Síndrome de Guillain Barrè

Introdução

A síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma doença neurológica de origem autoimune responsável por provocar fraqueza muscular generalizada, que em casos mais graves pode até paralisar a musculatura respiratória, impedindo o paciente de respirar. 

Essa síndrome surge devido à produção falha de anticorpos contra a bainha de mielina, substância lipoprotéica formada pelos oligodendrócitos no SNC e pelas células de Schwann no SNP e que recobre e protege os axônios dos neurônios. 

No caso, a síndrome de Guillain Barré é uma alteração ou doença neurológica periférica, pois seu acometimento ocorre nas raízes nervosas ou nervos periféricos. 

Desta forma, consideramos a síndrome de Guillain-Barré uma polineuro radiculopatia desmielinizante inflamatória aguda. Vamos traduzir esse palavrão então.

Trata-se de uma patologia que acomete vários nervos ou raízes nervosas, tem como característica ser desmielinizante pelo comprometimento da bainha de mielina, e é causada por uma reação inflamatória aguda de origem autoimune, o que gera sinais e sintomas que evoluem de forma rápida e súbita. 

E como surge essa doença, você saberia me responder?

O ataque dos anticorpos cria um intenso processo inflamatório e leva à destruição da bainha de mielina (desmielinização do nervo ou raiz nervosa), bloqueando a passagem dos estímulos nervosos.

Os nervos acometidos pela síndrome de Guillain-Barré são basicamente os motores, sem acometimento dos nervos sensitivos. Desta forma, o que ocorre é a  paralisia muscular com pouca ou nenhuma diminuição da sensibilidade.

E porque surgem ou de onde surgem esses auto-anticorpos?

Alguns microrganismos, como vírus ou bactérias, podem possuir proteínas semelhantes às presentes na bainha de mielina, podendo então causar confusão em alguns anticorpos. 

Se por azar o sistema imune criar anticorpos exatamente contra essas proteínas, os mesmos começarão a atacar não só o vírus invasor, mas também a bainha de mielina, pois para os anticorpos ambos são a mesma coisa.

Até dois terços dos pacientes com Guillain-Barré referem um quadro de infecção respiratória ou gastrointestinal (geralmente cursando com diarreia) semanas antes do aparecimento da síndrome. 

A infecção mais comumente associada à SGB é pelo Campylobacter jejuni, uma bactéria que provoca gastroenterites.

Alguns outros eventos  podem estar associados ao surgimento da síndrome de Guillain-Barré, como:

  • Infecção por HIV
  • Vacinação recente.
  • Traumas.
  • Cirurgias.
  • Linfoma
  • Lúpus eritematoso sistêmico

É bom salientar, porém, que em boa parte dos casos não se consegue descobrir um evento desencadeante para a síndrome de Guillain-Barré, sendo, desta forma, muitas vezes simplesmente classificada como idiopática. 

E quais são os sintomas mais comuns desta síndrome, você seria capaz de identificar?

Bem pessoal, o principal sintoma do Guillain-Barré é a fraqueza muscular, geralmente iniciada nas pernas e com progressão ascendente. Em questão de algumas horas, às vezes poucos dias, a doença começa a subir e acometer outros grupos musculares, indo em direção a braços, tronco e face.

A síndrome de Guillain-Barré pode apresentar diferentes graus de agressividade, provocando apenas leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia total dos 4 membros em outros.

O principal risco desta doença está nos casos em que há acometimento dos músculos respiratórios e da face, podendo provocar dificuldade para respirar, deglutir e até mesmo manter as vias aéreas abertas. 

Até 30% dos pacientes com SGB precisam ser entubados e conectados a um ventilador mecânico (respirador artificial).

Quanto ao tratamento da Síndrome de Guillain Barré, devemos nos lembrar que:

Em primeiro lugar, todos os pacientes diagnosticados com Guillain-Barré devem ficar internados para observação, mesmo os com doença leve, uma vez que o acometimento dos músculos respiratórios pode ocorrer rapidamente.

O tratamento se baseia em duas terapêuticas principais:

  • Plasmaférese: é uma espécie de hemodiálise na qual é possível filtrar os auto-anticorpos que estão atacando a bainha de mielina 
  • Imunoglobulinas: injeção de anticorpos contra os auto-anticorpos que estão atacando a bainha de mielina.

Os dois tratamentos são igualmente efetivos e normalmente devem ser iniciados dentro das primeiras quatro semanas de doença para terem efeito mais significativo.

O tratamento acelera a recuperação e diminui os riscos de sequelas. 

Anteriormente utilizava-se corticoides, mas estes foram abandonados por ausência de benefícios constatados em trabalhos científicos realizados. Desta forma, atualmente os corticoides não estão mais indicados no tratamento do Guillain-Barré.

Agora uma curiosidade:

Quem já teve Guillain-Barré uma vez pode tê-lo de novo, mas as recorrências são incomuns, acometendo apenas cerca de 5% dos pacientes.