Introdução:

A cintura pélvica é composta pelos ossos ilíacos, que se articulam posteriormente com o sacro de cada um dos lados (articulações sacro ilíacas), anteriormente articulam-se entre si através da sínfise púbica e lateralmente se articulam com a cabeça do fêmur na articulação coxofemoral, também conhecida como articulação do quadril.

Os ossos ilíacos são classificados como ossos laminares e pneumáticos e, didaticamente, são divididos em três porções, sendo uma superior, outra inferior e posterior e outra inferior e anterior, da seguinte forma:

  • Ílio – Porção superior
  • Ísquio – Porção inferior posterior
  • Púbis – Porção inferior anterior

Osso ilíaco vista lateral

Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Osso ilíaco vista medial

Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Cintura pélvica:

Quando pensamos em cintura pélvica, a pesar dos ossos ilíacos serem os grandes protagonistas por terem a função de articular o tronco, representado pelo sacro, ao membro inferior, representado pelo fêmur, a cintura é na verdade um conjunto de estruturas ósseas, articulares e musculares com importantes funções estruturais e biomecânicas.

As funções estruturais da cintura pélvica são muito conhecidas e discutidas, porém, as principais funções são as biomecânicas. Durante os movimentos de membros inferiores, e que acontecem com muita frequência, principalmente porque a marcha é o movimento mais comum, a cintura pélvica precisa se movimentar harmonizando os movimentos de membros inferiores aos ajustes de tronco. Desta forma, a pesar de termos a articulação do quadril como a principal articulação da cintura pélvica pelo fato de ser a responsável pelos movimentos osteocinemáticos, as articulações acessórias tem grande função biomecânica, pois seus movimentos artrocinemáticos são os grandes responsáveis pela facilitação dos movimentos do quadril. Esses movimentos estão relacionados diretamente ao osso ilíaco e ao sacro, como veremos a seguir.

Movimentos do ilíaco:

Os movimentos dos ossos ilíacos trabalham auxiliando os movimentos do quadril, como grandes facilitadores. São extremamente importantes para a harmonização da marcha trabalhando de forma alternada entre os lados em um movimento denominado “dissociação pélvica”.

  • Rotação anterior: Corresponde ao movimento de rotação para a frente de um ilíaco em relação ao outro. É um movimento acessório da extensão de quadril e realizado principalmente pelos músculos sartório, reto femoral e ílio psoas;
  • Rotação posterior: Corresponde ao movimento de rotação para trás de um ilíaco em relação ao outro. É um movimento acessório da flexão de quadril e realizado principalmente pelos músculos reto abdominal além dos posteriores de coxa, os ísquios tibiais (semi tendinoso, semi membranoso e bíceps femoral);
  • Anteversão: Corresponde a rotação anterior bilateral dos ilíacos. Nesse caso as espinhas ilíacas ântero superiores vão se encontrar mais baixas e a tuberosidade isquiática mais alta;
  • Retroversão: Corresponde a rotação posterior bilateral dos ilíacos. Nesse caso as espinhas ilíacas ântero superiores vão se encontrar mais elevadas e a tuberosidade isquiática mais baixa;
  • Elevação: Corresponde a elevação de um ilíaco em relação ao outro, apresentando como ponto de referência a crista ilíaca mais alta;
  • Depressão: Corresponde a depressão de um ilíaco em relação ao outro, apresentando como referência a crista ilíaca mais baixa;
  • Abertura: Corresponde a abertura da asa do ilíaco, normalmente associada a fraqueza ou encurtamento do músculo glúteo médio;
  • Fechamento: Corresponde ao fechamento das asas do ilíaco, apresentando então a pelve mais fechada, comum no sexo masculino.

Movimentos do Sacro:

O sacro representa a porção podálica da coluna vertebral e consequentemente do sistema esquelético axial. Como se articula de cada um dos lados com os ossos ilíacos (articulações sacro ilíacas), o sacro também precisa ter movimento em relação ao mesmo.

  • Nutação: Corresponde ao movimento de flexão do sacro, representado pela anteriorização da base do sacro e consequente horizontalização do mesmo;
  • Contra nutação: Corresponde a extensão do sacro, representada pela posteriorização da base do sacro e consequente verticalização do mesmo.

Pelve masculina X Pelve feminina

Quando estudamos a cintura pélvica, notamos claramente uma diferença estrutural entre a cintura pélvica masculina e a feminina. Nas mulheres, devido a um menor tônus muscular e maior elasticidade e frouxidão ligamentar, os ilíacos são mais móveis e consequentemente a pelve mais aberta. Tal falo é extremamente importante quando pensamos na gestação, onde os ilíacos precisam inicialmente se abrir ao máximo aumentando o espaço para o desenvolvimento do feto, dando origem assim a um formato de bacia. Já no final da gestação os ilíacos começam a se fechar, abrindo o espaço entre as tuberosidades isquiáticas e o sacro/cóccix, proporcionando abertura para a passagem do feto. Já a pelve masculina, devido a essas diferenças, vai ser mais fechada e rígida.