Anatomia Palpatória: Tronco e coluna vertebral

Coluna Cervical

  1. Processos transversos do atlas

Ponto de referência anatômica – ângulo da mandíbula

Técnica:  Paciente em DD, com a cabeça apoiada na maca em posição neutra. Terapeuta sentado, atrás do paciente, deverá posicionar suas mãos de cada lado da região lateral do pescoço. E posicionará seus dedos da seguinte forma: polpa dos indicadores nos ângulos mandibulares e o quarto dedo sobre o ápice dos processos mastoideos. A partir desse posicionamento o terceiro dedo cairá sobre o processo transverso do atlas. O terapeuta deverá aprofundar a palpação sobre os músculos esternocleidomastóideos para perceber o ápice do processo transverso.

Obs: o processo transverso do atlas fica localizado atrás do ramo da mandíbula e a frente do músculo esternocleidomastóideo

  • Processo espinhoso do áxis

Técnica: Com o paciente sentado, o terapeuta deverá iniciar a palpação pela protuberância occipital externa, situada na linha sagital mediana do osso occipital. A partir dessa referência o terapeuta deverá deslizar seu dedo no sentido caudal até encontrar uma proeminência óssea que corresponderá ao processo espinhoso do áxis.

Ao solicitar que o paciente realize uma flexão de cabeça, o processo espinhoso ficará mais saliente facilitando a palpação. 

  • Processo transverso do áxis

Técnica: Paciente em DD, com a cabeça apoiada na maca em posição neutra. O terapeuta poderá usar como ponto referência o ângulo da mandíbula, e a partir desse ponto, deverá deslizar a polpa de seu dedo posteriormente aprofundando a palpação, e perceberá uma eminência óssea que corresponderá ao processo transverso do atlas. Tal estrutura, poderá ser palpada tanto na frente, quanto atrás do músculo esternocleidomastóideo.

Obs: devido ao processo transverso do áxis ser menor do que o processo transverso do atlas, sua palpação torna-se menos evidente quando comparada ao processo transverso do atlas.   

  • Processos articulares

Ao palpar o processo espinhoso cervical e deslocar dois dedos lateralmente, a primeira estrutura óssea a ser identificada são os processos articulares (articulações dos processos articulares).     

Técnica: Paciente sentado, terapeuta em pé atrás do paciente, deverá posicionar dois dedos transversos ao lado do processo espinhoso correspondente. Ao aprofundar a palpação irá perceber um contato ósseo, que assemelha-se a pequeno “nódulo”, que corresponderá a articulação do processo articular desejada.

  • Processos transversos – 3ª a 7ª vértebra cervical 

Técnica: estão situados, aproximadamente, a um dedo transverso, lateralmente e à frente dos processos articulares correspondentes. Paciente sentado ou em DD, terapeuta em pé atrás do paciente ou sentado. Ao identificar os processos articulares, com as mãos posicionadas em forma de “gancho”, o terapeuta deverá deslocar as polpas de seus dedos aproximadamente um dedo transverso, lateralmente e à frente, para encontrar os processos transversos.

Obs: Na cervical, as polpas dos dedos estarão sempre posicionadas dorsalmente ao músculo ECOM, exceto na cervical alta.

  • Processo espinhoso – Diferenciação entre C7 e T1

Técnica: com o paciente sentado e sua cabeça em posição neutra, o terapeuta deverá posicionar seu dedo indicador sobre o processo espinhoso mais proeminente da coluna cervical (C7), e seu dedo médio da mesma mão, sobre o processo espinhoso da vertebra subjacente. Com a ajuda da outra mão apoiada sobre a testa do paciente, realizará uma extensão passiva da coluna cervical. O processo espinhoso de C7 desaparecerá na lordose cervical e o processo espinhoso de T1 permanece imóvel sobre o dedo.

Obs; esse teste também poderá ser realizado com o movimento de rotação da cabeça isolado ou combinado a extensão, uma vez que ocorre uma maior mobilidade de C7 em relação á T1 no movimento de rotação.       

Pescoço

  1. Referências anatômicas – Vértebras cervicais x Estruturas da Região Anterior do Pescoço

C3 = osso hioide

C4 = parte superior da cartilagem tireoide, ou proeminência, ou pomo de Adão  

C5 = parte inferior da cartilagem tireoide

C6 = cartilagem cricóide

  • Osso Hióide

Técnica: Paciente sentado ou em DD com leve extensão de cabeça. O terapeuta deverá iniciar a palpação a partir da porção central da região submentoniana, com as polpas do polegar e indicador. Posteriormente deverá deslizar seus dedos em sentido caudal, até perceber uma proeminência pontiaguda, que corresponderá a face anterior do osso hióide. Ao identificar tal estrutura, o terapeuta deverá, afastar seus dedos para ambos os lados para palpar o restante do corpo, até alcançar o corno maior do hióide.      

  • Cartilagens tireóide e cricóide

Técnica: Paciente em DD com extensão de cabeça. Após identificar o osso hióide, o terapeuta deverá posicionar um dedo transverso sob o mesmo para localizar a cartilagem tireóide, e com a polpa do seu 3° dedo da mesma mão, deverá posicioná-lo aproximadamente a um dedo transverso sob o anterior para identificar a cartilagem cricóide.   

Coluna Torácica (osteologia)

Particularidades:

 Na coluna torácica os processos espinhosos são longos e inclinados para baixo, e a partir de T4 ou T5 a inclinação torna-se mais pronunciada mantendo-se até T7 ou T8.

Por essa razão, entre T4 e T8 os processos transversos não estarão situados no mesmo alinhamento horizontal dos processos espinhosos correspondentes, ou seja, ao identificar o processo espinhoso desejado e posicionar dois dedos transversalmente, lateral e no mesmo alinhamento horizontal, o terapeuta estará sobre o processo transverso da vértebra subjacente.      

Os processos transversos estão situados profundamente a musculatura extensora da coluna vertebral, dificultando assim sua palpação. Ao palpar tal acidente ósseo, o terapeuta perceberá uma resistência ósseo sobre seus dedos.

  1. Pontos de referências anatômicas
  • Ângulo superior da escápula – espaço interespinhoso de T1 e T2;
  • Ângulo inferior da escápula –espaço interespinhoso de T7 e T8;

Obs: essas referências são fornecidas como indicação. Porém a posição da escápula sobre a caixa torácica, a posição do paciente sobre a maca, alterações posturais e variações anatômicas podem existir no nível da coluna vertebral e modificar sensivelmente as relações topográficas entre a escápula e coluna vertebral.   

Tais referências facilitam a contagem rápida dos processos espinhosos torácicos, porém devem ser complementadas pelas técnicas de contagem a partir de C7.

  • Palpação global – processos espinhosos (T1 – T12)

Técnica: Com o paciente sentado, o terapeuta deverá solicitar ao paciente que realize uma flexão de tronco para aumentar a cifose torácica, tal posição fará com que os processos espinhosos fiquem mais evidentes. A partir dessa posição, poderá palpar as bordas laterais ou ápices dos processos espinhosos, com as polpas de seus polegares.

  • Processos transversos (coluna torácica média)
  1. Vertebra subjacente

Paciente em DV, terapeuta deverá posicionar, dois dedos transversos, lateralmente a um determinado processo espinhoso, dessa forma, estará palpando de forma indireta, o processo transverso da vértebra subjacente.  

  • Própria vértebra

Paciente em DV, terapeuta deverá posicionar aproximadamente dois dedos transversos, lateral e cranialmente a um determinado processo espinhoso torácico, assim irá localizar o processo transverso correspondente à própria vértebra. 

Se o terapeuta desejar palpar o processo de T5, deverá colocar dois dedos transversos lateral e cranialmente ao processo espinhoso dessa mesma vértebra.

Tórax / Esterno

1) Incisura jugular

Técnica: Paciente em DD ou sentado. A extremidade esternal da clavícula servirá como ponto de referência para a palpação da incisura jugular. Após identificado o ponto de referência citado, o terapeuta deverá com a polpa de seu dedo indicador, deslocá-lo medialmente até encontrar uma concavidade, que se refere a estrutura desejada.

2) Manúbrio do esterno e Ângulo de Louis

Técnica: Paciente em DD ou sentado.  A incisura jugular servirá como ponto de referência para a identificação do manúbrio. A partir do ponto de referência citado o terapeuta deverá deslizar seus dedos caudalmente e cairá sobre o manúbrio. Ao continuar a palpação nesse sentido perceberá uma saliência ou um sulco transversal ao osso, que corresponde ao ângulo de Louis (limite entre o manúbrio e o corpo do esterno). 

Obs: o terapeuta poderá colocar de 3 a 4 dedos, transversalmente abaixo da incisura jugular e estará sobre o manúbrio. 

3) Corpo do esterno e Processo Xifóide

Técnica: Paciente em DD ou sentadoImediatamente abaixo do ângulo de Louis, o terapeuta deverá posicionar de 3 a 4 dedos no sentido longitudinal para delimitar a largura do corpo do esterno. Para identificar o processo xifoide o terapeuta deverá palpar o corpo do esterno no sentido caudal até perceber uma pequena depressão, ou uma superfície óssea bem mais estreita que a do corpo do esterno, que será referente ao processo xifoide.  

Costelas

  1. 1ª costela

Obs: possui um corpo bastante curto, e seu arco anterior fica situado profundamente na “saboneteira anatômica”.

Técnica: Paciente em DD com o terapeuta sentado ou em pé posicionado atrás da cabeça do paciente.Terapeuta deverá posicionar a polpa de seus dedos na saboneteira anatômica do paciente, lateralmente à porção clavicular do músculo ECOM. Com cuidado, deverá aprofundar a palpação e alcançará uma resistência óssea, que nada mais é do que a face cranial da 1ª costela.Para certificar-se que está palpando a estrutura correta, o terapeuta deverá solicitar no momento da palpação, uma inspiração profunda, onde irá perceber a elevação da primeira costela durante o movimento respiratório.      

  • 2ª costela (abordagem anterior)

Técnica: Com o paciente em DD, ao identificar o ângulo de Louis, o terapeuta deslocará seu dedo lateralmente, para palpar a cartilagem da 2ª costela. Seguindo a palpação no sentido lateral, o terapeuta entrará em contato com o corpo da mesma costela.

  •  2ª costela (abordagem axilar)

Técnica:  Na posição de decúbito lateral com o braço abduzido, o terapeuta deverá posicionar a polpa de seus dedos na região mais cranial do “oco” axilar, com a palma de sua mão voltada posteriormente, tendo como referências o músculo peitoral maior localizado à frente e o músculo grande dorsal localizado posteriormente a mão do terapeuta. Ao aprofundar a palpação o terapeuta irá perceber o contato ósseo da costela mais cranial, que corresponderá à segunda costela.        

  • 3ª a 7ª costela (abordagem anterior e abordagem lateral)

Paciente: DD (abordagem anterior) e DL (abordagem lateral)  

Técnica:  Para as abordagens anterior e lateral, o terapeuta poderá usar como referência a 2ª costela, e deslocar seus dedos no sentido caudal para fazer a contagem das costelas subjacentes.

Obs: é importante que o terapeuta durante a contagem, acompanhe a obliquidade da costela palpada, para que o mesmo não perca o contato com a costela em questão. Caso contrário, o terapeuta poderá cometer um erro, ao iniciar a palpação em uma costela e terminar em uma costela sub ou suprajacente.  

  • 12 ª Costela

Obs: existe uma variação anatômica de comprimento da última costela, podendo ser bastante curta em alguns indivíduos.

Técnica: Paciente em DV com o terapeuta em pé ao lado da costela a ser palpada. Os pontos de referência para a palpação são: crista ilíaca, 11ª costela ou musculatura paravertebral.

 O terapeuta deverá localizar o ápice da crista ilíaca e posicionar de dois a três dedos transversalmente em direção cefálica, e a partir desse ponto, deverá procurar a 12ª costela. Ela poderá ser localizada no mesmo alinhamento vertical do ápice da crista ilíaca, ou em alguns casos, o terapeuta terá de deslocar seus dedos na direção dos músculos paravertebrais.  

Coluna Lombar (osteologia)

Topografia:

Limite superior – 12ª costela

Limite inferior – Cristas ilíacas e base sacral

  1. Palpação global – processos espinhosos e ligamento supraespinhal

Técnica: Com o paciente sentado realizando uma cifose global, o terapeuta irá facilmente visualizar os processos espinhosos da coluna lombar pois essa posição permite um melhor afastamento dos processos espinhosos. Com as polpas de seus dedos o terapeuta palpará os processos espinhosos e deslizando os dedos para baixo de cada processo espinhoso, cairá sob os espaços Interespinhais onde estará localizado o ligamento supraespinhal.

  • Processo espinhoso L4 e L5 (contagem dos processos espinhosos)

Técnica: Com o paciente em DV ou em pé,o terapeuta deverá posicionar suas mãos sobre as cristas ilíacas com os polegares voltados posteriormente dirigindo-se para a coluna lombar. Com os polegares posicionados no plano da palma da mão, eles irão direcionar para o processo espinhoso de   L4.  A partir dessa referência posicionará as polpas de seus dedos nos processos espinhosos adjacentes.   

Uma vez identificada a 4ª vértebra lombar, basta deslizar o dedo inferiormente para encontrar o processo espinhoso de L5 com a polpa do indicador.

  • Processo espinhoso S1

Técnica: Uma vez identificado o processo espinhoso de L5, o terapeuta deverá deslizar a polpa de seu dedo no sentido caudal até perceber o primeiro tubérculo da crista sacral mediana.

  Caso o terapeuta apresente dúvida, deverá solicitar ao paciente que aumente a lordose lombar com objetivo de mobilizar os processos espinhosos lombares e de diferenciar o nível lombar do nível sacral. Os processos espinhosos da região lombar irão movimentar-se de forma mais individualizada, comparados ao sacro.   

  • Processos transversos

Os processos transversos estão situados abaixo da musculatura extensora da coluna vertebral dificultando a palpação dos mesmos. 

A palpação dos processos transversos de L5 torna-se mais difícil devido à proximidade com a asa ilíaca e por alguns indivíduos apresentarem a variação anatômica conhecida como sacralização (L5 fundida ao sacro).

 Técnica: Com o paciente em DV,o terapeuta deverá posicionar, de dois a três dedos transversalmente e lateralmente, a partir de um determinado processo espinhoso lombar, mantendo um alinhamento horizontal para encontrar o processo transverso correspondente.Ao realizar a palpação profunda o terapeuta irá perceber uma resistência óssea que corresponderá ao processo transverso desejado.  

Técnica em DL:  ao localizar a musculatura extensora da coluna vertebral, o terapeuta deverá “empurrar” a mesma com a polpa do seu polegar e ao aprofundar a palpação irá perceber uma superfície rígida, que corresponderá a processo transverso desejado.  

Sacro

  1. Crista sacral mediana (palpação direta)

A crista sacral mediana é constituída por três ou quatro tubérculos que são, na realidade, a consequência da fusão dos processos espinhosos das cinco vértebras sacrais. Esses processos são separados entre si por leves depressões.  

 Técnica:  a crista sacral medial situa-se no eixo da prega inter glútea, no prolongamento dos processos espinhosos lombares. Com o paciente em DV, o terapeuta palpará com a borda da de uma das mãos os processos espinhosos das vértebras lombares, globalmente. Com a polpa dos dedos da outra mão, palpará a crista sacral mediana no mesmo alinhamento vertical dos processos espinhosos das vértebras lombares. 

2) Processo espinhoso S1

Técnica: Com o paciente em DV ou em pé,Após identificar o processo espinhoso de L5, o terapeuta deverá direcionar a pegada caudalmente e localizar o primeiro tubérculo ao longo da crista sacral mediana, que corresponde ao processo espinhoso de S1 

3) Processo espinhoso de S2

Técnica: Com o paciente em DV, ou em pé, o terapeuta deverá localizar inicialmente as EIPS e traçar uma linha horizontal imaginária entre essas duas estruturas, no meio dessa linha estará localizado o segundo tubérculo da crista sacral mediana, que equivale ao processo espinhoso de S2.