Carboidratos #2: Fosforilação da glicose X Glicogênese

Introdução

A fosforilação da glicose corresponde a fase final do processo de digestão e assimilação de carboidratos e transição dessa glicose que foi produzida (digerida, absorvida e metabolizada) no sistema digestório, carreada pelo sistema cardiovascular (sistema arterial da grande circulação) e agora, nesta fase, acessa as células para iniciar o processo de respiração celular e consequente produção de energia (ATP) a partir desta glicose no processo conhecido como glicólise.

Ilustração do processo de fosforilação da glicose

No metabolismo celular, a glicose é utilizada como fonte de energia através do processo do processo de respiração celular, com ou sem a presença de oxigênio. A respiração celular aeróbica (que ocorre na presença de oxigênio) fornece cerca de 3,75 kilocalorias (kcal) de energia alimentar por grama de glicose. Nesse processo, moléculas de glicose são degradadas em uma reação química que resulta em  CO2 e água H2O com liberação de energia, que será armazenada por moléculas chamadas de ATP (Adenosina Trifosfato) para ser posteriormente utilizada, como será abordado no post sobre respiração celular.

Estrutura molecular da glicose

Fosforilação da glicose

O processo de fosforilação da glicose é um processo irreversível nas células, exceto em células especiais como nas células hepáticas (hepatócitos). Por esse motivo, a imagem acima demonstra uma célula hepática onde conseguimos observar tanto o processo de fosforilação da glicose quanto o processo reverso, que seria a conversão da glicose em glicogênio num processo denominado glicogênese, que será abordado no final deste post.

A regulação ou facilitação da entrada de glicose nas células (difusão facilitada) é realizada pela insulina, hormônio pancreático que junto com o glucagon regulam as taxas de glicose na corrente sanguínea.

Ver post: https://felipeanatomia.com.br/insulina-e-glucagon-regulacao-hormonal-da-glicemia/

Na corrente sanguínea, mais especificamente nos capilares arteriais, a glicose na presença da enzima glicoquinase (hexoquinase) e com consumo de uma molécula de ATP (gasto energético) consegue passar por difusão facilitada pela insulina para o interior da célula, onde vai ser convertida em glicose-6-fosfato.

Passagem de glicose do capilar para a célula

No interior da célula, quando a mesma é estimulada pela epinefrina (hormônio adrenal) ou pelo glucagon (hormônio pancreático), ocorre o processo de fosforilação da glicose, que nada mais é do que a liberação dos íons fosfato que haviam se combinado a ela ao entrar na célula para que essa glicose livre possa dar início ao processo de respiração celular através de sua etapa preparatória, denominada glicólise, onde ocorre a conversão da glicose em ácido pirúvico (piruvato).

Conversão da glicose-6-fosfato em frutose-6-fosfato (início da glicólise)

Glicogênese

O processo de glicogênese é o processo contrário da glicólise. Enquanto na glicólise o objetivo é a degradação da molécula de glicose para formação de ácido pirúvico e consequente formação de acetilcoenzima A para a respiração celular e produção energética, o objetivo da glicogênese é a conversão da glicose-6-fosfato em glicogênio, que é a forma na qual será armazenada como fonte ou reserva energética.

Processo cíclico da glicogênese

Esse processo acontece nas células hepáticas e também pode ser um processo cíclico, pois a qualquer momento a célula pode precisar de energia e haver então a reconversão de glicogênio em glicose-6-fosfato para iniciar o processo de glicólise, ou para liberar a glicose de volta para a corrente sanguínea (função exclusiva das células hepáticas e que ocorre na presença de enzima hepática específica denominada fosfatase).

Processo de reconversão e liberação da glicose na corrente sanguínea