A toxina botulínica é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Essa bactéria é um bacilo anaeróbico gram positivo que produz a toxina como produto da metabolização e do crescimento celular. Sempre que a bactéria morre ou a sua membrana rompe essa toxina é liberada e acaba contaminando o ambiente, principalmente os alimentos. Quando esses alimentos são ingeridos causam o BOTULISMO. Nessa doença os principais sintomas envolvem a contração do tecido muscular, isso porque essa toxina age seletivamente no terminal nervoso periférico colinérgico inibindo a liberação de acetilcolina (Ach).
Mas o que isso quer dizer exatamente?
Primeiro temos que entender que a toxina existe naturalmente em 7 sorotipos diferentes. Eles são classificados em A-G e cada uma age em receptores específicos. Dentre esses tipos apenas a toxina botulínica do tipo A (TBA) é utilizada nas terapias. Isso se deve a elevada toxicidade da molécula, ou seja, ela apresenta um efeito maior. Quando observamos a molécula percebemos que ela apresenta duas cadeia. A pesada que tem 100 kDa e é responsável por ser reconhecida pela membrana celular e endocitada pela célula. E a cadeia leve de 50 kDa que é responsável pela toxicidade. Ambas as cadeias são ligadas por uma ponte dissulfídica que é quebrada no interior do citoplasma, pois quando as cadeias estão ligadas a toxina não tem efeito. Apenas após a dissociação das cadeias que teremos os efeitos neurotóxicos!
Relembrando a contração muscular…
Primeiramente, ocorre à despolarização da fenda pré-sináptica. Isso faz com que aja o ligamento dos receptores de membrana sinaptobrevina e o sintaxina + SNAP25. Em seguida, o processo de exocitose das vesículas que contém Ach começa. Quando essa acetilcolina chega na célula muscular ela se liga aos receptores de Ach presentes na membrana dessas células. Então os canais de Na/K são abertos e ocorre a contração muscular. .
Ação da Toxina Botulínica
Como dito anteriormente, a toxina botulínica entra na célula e suas cadeias são separadas A cadeia maior permanece no citoplasma e a menor liga-se especificamente ao receptor SNAP-25. Dessa forma, a sinalização entre os receptores que permite a exocitose das vesículas de Ach é bloqueada. Consequentemente o Ach não é liberado e a contração muscular não acontece. Dessa maneira, a TBA não vai agir em nenhum outro mecanismo da sinapse: como despolarização, síntese de Ach ou no armazenamento de Ach. Ela atua apenas inibindo a liberação da Ach devido ao bloqueio dos receptores de membrana.
Uma vez que a ligação TBA + SNAP-25 ocorra, ela não deixa mais para de acontecer. O que faz voltar à contração muscular é o crescimento de brotamentos axonais laterais das fendas na placa motora que com novos receptores não ligados a toxina restauraram parcialmente o tônus muscular.
Onde a Toxina Botulínica pode ser utilizada?
- Procedimentos estéticos
- Espasticidade
- Incontinência urinaria
- Estrabismo
- Sialorreia
- Blefarospasmo
- Entre outros.
Curiosidades
- O principal antagonista da toxina botulínica é o veneno produzido pela viúva negra. Essa aranha produz a proteína alfa-latrotoxina que atua liberando muita Ach na placa motora.
- Além disso, estudos estão sendo realizados para que a toxina botulínica do tipo B possa ser usada nas terapias também. Isso porque ele atua especificamente bloqueando o receptor sinaptobrevina e apresenta também um grande efeito.