Biomecânica da cintura escapular

– Estruturas ósseas:

            A cintura escapular e formada por três peças ósseas principais: escápula, clavícula e extremidade proximal do úmero; e pela coluna torácica que participa estruturalmente e funcionalmente da biomecânica da cintura escapula.

            Nessas estruturas ósseas, se destacam como pontos importantes de palpação:

– Espinha da escápula

– Ângulo inferior da escápula

– Ângulo superior medial da escápula

– Acrômio

– Processo coracóide

– Extremidade esternal da clavícula

– Extremidade acromial da clavícula

– Margem superior da clavícula

– Margem anterior da clavícula

– Tubérculo maior

– Tubérculo menor

            A palpação da cintura escapular, assim como a palpação de qualquer uma das estruturas, vai ser uma importante ferramenta na avaliação, tento em vista que a partir dela podemos avaliar as simetrias e assimetrias no corpo humano e iniciar uma avaliação mais detalhada das possíveis falhas posicionais.   

– Articulações envolvidas no complexo do ombro:

            O complexo do ombro é formado pelas estruturas ósseas citadas anteriormente e também por um conjunto de articulações que atuam facilitando os movimentos dos membros superiores. Essas articulações podem sem divididas em:

– Articulações verdadeiras: São aquelas que possuem todas as características comuns de articulação sinovial, como cápsula articular, líquido sinovial,…

São elas:

            Articulação gleno-umeral

            Articulação acrômio-clavicular

            Articulação esterno-clavicular

– Articulações falsas: São aquelas que não possuem características de articulação sinovial, porém atuam como articulações no sentido de facilitar os movimentos do complexo do ombro. Também são chamadas de articulações funcionais.

            A principal articulação funcional do complexo do ombro é a articulação escapulo-torácica. 

– Movimentos osteocinemáticos do complexo do ombro:

            Os movimentos osteocinemáticos do ombro são:

– Abdução de 180° sendo: até 60° função da gleno-umeral

                                           De 60 a 120° função da escapulo torácica

                                           De 120° a 180° gleno-umeral + escapulo torácica

– Adução de 180° sendo: até 60° função da gleno-umeral

                                         De 60 a 120° função da escapulo torácica

                                         De 120° a 180° gleno-umeral + escapulo torácica

OBS: trata-se da volta da abdução, pois na adução partindo da posição anatômica a amplitude é de aproximadamente 45°

Crédito: Kapandji
Crédito: Kapandji

– Rotação interna de aproximadamente 90°

– Rotação externa de aproximadamente 90°

Crédito: Kapandji

– Flexão de aproximadamente 180°

– Extensão de aproximadamente 35° além da volta da flexão

Crédito: Kapandji

– Flexão horizontal de aproximadamente 75°

– Extensão horizontal de aproximadamente 120°

Crédito: Kapandji

– Circundução de 360°

– Movimentos artrocinemáticos do complexo do ombro:

            Os movimentos artrocinemáticos são aqueles movimentos que vão ser os facilitadores dos movimentos osteocinemáticos citados acima. Dessa forma, cada uma das articulações vai possuir um conjunto de movimentos artrocinemáticos da seguinte forma:

Articulação gleno-umeral:

            Deslizamento superior (facilita a adução e extensão)

            Deslizamento inferior (facilita a abdução e flexão)

            Deslizamento posterior (facilita a flexão horizontal)

            Deslizamento anterior (facilita a extensão horizontal)

            Rolamentos (atuam sempre associados aos deslizamentos)

            Rotações (facilitam os movimentos de rotação interna e externa)

Articulação escapulo-torácica:

            Elevação (facilita a flexão)

            Depressão (facilita a extensão)

            Abdução ou rotação para cima (facilita a abdução)

Adução ou rotação para baixo (facilita a adução)

Protração (facilita flexão horizontal e rotação interna)

Retração (facilita extensão horizontal e rotação externa)

Crédito: Kapandji

– Articulações acrômio clavicular e esterno clavicular:

            Rotação posterior (facilitam a flexão)

            Rotação anterior (facilitam a extensão)

Manguito Rotador:

            Como se sabe, o manguito rotador é o conjunto de músculos que estabilizam a cintura escapular. Devido ao fato do complexo articular do ombro ser o que possui maior amplitude de movimento, seus ligamentos não podem atuar como limitadores de movimento, e todas as articulações são adaptadas a permitir livremente movimentos em três dimensões. Dessa forma, cabe aos músculos do manguito rotador a função de estabilização dinâmica de todo o complexo do ombro.

            Os músculos do manguito são:

– Supra-espinhoso:

Inserção medial: fossa supra-espinhal

Inserção lateral: Tubérculo maior

Função: Primeiros graus de abdução da gleno-umeral

– Infra-espinhoso:

Inserção medial: fossa infra-espinhal

Inserção lateral: Tubérculo maior

Função: rotação lateral do úmero

– Subescapular:

Inserção medial: fossa subescapular

Inserção lateral: tubérculo menor

Função: principal rotador medial do úmero

– Redondo menor

Inserção medial: borda lateral da escapula

Inserção lateral: tubérculo maior

Função: rotação externa

– Cabeça longa do bíceps braquial

Inserção proximal: tubérculo supra-glenoidal.

Inserção distal: extremidade proximal de radio e ulna

Função: flexão de cotovelo e acessório na flexão do braço.

Demais musculaturas da cintura escapular

Além dos músculos do manguito rotador, existe uma série de músculos que atuam direta ou indiretamente no complexo do ombro, já que possuem inserções no complexo e geram movimento nas articulações. Os principais músculos envolvidos no complexo do ombro, sem contar com os músculos do manguito rotador citados anteriormente, são:

– Cabeça curta do bíceps braquial:

Inserção proximal: processo coracóide da escápula

Inserção distal: extremidade proximal de radio e ulna

Função: flexão de cotovelo e acessório na flexão do braço.

– Peitoral maior:

Inserção medial: esterno e costelas

Inserção lateral: tubérculo maior

Função: rotação interna, extensão e adução

– Peitoral menor:

Inserção inferior: corpo da 3°, 4° e 5° costelas anteriormente.

Inserção superior: processo coracóide da escápula

Função: depressão do ombro (da escápula)

– Redondo maior:

Inserção medial: borda lateral da escápula

Inserção lateral: tubérculo maior

Função: adução

-Trapézio: (de forma resumida)

Inserções mediais: linhas nucais, ligamento nucal e processos espinhosos das vértebras torácicas.

Inserções laterais: “parte superior do ombro e parte posterior do ombro”

Funções: Porção superior – elevação do ombro

               Porção média – retração da escápula

                Porção inferior – depressão do ombro

– Grande dorsal:

Inserção inferior: crista ilíaca e processos espinhosos das lombares e torácicas inferiores.

Inserção superior: tubérculo menor

Função: rotação interna, extensão e adução.

– Deltóide: (de forma resumida)

Inserções mediais: “porção medial anterior, superior e posterior do ombro”

Inserção lateral: tubérculo maior e crista do tubérculo maior

Função: tem função primária de abdução, mas auxilia a flexão e extensão com suas fibras anteriores e posteriores respectivamente.

– Tríceps braquial:

Inserção superior: tubérculo supra-glenoidal, tubérculo infra-glenoidal e extremidade proximal do úmero posteriormente. 

Inserção inferior: extremidade proximal de radio e ulna posteriormente

Função: extensão de cotovelo e extensão do ombro (braço)

Estruturas importantes do complexo do ombro

Toda a vez em que avaliamos ou tratamos o complexo do ombro, devemos lembrar que nessa região do corpo passam estruturas nobres, e que determinados tipos de sofrimento da cintura pélvica podem causar alterações dessas estruturas potencializando ou complicando o caso clínico do paciente em questão.

            As principais estruturas nobres que cruzam o complexo do ombro em direção aos membros superiores são:

– Plexo braquial: formado pelas raízes nervosas de C5, C6, C7, C8 e T1, o plexo braquial é a estrutura responsável por inervar todo o membro superior, ou seja, é ele o responsável pela comunicação do sistema nervoso com as estruturas que compõe os membros superiores.

            O plexo vai ser dividido em três ramos ou troncos, sendo:

Tronco superior formado pelas raízes de C5 e C6

Tronco médio formado pela raiz nervosa de C7

Tronco inferior formado pelas raízes de C8 e T1

            Cada região inervada por um determinado nervo vai ser denominada dermátomo, e nessa região temos os seguintes dermátomos:

C5 – Porção lateral do braço

C6 – Porção lateral do antebraço + polegar e indicador

C7 – Dedo médio da mão ou 3° dedo

C8 – 4° e 5° dedos da mão e parte da porção medial do antebraço

T1 – Parte da porção medial do antebraço e porção medial do braço

– Artéria axilar – braquial: vaso responsável por irrigar os membros superiores carreando nutrientes necessários ao metabolismo celular e transportando o oxigênio que vai ser distribuído posteriormente para as células de todos os tecidos ali presentes.

– Veia axilar: vaso responsável por drenar a região dos membros superiores, retirando produtos ou resíduos do metabolismo celular, assim como recolhendo o gás carbônico das células de todos os tecidos ali presentes.