Volumes e capacidades pulmonares
Nessa aula de volumes e capacidades pulmonares, discutimos as capacidades volumétricas de ar que podemos colocar para dentro e para fora dos pulmões durante o ciclo respiratório, independentemente das capacidades de troca, que vão estar relacionadas às pré-condições básicas para uma eficiente troca gasosa.
Os volumes pulmonares podem ser avaliados e mensurados através de avaliação respiratória por espirometria, que consegue quantificar os volumes de ar inspirados e expirados durante os ciclos ventilatórios normais ou forçados.
É de fundamental importância o conhecimento da mecânica respiratória, pois os volumes e capacidades pulmonares são dependentes da musculatura respiratória normal e acessória, que tem a capacidade de gerar diferença de diâmetro de caixa torácica, e consequentemente, diferença de pressão entre os meios intra e extra torácicos.
A partir de diferenças de pressão na caixa torácica geradas pelo aumento ou diminuição de seu diâmetro, ocorre então os processos de inspiração e expiração, determinando os volumes de entrada e saída de ar dos pulmões.
Volumes Pulmonares:
Volume Corrente (VC):
Volume Corrente (VC): Volume de ar inspirado e expirado durante um ciclo ventilatório normal (incursão normal). É dependente exclusivamente dos processos de contração e relaxamento do músculo diafragma. É o volume de ar que utilizamos para as trocas gasosas geralmente em condições normais de repouso.
Volume de Reserva Inspiratório (VRI):
Volume de Reserva Inspiratório (VRI): É o volume de ar que conseguimos inspirar após uma inspiração normal, ou seja, após a contração do diafragma. Desta forma, esse volume é gerado e determinado pelos músculos acessórios da inspiração (Esternocleidomastóideo, Escalenos e intercostais externos). Esses músculos são responsáveis pelo aumento do diâmetro de caixa torácica nos sentidos superior, anterior e lateral.
Volume de Reserva Expiratório (VRE):
Volume de Reserva Expiratório (VRE): É o volume de ar que se pode expirar após uma inspiração normal, ou seja, após o relaxamento completo do diafragma. Esse volume é dependente dos músculos acessórios da expiração (intercostais internos e abdominais), que aumentam a pressão da caixa torácica podendo colocar um maior volume de ar para fora dos pulmões.
O volume de reserva expiratório é extremamente importante para a renovação do ar que trabalhamos para as trocas durante o ciclo ventilatório.
Volume Residual (VR):
Volume Residual (VR): É o volume de ar que permanece nos pulmões mesmo após uma expiração forçada máxima. Esse volume é mantido graças a presença do líquido surfactante pulmonar, que mantém a tensão alveolar e consequentemente os alvéolos semi abertos, evitando o colabamento alveolar.
OBS: Por volta dos 6 meses de gestação os pneumócitos produzem o líquido surfactante. Desta forma, crianças prematuras (a termo) com menos de 6 meses de gestação podem não possuir líquido surfactante para manter a tenção alveolar, o que, sem intervenção e cuidados especiais, levaria ao colabamento pulmonar após a primeira expiração.
Capacidades Pulmonares:
Capacidades Pulmonares:
As capacidades pulmonares são derivadas dos volumes pulmonares trabalhados pela musculatura respiratória em todas as fases possíveis do ciclo ventilatório. Podem ser descritas da seguinte forma:
Capacidade Inspiratória (CI):
Capacidade Inspiratória (CI): Corresponde a capacidade de colocar ar para dentro da caixa torácica. Desta forma, representa a soma do Volume Corrente + Volume de Reserva Inspiratório.
Capacidade Expiratória (CE):
Capacidade Expiratória (CE): Corresponde a capacidade de colocar ar para fora da caixa torácica. É representado desta forma pela soma do Volume Corrente + Volume de Reserva Expiratório.
Capacidade Vital (CV):
Capacidade Vital (CV): Corresponde a capacidade de colocar ar para dentro e para fora dos pulmões durante os ciclos ventilatórios. É a soma dos volumes de ar que utilizamos no nosso dia a dia, tanto na ventilação normal quanto na forçada. Desta forma, a Capacidade Vital corresponde ao Volume Corrente + Volume de Reserva Inspiratório + Volume de Reserva Expiratório.
Capacidade Residual Funcional (CRF):
Capacidade Residual Funcional (CRF): Como o nome sugere, a Capacidade Residual Funcional corresponde aos volumes de ar que permanecem nos pulmões após uma expiração normal, independente de poderem ou não ser expirados. São um tipo de reserva para a renovação do ar no ciclo ventilatório. Desta forma, a Capacidade Residual Funcional é a soma do Volume de Reserva Expiratório + Volume Residual.
Capacidade Pulmonar Total (CPT):
Capacidade Pulmonar Total (CPT): Como o nome sugere, a Capacidade Pulmonar Total corresponde à soma de todos os volumes que podem ser trabalhados na mecânica respiratória, sendo Volume Corrente + Volume de Reserva Inspiratório + Volume de Reserva Expiratório + Volume Residual.