Introdução ao estudo do sopro cardíaco:
O sopro cardíacos, em suma, são alterações de valvas cardíacas que podem ser percebidas ao exame clínico cardiológico, principalmente durante a avaliação por ausculta cardíaca.
Para começar a compreender a ausculta cardíaca e reconhecer os sopros cardíacos, primeiro temos que conhecer as condições fisiológicas da mecânica cardíaca.
O sangue no coração flui de modo contínuo, silencioso e em uma única direção. Na ausculta cardíaca, aquele som de “tum-tum, tum-tum” que nós habitualmente ouvimos ao auscultar o coração não é o barulho do sangue, mas sim o som produzido pelo funcionamento das válvulas cardíacas, ou seja, o som do sangue batendo nas valvas e parando.
Esses sons são denominados bulhas cardíacas e, inicialmente, identificamos duas bulhas principais, B1, que representa a primeira bulha, tem um som mais audível e representa o funcionamento das valvas atrioventriculares durante a sístole, e B2, que tem um som um pouco mais baixo por representar o funcionamento das valvas semilunares durante a diástole.
Agora, atenção!!!
A presença de um sopro cardíaco – que é um som semelhante a um sopro detectado através da ausculta cardíaca com estetoscópio – sugere fortemente existência de algum problema estrutural no coração, principalmente se for detectado em adultos ou idosos.
O sopro é produzido sempre que o sangue sofre turbilhonamento durante a sua passagem pelo interior do coração, especialmente quando há alguma alteração estrutural das válvulas cardíacas.
Para entender um pouco melhor, as valvas cardíacas podem apresentar dois tipos principais de alteração, que são:
A estenose valvar, que representa uma falha na abertura da valva ou a insuficiência valvar, derivada da falha em seu fechamento e com consequente regurgitação (refluxo).
Eventualmente, o sopro também pode surgir em corações normais, quando o sangue flui mais rapidamente que o normal, como durante exercício físico ou na gravidez.
SOPRO CARDÍACO: Agora, uma curiosidade para vocês:
Nas crianças, a principal causa de sopro cardíaco é o chamado sopro de Still, um tipo de sopro inocente que surge sem que haja qualquer problema cardíaco. Ninguém sabe exatamente como esse sopro inocente surge.
Quando comparamos ecocardiogramas de crianças com sopro de still com o de crianças sem sopro, não encontramos nenhuma diferença relevante, além de uma velocidade maior do sangue viajando pela artéria aorta. Em geral, o sopro de still desaparece espontaneamente durante a adolescência, mas alguns casos permanecem até a fase adulta.
Agora, antes de continuar falando de sopro, é necessário que conheçamos as valvas cardíacas, que são quatro, duas relacionadas ao coração direito ou lado direito do coração, e duas relacionadas ao coração esquerdo ou lado esquerdo do coração.
As válvulas do coração direito são:
- Válvula tricúspide ou AVD: localizada entre o átrio direito e o ventrículo direito.
- Válvula pulmonar ou semilunar direita: localizada entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar.
As válvulas do coração esquerdo são:
- Válvula mitral, bicúspide ou AVE: localizada entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo.
- Válvula aórtica ou semilunar esquerda: localizada entre o ventrículo esquerdo e a artéria aorta.
E COMO É UM SOPRO CARDÍACO?
Como já vimos inicialmente, quando auscultamos o coração com um estetoscópio é possível ouvi-lo batendo: “tum-tum…tum-tum…tum-tum…tum-tum”.
O sopro ocorre toda vez que há algum defeito nas válvulas, fazendo com que o sangue não flua de modo correto dentro do coração.
Existem dois defeitos básicos que causam o sopro cardíaco:
- Estenose valvar: quando a válvula se torna endurecida e não consegue mais se abrir completamente, o sangue acaba tendo dificuldade de passar de uma câmara para outra. Esse turbilhonamento produz o sopro.
Se a válvula estenosada é a aórtica, chamamos de sopro por estenose aórtica. Se o defeito for na válvula tricúspide, sopro por estenose tricúspide, e assim por diante.
- Regurgitação ou insuficiência valvar: quando a válvula não se fecha completamente, ela acaba permitindo refluxo do sangue na direção contrária.
Esse tipo de fluxo retrógrado também produz turbilhonamento e, consequentemente, um sopro. Por isso, temos o sopro de insuficiência mitral, insuficiência aórtica, e por aí em diante.
Enquanto a válvula normal produz um som do tipo “tum-tum”, as válvulas patológicas produzem sons diferentes, de acordo com o tipo de alteração, mas sempre semelhantes a sopros.
Vamos entender melhor então esses sons dos sopros cardíacos e suas diferenças?
O primeiro sopro que vou apresentar para vocês é um sopro clássico, o sopro relacionado a insuficiência mitral.
Enfim, como podemos ver, a ausculta é um exame essencial para auxiliar no diagnóstico de disfunções cardíacas e ter uma boa capacidade de percepção durante a ausculta pode fazer toda a diferença durante a avaliação.
Para encerrar esse nosso assunto, vale ressaltar a classificação dos sopros de acordo com sua intensidade, o que pode ser determinante na gravidade da alteração e consequentemente, em seu prognóstico.
Desta forma, os sopros são graduados em graus de 1 a 6 de acordo com a sua intensidade e gravidade:
- O sopro do tipo grau I corresponde a um sopro muito discreto, inaudível para quem não tem ouvidos treinados.
- Já o sopro do tipo grau II é o sopro médio, facilmente audível pelo estetoscópio.
- Um sopro grau III é considerado um sopro alto.
- Agora, o sopro grau IV é muito alto, que pode ser sentido com a mão ao se tocar no peito do paciente.
- Em contrapartida, o grau V é o sopro muito alto que pode ser escutado mesmo sem encostar o estetoscópio no peito do paciente.
- E fechando, podemos encontrar o sopro grau VI, o mais raro e grave, um sopro tão alto que pode ser escutado mesmo sem estetoscópio.
Quanto maior o grau do sopro, mais grave é a doença da válvula acometida.
Dicas de conteúdos para estudo:
Em primeiro lugar: https://proffelipebarros.com.br/digestao-de-carboidratos-prof-felipe-barros/
Ainda: https://proffelipebarros.com.br/liquidos-corporais-prof-felipe-barros/
Posteriormente: https://proffelipebarros.com.br/grande-e-pequena-circulacao/