Introdução:
Traumatismos raquimedulares ou simplesmente TRM, é o nome que se dá às lesões da coluna vertebral com consequências traumáticas na medula espinhal, e desta forma, consequente sequela nervosa.
Ao contrário do que se pensa inicialmente, nem todos os traumatismos raquimedulares estão associados a fratura vertebral. Muitas vezes, lesões fechadas da coluna vertebral (sem fratura óssea de vértebra), também podem gerar lesão da medula espinha. O principal exemplo disto são as lesões cervicais por mecanismo traumático de chicote, que acontece comumente em acidentes automobilísticos.
Características das lesões medulares:
A medula espinhal é a parte do sistema nervoso central que comunica o encéfalo com as estruturas periféricas. Desta forma, a maior parte da medula espinhal e suas estruturas é formada por axônios de neurônios sensitivos ou motores.
Assim, cada lesão medular é diferente uma da outra, pois as sequelas são dependentes de alguns fatores, como:
- Nível medular comprometido (altura da lesão)
- Extensão da lesão
- Topografia da lesão
Classificação quanto as extensão da lesão:
As lesões medulares podem ser classificadas como completas ou incompletas. Nas lesões completas, há uma secção completa ou interrupção completa de comunicação em um determinado nível medular. Desta forma, a sequela esperada para esse paciente vai ser uma perda total de movimentos do nível medular comprometido para baixo (PLEGIA) e perda total de sensibilidade na mesma região do corpo (ANESTESIA), sempre de forma simétrica.
Já nas lesões parciais, parte dos neurônios são comprometidos mas parte permanece integro, o que pode gerar sequelas abaixo do nível medular predominantemente sensitivas, motoras ou mistas. Isso é o que ocorre na maioria dos casos, e como os neurônios comprometidos diferem de paciente para paciente, as sequelas e incapacidades também vão variar. Nestes casos a perda parcial de movimentos do nível medular comprometido para baixo é denominado PARESIA, enquanto as sequelas sensitivas incompletas são definidas como HIPOESTESIA (diminuição da sensibilidade) ou DISESTESIA (confusão na percepção de estímulos sensitivos).
Paraplegia ou Tetraplegia:
O que define um paciente ou lesão medular como PARA ou TETRA é a altura da lesão medular, mais especificamente, o comprometimento ou não do plexo braquial.
Tetra é a sequela onde há comprometimento dos quatro membros por lesão medular. Desta forma, todo paciente tetra tem lesão medular em nível superior a T1, que corresponde ao nível mais baixo do plexo braquial. Desta forma, um tetra completo é aquele que possui lesão medular acima de C5, e acaba tendo comprometimento ventilatório por perda na inervação do diafragma (C4-C5). Ainda podemos classificar o tetra de outras maneiras:
- Tetra alto: Lesão comprometendo tronco superior do plexo braquial (C5 – C6)
- Tetra médio: Lesão comprometendo tronco médio do plexo braquial (C7)
- Tetra baixo: Lesão comprometendo tronco inferior do plexo braquial (C8 – T1).
Assim, quanto mais baixo o nível medular comprometido, melhor o prognóstico do paciente.
Para então é o paciente lesado medular, completo ou incompleto, com comprometimento abaixo de T1, ou seja, com preservação total do plexo braquial. Desta forma, dependendo da altura da lesão, um paciente para também pode ser classificado como alto, médio ou baixo, sendo que quanto mais baixo o nível medular, melhor o prognóstico e menos sequelas apresenta o paciente.