Introdução;
Nessa aula, abordamos o sistema tampão realizado entre os sistemas respiratório e metabólico, através do equilíbrio entre gás carbônico ou dióxido de carbono eliminado pelo sistema respiratório e o íon bicarbonato, armazenado e eliminado pelos ríns no que chamamos de sistema metabólico.
Antes de abordarmos o funcionamento do sistema tampão e da Equação de Henderson Halsebach, precisamos compreender a finalidade de um sistema tampão. Desta forma, podemos dizer que os sistemas tampão tem como objetivo final manter o equilíbrio iônico nos líquidos corporais, mantendo, desta forma, os sistemas em homeostase.
Sistema Tampão:
Durante o processo de ventilação, temos como objetivo inspirar um ar rico em oxigênio para uma boa captação de O2, assim como expirar um ar rico em gás carbônico, para a então eliminação de CO2. Desta forma, mantemos um equilíbrio com uma PaO2 de aproximadamente 140 mmHg na corrente sanguínea, e uma PaCO2 de aproximadamente 45 mmHg.
No caso do CO2, ele não consegue ser eliminado na sua totalidade pelo sistema respiratório. Na realidade, essa nem é sua principal via de excreção. A presença do CO2 na corrente sanguínea de forma livre, se combina com a água (H2O) formando o ácido carbônico, responsável com diminuir o pH sanguíneo e conferir um aspecto ácido ao sangue.
Já nos ríns, acontece processo diferente. Os ríns, através da filtração e reabsorção glomerular, são responsáveis pelo armazenamento de bicarbonato, que conferem um aspecto básico ao sangue, uma vez que combinado com o íon hidrogênio livre formam o ácido carbônico.
Desta forma, o sistema tampão é um sistema de compensação entre os sistemas respiratório e metabólico com a finalidade de manter as concentrações de hidrogênio livre na corrente sanguínea estáveis e equilibradas, mantendo em pH sanguíneo constante entre 7,35 e 7,45, o que se considera como pH sanguíneo ideal.
Desta forma, um mau funcionamento do sistema respiratório pode ocasionar a retenção de CO2 na corrente sanguínea, como ocorre em pacientes com Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (DPOC), como os enfisematosos. Nestes casos, a retenção de CO2 traria como consequência um processo de acidose respiratória, porém, o que se espera com o sistema tampão, é que haja uma compensação do sistema metabólico liberando mais bicarbonato na corrente sanguínea e consequentemente, mantendo o pH estável.
O contrário também pode acontecer quando a falha fo do sistema metabólico. Uma doença ou comprometimento renal pode afetar o processo de filtragem glomerular e consequente armazenamento de bicarbonato. Nesses casos, ocorreria um acúmulo de íons hidrogênio livres no sangue, diminuindo o pH sanguíneo e levando a um quadro de acidose metabólica. Assim como ocorreu a compensação no caso anterior, se espera um caso de hiperventilação compensatória para reduzir a quantidade de íons hidrogênio livres e normalizar o pH sanguíneo.
Desta forma, como podemos notar nos quadros citados acima, observamos que os sistemas metabólico e respiratório atuam em conjunto com objetivo de compensar um ao outro quando necessário, afim de manter um pH sanguíneo estável e ideal para o metabolismo celular adequado.
Mais conteúdo de pH sanguíneo pode ser estudado aqui no post de gasometria arterial, onde discutimos os sistemas de compensação assim como a avaliação clínica da gasometria arterial.