Introdução:

Diferente do que muitos pensam, o joelho não é uma articulação propriamente dita, mas sim um complexo articular, por se tratar de um conjunto formado por duas articulações dentro de uma mesma capsula articular, e que possuem uma relação em comum quando pensamos na mobilidade do complexo.

O complexo articular do joelho é composto então por uma capsula articular e duas articulações estruturais, que são:

  • Articulação fêmuro-tibial
  • Articulação fêmuro-patelar

A articulação fêmuro tibial é a principal articulação do complexo do joelho, por se tratar da articulação onde ocorrem os movimentos osteocinemáticos de flexão e extensão do mesmo. Os movimentos de flexão de joelho são associados ao movimento artrocinemático de rotação interna da tíbia, enquanto o movimento de extensão de joelho está associado ao movimento artrocinemático de rotação externa da tíbia.

A articulação fêmuro patelar, diferente da fêmuro tibial, não é uma articulação estrutural, mas sim uma articulação funcional. A patela é o principal osso sesamóide do corpo humano, e desta forma, atua como roldana, ficando interposto entre o tendão quadríciptal e o tendão patelar e sendo então responsável por aumentar o torque de força do quadríceps durante os movimento de extensão do joelho.

A função da articulação fêmuro patelar e da patela é bem executada até 90 graus de flexão de joelho. Quando a flexão de joelho ultrapassa os 90 graus, quanto mais fechado for o ângulo (menor ângulo), menor o torque de força do músculo quadríceps, pois o mesmo deixa de se posicionar paralelamente e começa a “dobrar” gradativamente, gerando atrito da patela contra o fêmur e predispondo as condropatias anteriores de joelho.

Desta forma, é comum notarmos que quando nos sentamos em acentos baixos e precisamos flexionar muito os joelhos, há uma maior dificuldade para nos colocarmos em pé novamente. Tal fato é acentuado em idosos pois além do desfavorecimento biomecânico, ainda apresentam diminuição de força muscular e equilíbrio. Assim, é comum quando pensamos em ergonomia para indivíduos idosos, aumentar a altura dos acentos dos idosos para favorecer biomecanicamente a extensão de joelho.

Características da articulação fêmuro tibial

Trata-se de uma articulação condilar, estabelecida entre os côndilos femurais (convexos) com os côndilos tibiais ou platô tibial (côncavos). É uma articulação estrutural e que, assim como a articulação do quadril, trabalha com bastante carga, sendo, desta forma, uma articulação impactada e predisposta a processo de desgaste articular e consequente artrose, principalmente quando associada a sobrecarga (sobrepeso do indivíduo).

A articulação fêmuro tibial é estabilizada por quadro importantes ligamentos estruturais, que geram tanto estabilidade no sentido ântero posterior quanto nos sentidos lateral e medial, permitindo apenas os movimento osteocinemáticos de flexão e extensão da mesma então. São ligamentos estruturais da articulação fêmuro tibial:

  • Ligamento cruzado anterior (LCA): O ligamento cruzado anterior é o grande responsável por limitar o movimento artrocinemático de deslizamento anterior da tíbia sob o fêmur, que acontece durante a flexão de joelho. ë auxiliado pelos músculos posteriores da coxa, os ísquios tibiais, que também geram estabilidade no mesmo sentido. Podemos afirmar então que o LCA atua na flexão de joelho, e, desta forma, seu mecanismo traumático mais comum está associado a entorses de joelho com rotação durante a flexão. Esse tipo de lesão é muito comum em praticantes de futebol assim como em lutadores, por apresentarem comumente, os mesmos mecanismos traumáticos.
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
  • Ligamento cruzado posterior (LCP): O ligamento cruzado posterior é o grande responsável por limitar o deslizamento posterior da tíbia sob o fêmur. Desta forma, podemos afirmar que este ligamento é o responsável por limitar a extensão de joelho, trabalhando então em posição de ajuste máximo da articulação fêmuro tibial. Sendo assim, as lesões de LCP são muito menos frequentes que as de LCA, pois para se romper o mesmo o mecanismo traumático é de trauma anterior no joelho com o mesmo extendido em 180 graus.
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
  • Ligamento Patelar: É a porção central do tendão do quadríceps femoral que se continua da patela até a tuberosidade da tíbia. É um forte feixe ligamentoso, achatado, com cerca de 8 cm de comprimento. A face posterior do ligamento patelar está separada da membrana sinovial por um grande coxim gorduroso infra-patelar e da tíbia por uma bolsa sinovial.
  • Ligamento Poplíteo Oblíquo: É um feixe fibroso, largo e achatado, formado por fascículos separados uns dos outros. Forma parte do soalho da fossa poplítea.
  • Ligamento Poplíteo Arqueado: Forma um arco do côndilo lateral do fêmur à face posterior da cápsula articular. Está unido ao processo estilóide da cabeça da fíbula por seis feixes convergentes.
  • Ligamento Colateral Tibial: é um feixe membranáceo, largo e achatado que se prolonga para parte posterior da articulação. Insere-se no côndilo medial do fêmur e no côndilo medial da tíbia. É intimamente aderente ao menisco medial. Impede o movimento de afastamento dos côndilos mediais do fêmur e tíbia (bocejo medial).
  • Ligamento Colateral Fibular: é um cordão fibroso, arredondado e forte, inserido no côndilo lateral do fêmur e na cabeça da fíbula. Não se insere no menisco lateral. Impede o movimento de afastamento dos côndilos laterais do fêmur e tíbia (bocejo lateral).

Meniscos:

Como a articulação fêmuro tibial é uma articulação que trabalha com sobrecarga, entre os côndilos femurais e os côndilos tibiais, mais específicamente forrando os platôs tibiais, se encontram os meniscos do joelho. Os mesmos tem a função de estabelecer o espaço articular da fêmuro tibial e impedir ou evitar o atrito direto entre os dois ossos durante os movimentos de joelho, principalmente em cadeia cinética fechada (CCF), quando o membro inferior está apoiado.

Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.