Síndrome do Desfiladeiro Cérvico-torácico

Introdução

Para começarmos a falar e descrever a síndrome do desfiladeiro cérvico-torácico, a primeira coisa que precisamos entender, é o que significa o termo síndrome. Desta forma, precisamos compreender que uma síndrome nada mais é do que um conjunto de sinais e sintomas patognomônicos de uma determinada lesão ou patologia.

Normalmente, as síndromes tem suas nomenclaturas associadas as estruturas comprometidas, como a síndrome do piriforme, ou com o autor responsável pela sua descrição, assim como a síndrome de Guillain Barré.

Síndrome do desfiladeiro cérvico-torácico

A síndrome do desfiladeiro cérvico-torácico nada mais é do que uma síndrome compressiva da artéria subclávia e do tronco inferior do plexo braquial durante sua passagem pela cintura escapular, que tem como principais sintomas e que caracterizam a síndrome:

  • Dor localizada no ombro
  • Dor na região do trapézio
  • Cervicalgia
  • Braquialgia
  • Cervicobraquialgia
  • Parestesia em membros superiores
  • Disestesia em membros superiores

Principais estruturas correlacionadas

Quando pensamos em principais estruturas correlacionadas, na verdade, pensamos nos principais pontos de compressão da artéria subclávia e do tronco inferior do plexo braquial.

Neste sentido, podemos perceber que o principal ponto de compressão e mais associado a síndrome do desfiladeiro cérvico-torácico é o seu ponto de passagem pelos músculos escalenos, pois, normalmente, tanto a artéria subclávia quanto o tronco inferior do plexo braquial passam entre o escaleno anterior e o escaleno médio, podendo, desta forma, serem comprimidos em casos de contratura ou disfunção muscular.

Músculos escalenos:

Os músculos escalenos são músculos profundos do pescoço, que possuem origem na base do crânio e inserção nas primeiras costelas. Eles são considerados músculos acessórios da inspiração e são hiper ativados em indivíduos que apresentam padrão respiratório apical ou doença pulmonar obstrutiva crônica, sendo, desta forma, esses casos mais predispostos a apresentar a síndrome do desfiladeiro cérvico-torácico.

Porém, alterações posturais, principalmente àquelas que afetam a simetria e função cervical gerando desequilíbrio muscular, também podem causar a síndrome do desfiladeiro cérvico-torácico.

Músculos peitorais

Outro importante ponto de passagem da artéria subclávia e do tronco inferior do plexo braquial é abaixo do músculo peitoral maior, ou seja, entre o músculo peitoral maior e o peitoral menor. Assim, as contraturas ou encurtamentos de peitoral maior, além de gerar assimetria e falha posicional com rotação interna de ombro, também podem gerar compressão das estruturas vasculares e nervosas já citadas podendo ser fator primário da lesão.

Localização da sintomatologia nervosa

Como o tronco inferior do plexo braquial é de onde vai se originar o nervo ulnar, as dores e disestesias relacionadas a síndrome do desfiladeiro cérvico-torácico estão associadas ao trajeto do nervo, pegando a porção medial do braço, porção medial do antebraço, porção medial da mão e 4 e 5 dedos.

Disestesia x Parestesia

Disestesias são alterações de sensibilidade causadas por síndromes compressivas nervosas, e podem se apresentar como dor ou como alterações de sensibilidade com aumento (hiperestesia), diminuição (hipoestesia) ou confusão na interpretação (disestesia).

Quando pensamos em parestesia, nada mais são do que as sensações de formigamento, características de compressão vascular. Isso ocorre quando há compressão vascular e consequente hipóxia tecidual. Quanto maior o tempo de compressão, maior e mais duradoura será a sintomatologia.

Tratamento

O tratamento da síndrome do desfiladeiro cérvico-torácico é conservadora e o prognóstico está diretamente relacionado com o tempo e a intensidade da compressão vascular e nervosa. Desta forma, muitas vezes, apenas alongamentos específicos de musculaturas encurtadas em com contraturas já pode ser suficiente para interromper o processo de compressão e a sintomatologia. Outras técnicas, muito utilizadas pela fisioterapia, são bastante eficientes na reabilitação. dentre elas, destacam-se:

  • Liberação miofascial
  • Mobilização neural
  • Alongamentos específicos
  • Mobilizações articulares
  • Manipulações articulares