INTRODUÇÃO AO NÉFRON E SUAS FUNÇÕES NA FILTRAÇÃO GLOMERULAR

Acima de tudo, quando pensamos no néfron e no processo de filtração glomerular, devemos reconhecer o néfron como a  unidade funcional do rim, pois, sem ele, esse órgão não seria capaz de realizar suas funções fisiológicas normais, como por exemplo: 

-> Filtração;

-> Reabsorção;

-> e Secreção.

Em outras palavras, são os néfrons  que participam de boa parte da homeostase corporal.

E quanto a sua anatomia dos néfrons, você conhece?

A sua anatomia possui como principais estruturas:

→ Primeiramente, o corpúsculo renal, onde se encontram o  glomérulo e a cápsula de Bowman;

→ Posteriormente, o túbulo contorcido proximal;

→ Ainda, na sequência, a alça de Henle, composta pelas porções descendente delgada, ascendente delgada e ascendente espessa;

→ Ainda, o túbulo contorcido distal;

→ O Túbulo contorcido proximal e;

→ Ducto coletor.

Imagem ilustrativa do néfron

Para resumir um pouquinho o processo,  o infiltrado só recebe o nome urina depois de passar pelo ducto coletor e seguir para as papilas renais, localizadas no ápice das pirâmides renais. 

Além disso,  a urina segue para os cálices menores, cálices maiores, pelve e ureter, indo em direção então a bexiga urinária.  

Mas afinal, onde ocorre o processo de filtração glomerular?

A filtração acontece no corpúsculo renal no sentido do glomérulo para a cápsula  renal e recebe o nome de filtração glomerular (FG), sendo filtrado o plasma sanguíneo que, em seguida, receberá o nome de ultrafiltrado. 

Esse processo possui uma taxa de filtração glomerular dependente diretamente da quantidade do fluxo sanguíneo renal, sendo que quanto maior a chegada de sangue maior sua pressão hidrostática, e, como resultado, o fluido irá sair dos capilares para a cápsula. 

Posteriormente irá ocorrer a reabsorção do néfron para os capilares sanguíneos, sendo reabsorvidos, por exemplo:

->  água;

-> íons;

-> glicose;

-> uréia;

-> aminoácidos 

-> e alguns outros compostos. 

A reabsorção iremos estudar em outro momento, pois agora, focaremos na filtração glomerular. 

FILTRAÇÃO GLOMERULAR: E como acontece a chegada do sangue até os rins?

Ilustração do rim

O sangue chega aos rins em primeiro lugar através das artérias renais, que se ramificam em artérias segmentares e, posteriormente,  em artérias interlobares, já na pirâmide renal.

Nessa mesma linha, ao chegarem na base da pirâmide renal elas recebem o nome de artérias arqueadas e posteriormente, recebem o nome de artérias interlobulares. 

Além disso, seguindo essa sequência, há as arteríolas aferentes e o glomérulo, que corresponde a uma rede capilar do sistema porta renal. 

Para compreender melhor como é estruturado o néfron, imagine que o néfron “abraça” o glomérulo, esse “abraço” seria a cápsula de Bowman, e os dois, juntos, formam o corpúsculo renal. 

Agora, uma curiosidade para vocês:

É possível dizer que em cada rim encontramos cerca de 1 milhão de corpúsculos renais. 

Pensando bem, se o plasma é filtrado, o que impede a passagem de outras células e substâncias para a cápsula? 

Para esclarecer esse ponto, existe um mecanismo importante para que células sanguíneas não sejam filtradas nos néfrons e acabem sendo excretadas pelos rins, e esse mecanismo recebe o nome de barreira de filtração, podendo ser classificadas em: 

Endotélio do capilar glomerular (primeira barreira)

Na primeira barreira, encontramos o glomérulo, que é composto por uma rede de capilares fenestrados, ou seja, apresenta enormes poros, porém pequenos em relação às células sanguíneas, o que impede que elas saiam da circulação. 

Da mesma forma, há proteínas carregadas negativamente na superfície desses poros, auxiliando na filtração ao repelirem células ou substâncias negativas.

Lâmina basal ou membrana basal (segunda barreira)

A segunda barreira é constituída por uma camada acelular de matriz extracelular que separa, o endotélio do capilar, do endotélio da cápsula de Bowman. 

Ela é conhecida como uma “peneira bem grossa”, sendo constituída por glicoproteínas negativas, colágenos e outras proteínas.

Epitélio da cápsula de Bowman (terceira barreira)

Como terceira barreira ainda há a presença dos podócitos circundando os capilares glomerulares, e que realizam fendas para a filtração. 

Na sequência, as células mesangiais glomerulares, localizadas entre capilares e que contém feixes semelhantes a actina,  capazes, por exemplo, de realizar contração e alterar o fluxo sanguíneo. 

Da mesma forma, há também proteínas negativas que impedem a passagem de algumas moléculas.

SELETIVIDADE DA FILTRAÇÃO

Em condições normais, a filtração não ocorre de forma desorganizada e sim por tamanho (peso) de moléculas e da sua carga. Assim, temos a água, o sódio, a glicose e a insulina como moléculas que possuem uma filtrabilidade altíssima, sendo consideradas livres. 

Já por outro lado, também podemos encontrar a albumina, que possui uma filtrabilidade quase nula, o que faz com que ela não seja eliminada pela urina.

 DETERMINANTES DO PROCESSO DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR

A filtração glomerular (FG) é controlada pela pressão efetiva de filtração e pelo coeficiente de filtração. Sua equação é: 

                                 FG = Kf X Pressão líquida de filtração

Observando a fórmula acima, podemos notar que a pressão efetiva da filtração é uma resultante de forças que atuam nos compartimentos que formam a interface capilar glomerular mais a cápsula de Bowman. 

Para que isso ocorra, tem-se as forças de starling, sendo algumas num sentido a favor da filtração e outras contra. 

A compreensão do processo da filtração glomerular passa então pela necessidade de se entender que as forças de Starling atuam “empurrando” o fluido de um lado para o outro. 

Nesta mesma linha, a filtração ocorre devido à pressão hidrostática glomerular ser maior do que as forças que se opõem à ela. 

O coeficiente de filtração (Kf) é, então, o resultado da condutividade hidráulica e da área de superfície dos capilares do glomérulo.

Por exemplo: se houver redução no número de capilares funcionantes ou aumento da espessura da membrana do capilar (redução da condutividade hidráulica) haverá alteração no coeficiente.

Ilustração das estruturas renais (macroestruturas)

Quando e como esses processos podem ser alterados?

Algumas doenças crônicas como hipertensão e diabetes são capazes de reduzir o coeficiente de filtração (Kf) através de alterações nesses  mecanismos fisiológicos.

A taxa de filtração glomerular (TFG) é controlada pela regulação do fluxo sanguíneo através das arteríolas renais, sendo as principais formas: 

  • O Aumento da resistência das arteríolas aferentes: aumento da resistência antes do glomérulo = diminuição de sangue no glomérulo = perda de pressão hidrostática = menor TFG
  • Também o aumento da resistência das arteríolas eferentes:  elevação da resistência depois do glomérulo = maior volume de sangue no glomérulo = ↑ pressão hidrostática = maior TFG
  • Bem como a diminuição da resistência das arteríolas aferentes: menor resistência antes do glomérulo = maior volume de sangue no glomérulo = elevação da pressão hidrostática = aumento TFG

Em casos de oscilações da pressão arterial (PA), o rim é capaz de manter a TFG constante para proteger as barreiras de filtração. 

Esse controle se dá pelo aumento ou diminuição de resistência através da resposta miogênica, ou seja, resposta muscular, além de feedback tubuloglomerular.

VAMOS COMPREENDER ENTÃO O QUE SÃO ESSAS FORÇAS DE STARLING

Anote aí!!!

Em primeiro lugar, a pressão hidrostática glomerular é determinada pela pressão arterial, resistência arteriolar aferente e resistência arteriolar eferente. É ela quem controla a saída de sangue dos capilares;

Já em segundo lugar, a pressão coloidosmótica glomerular corresponde a pressão proporcionada pela carga proteica. Assim, ela se opõe à filtração glomerular (FG). 

Ou seja, quanto maior a concentração de proteína circulante, como albumina, por exemplo, menor será a taxa de filtração. Se houver queda na taxa de proteínas plasmáticas, como em casos de albuminemia por exemplo,  a FG irá aumentar.

É possível concluir que, conforme vai ocorrendo a passagem do sangue ao longo dos capilares glomerulares, no sentido da arteríola eferente, a pressão coloidosmótica do plasma vai aumentando. 

Enquanto isso, a filtração vai ocorrendo, e o plasma vai ficando mais concentrado de proteínas, uma vez que está perdendo líquido.

E como é feita a regulação por neurônios e hormônios, você conhece esses mecanismos?

Os Hormônios e sistema nervoso autônomo são capazes de alterar a TFG de duas maneiras: 

-> mudando a resistência das arteríolas e;

-> alterando o coeficiente de filtração. 

Os neurônios simpáticos inervam as arteríolas, enquanto a noradrenalina se liga aos receptores nos músculos lisos vasculares, o que causa vasoconstrição.

Por exemplo: mecanismos que ocorrem quando há queda de PA brusca, como em casos de hemorragias ou desidratação grave.

Hormônios com a Angiotensina Il, que é um potente vasoconstritor, e as prostaglandinas, que possuem funções vasodilatadoras, influenciam a resistência arteriolar e, consequentemente, a taxa de filtração glomerular (TFG).

Desta maneira, podem afetar também o coeficiente de filtração glomerular, uma vez que atuam nos podócitos, por exemplo:

->  Aumento do tamanho das fendas;

-> Elevação da área de superfície;

->  Maior taxa de filtração glomerular (TFG);

-> e atuam nas células mesangiais.

Tais fatores citados podem promover sua contração, alterando a área de superfície do capilar glomerular e, desta forma, causando os efeitos citados nos tópicos anteriores.

Quanta coisa, né galera?

De forma resumida então, podemos considerar o néfron como unidade funcional dos rins pois é neste importante órgão abdominal retro peritoneal, mais especificamente no córtex renal, que encontramos os néfrons e seus glomérulos, responsáveis pelo processo de filtração que é tão importante para a manutenção da homeostase. 

Assim, através desses conhecimentos de anatomia, fisiologia e fisiopatologia, é possível que o profissional de saúde seja capaz de identificar, através dos sinais e sintomas e manifestações clínicas, alterações de sistema urinário do seu paciente, permitindo determinar o prognóstico e a melhor conduta terapêutica a ser adotada. 

Dicas de estudo:

Link: https://proffelipebarros.com.br/tratamento-da-coluna-lombar/

Posteriormente: https://proffelipebarros.com.br/linfoma-nao-hodgkin/

Ainda: https://proffelipebarros.com.br/sindrome-de-guillain-barre/