?

No pulmão direito, o lobo superior é composto pelos segmentos apical, posterior e anterior, correspondendo, respectivamente, a B1, B2 e B3.

Já o lobo médio é composto por dois segmentos, sendo um lateral e outro medial, que vão corresponder, respectivamente, a B4 e B5. Esse lobo se localiza interposto entre a fissura transversa (abaixo) e a fissura oblíqua (acima).

Chegamos então ao lobo inferior do pulmão direito, composto então por mais cinco segmentos, sendo:

-> Em primeiro lugar, o segmento apical;

-> Segundo lugar, o segmento basal medial;

-> Terceiro lugar, segmento basal anterior;

-> Na sequência, o segmento basal lateral e, para fechar;

-> O segmento basal posterior.

Esses segmentos broncopulmonares representam, respectivamente, B6, B7, B8, B9 e B10 no pulmão direito. 

E no pulmão esquerdo, que é menor e só possui dois lobos, como será que se organizam?

O pulmão esquerdo, menor, é dividido apenas em lobos superior e inferior pela fissura oblíqua, que se origina em nível da terceira vértebra torácica, T3, e acompanha a borda medial da escápula seguindo até a linha da sexta costela e da articulação costocondral.

Ainda, a pesar de menor, vai ser subdividido em 10 segmentos broncopulmonares. 

O lobo superior vai ser composto pelos segmentos ápico-posterior, anterior, lingular superior, e lingular inferior, que correspondem, respectivamente, aos segmentos B1/B2, que estão juntos, B3, B4 e B5.

Enquanto isso, o lobo inferior do pulmão esquerdo vai ser constituído pelos segmentos apical, basal anterior, basal lateral e basal posterior, que correspondem, respectivamente a B6, B8, B9 e B10. 

Agora você deve estar se perguntando: mas e o segmento B7 do pulmão esquerdo?

Então, na verdade, alguns autores consideram o segmento basal anterior (B8) e o segmento basal medial (B7), como sendo um único segmento ântero medial, então, assim como vimos B1 e B2 juntos no pulmão direito, estudamos B7 e B8 juntos no esquerdo como segmento. 

Agora que aprendemos e relembramos os segmentos broncopulmonares, que tal associarmos as posturas de drenagem?

Pelo princípio físico da drenagem pulmonar postural, o paciente deve ser posicionado de modo que o brônquio correspondente ao segmento broncopulmonar a ser drenado permaneça para cima, favorecendo a ação da gravidade.

Desta forma, várias posições específicas, ou seja, sequências de posturas, correspondentes aos diferentes segmentos broncopulmonares são recomendadas a partir da localização do segmento ou do trajeto do brônquio. 

SEGMENTOS BRONCOPULMONARES E DRENAGEM POSTURAL : E quanto as técnicas?

As técnicas deve ser aplicada de forma criteriosa, respeitando a história clínica e o exame físico, bem como a identificação das condições hemodinâmicas do paciente e dos segmentos broncopulmonares envolvidos. 

No mesmo sentido, pode ser aplicada em qualquer horário, porém, preferencialmente nos intervalos das refeições levando em consideração a possibilidade de refluxo gastroesofágico e/ou histórico de vômitos frequentes.

E a duração?

Relacionado à duração da aplicação das técnicas de drenagem, essas vão depender da doença base, do volume, do tipo e do local de secreção, bem como da tolerância do paciente a uma determinada postura. 

SEGMENTOS BRONCOPULMONARES E DRENAGEM POSTURAL -> Se liga nessa dica:

Pega essa

As posturas de drenagem para os segmentos do pulmão esquerdo correspondem às aplicadas para o pulmão direito, porém, com algumas diferenças. 

Os segmentos B1 e B2 do lado esquerdo são unidos, formando o segmento ápico-posterior (B1/B2), porém, a drenagem é realizada de forma similar a drenagem do segmento posterior do lobo superior do pulmão direito.

Já para a drenagem da língula, localizada acima da fissura oblíqua, o paciente é localizado em  decúbito lateral direito com inclinação a 45° posteriormente e com os pés da cama elevados aproximadamente 30 cm. 

E quanto aos objetivos fisiológicos da drenagem broncopulmonar, você conhece?

O objetivo fisiológico básico é a tentativa de mobilização da secreção broncopulmonar, aceleração da velocidade do muco traqueal e consequentemente, eliminação de secreções e muco.

Tal fato ocorre através de posições que permitam que a ação da gravidade exerça uma influência sobre áreas lesadas do pulmão, melhorando, desta forma, a condutância e a taxa de fluxo das vias aéreas. 

A verticalização brônquica segmentar facilita a remoção de secreções localizadas nas regiões ventiladas por esses brônquios. 

Agora, se liga nessa dica importante:

Anote aí

A pressão transpulmonar, que é definida como a diferença de pressão entre os espaços aéreos, ou seja, pressão alveolar, e a pressão intrapleural, é muito maior na região não dependente do que na região dependente. 

Como consequência, quando um paciente é colocado em postura de drenagem, o segmento broncopulmonar a ser drenado está localizado em uma posição não dependente. 

A pressão transmural das vias aéreas correspondentes a esse segmento se torna mais positiva, o que favorece o recrutamento alveolar dos alvéolos até então hipoventilados, maior capacidade de ventilação destas áreas bem como a drenagem e remoção de secreções. 

SEGMENTOS BRONCOPULMONARES E DRENAGEM POSTURAL: Mas e a tal posição prona, qual sua função?

Devido a anatomia e disposição broncopulmonar, na posição prona o gradiente de pressão pleural é menor e, consequentemente, isto torna a distribuição da ventilação pulmonar mais homogênea.

Assim, faz-se com que essa ventilação chegue a todos os segmentos que vimos anteriormente, de B1 a B10 de forma mais equilibrada, favorecendo o processo de hematose. 

Quanto às principais indicações para drenagem broncopulmonar, podemos citar:

-> Pacientes com expectoração de 25 a 30 mL de secreção diária;

-> Bronquiectasia;

-> Fibrose cística;

-> Processo pneumônico acompanhado de secreção;

-> Também temos as afecções pulmonares agudas e;

-> As afecções pulmonares crônicas.

Agora, quando o paciente apresenta uma tosse ineficaz, como é o que acontece com muitos pacientes idosos, o mesmo pode ser muito beneficiado pelas técnicas de drenagem postural. 

Agora, não podemos fechar essa nossa aula sem falar nas possibilidades de contra-indicações, que apesar de poucas, são importantes

Dentre elas, destacam-se:

-> Posição de Trendelenburg (pois pode favorecer a elevação da PIC – pressão intracraniana);

-> Sobrecarga cardíaca;

-> Insuficiência cardíaca congestiva (ICC); e

-> Risco de aspiração brônquica.

Dicas de estudo:

Link: https://proffelipebarros.com.br/genoma-humano-prof-felipe-barros/

Referências Bibliográficas:

-> Sandri, P. MANUAL prática de ventilação mecânica em pronto socorro e UTI. Edição de José Benedito Morato. …

-> SARMENTO, G.J.V. Fisioterapia Respiratória no Paciente Crítico, Rotinas Clínicas. 3º Edição; Editora Manole, 2010 .

-> SARMENTO, G.J.V. Princípios e práticas de ventilação mecânica. Barueri, SP: Manole, 2009.

-> MACHADO, M. G. R, Bases da fisioterapia respiratória – Terapia intensiva e reabilitação, Editora Guanabara Koogan.