Anatomia Palpatória: Cintura Escapular (Complexo do ombro)

Clavícula

  • Extremidade esternal (articulação esternoclavicular)

Técnica: Paciente em DD ou sentado.  O terapeuta poderá iniciar a palpação localizando a incisura jugular, e com a polpa do seu dedo indicador deverá seguir no sentido lateral até perceber uma proeminência óssea arredondada. Ao perceber essa proeminência o terapeuta estará sobre a extremidade medial da clavícula, que corresponde a articulação esternoclavicular. Para confirmação da palpação e avaliação da mobilidade da articulação esternoclavicular o terapeuta, fará uma pegada de pinça sobre tal estrutura, e realizará um movimento de deslizamento no sentido craniocaudal.

  • Extremidade acromial (articulação acromioclavicular)

Técnica: Paciente sentado e o terapeuta em pé, de frente para o paciente.   A partir da palpação da extremidade medial da clavícula, o terapeuta deverá acompanhar com a polpa de seus dedos na região anterior da clavícula no sentido lateral (até o “topo” do ombro), onde irá encontrar uma pequena depressão que representa a articulação acrômio clavicular.

  • Curvaturas da clavícula

Técnica: Com o paciente sentado e o terapeuta na frente do paciente, iniciar apalpação partir da extremidade medial da clavícula. O terapeuta deverá acompanhar com a polpa de seus dedos na região anterior da clavícula no sentido lateral e poderá perceber que, nos dois terços medias, a curvatura é convexa, e no terço lateral, côncava.

Escápula

  • Borda medial da escápula

Técnica:  Paciente em DV ou DL e o terapeuta em pé, atrás do paciente.  Com uma de suas mãos na região anterior do ombro do paciente, o terapeuta irá realizar uma retração do mesmo, mantendo o braço do paciente ao lado do tronco. Tal manobra, fará com que o bordo medial da escápula fique mais proeminente e seja facilmente palpado. A outra mão do terapeuta deverá ficar espalmada sobre a coluna do paciente com seus dedos voltados cranialmente e a borda medial da mão alinhada com os processos espinhosos, e a partir dessa posição o terapeuta irá deslizá-la lateralmente, indo ao encontro da borda medial da escápula.     

  • Ângulo inferior da escápula

Técnica: Paciente sentado, DV ou DL.  Ao identificar a borda medial da escápula, o terapeuta deverá acompanhá-la com a polpa dos seus dedos no sentido caudal até cair sobre o ângulo inferior da escápula. Ao localizá-lo o terapeuta poderá “abraçar” com o polegar e o indicador o ângulo inferior da escápula.

  • Borda lateral da escápula

Técnica:    Paciente em DL, com o braço abduzido a 180° (apoiado sobre a cabeça do paciente). Terapeuta em pé, atrás do paciente. Ao identificar o ângulo inferior da escápula, o terapeuta deverá acompanhá-lo com a polpa dos seus dedos nos sentidos cranial e lateral e cairá sobre a borda lateral da escápula.

  • Ângulo superior da escápula

Técnica:  Paciente sentado ou em DV. Terapeuta em pé, atrás do paciente, ao identificar a borda medial da escápula, deverá acompanhá-la com a polpa dos seus dedos no sentido cranial até perceber o ângulo superior da escápula.

  • Espinha da escápula

Técnica:  Paciente em DV ou sentado. Terapeuta em pé, atrás do paciente, ao identificar as fibras superiores do músculo trapézio na região póstero-superior do ombro, deverá deslizar as poupas de seus dedos no sentido caudal até perceber uma crista óssea, que representa a espinha da escápula.

Obs: após localizar a espinha da escápula o terapeuta poderá palpar em forma de “pinça” com o polegar e o indicador toda a extensão desse acidente ósseo.  

  • Acrômio

Técnica:  Paciente sentado. Terapeuta em pé, atrás ou ao lado do paciente, com a polpa dos seus dedos, deverá seguir a espinha da escápula no sentido lateral, até perceber um ângulo (ângulo acromial) que passa a orientar –se para frente formando a borda lateral do acrômio.

Obs: o acrômio é um prolongamento lateral da espinha da escápula. 

  • Processo coracóide

Técnica:  Paciente em DD ou sentado. Terapeuta em pé, ao identificar a borda anterior do terço lateral da clavícula, deverá deslizar seus dedos em sentido caudal até encontrar uma proeminência óssea com formato “arredondado” que corresponderá ao processo coracóide. (o processo coracóide encontra-se abaixo da articulação acrômio clavicular).   

Úmero – Epífise proximal

  • Tubérculo maior

Técnica: Paciente sentado com o braço posicionado em posição anatômica. Terapeuta em pé, ao lado do paciente, com as polpas dos dedos polegar e indicador na borda lateral do acrômio, deslocará seus dedos em direção caudal até encontrar uma proeminência óssea relativamente grande, de formato arredondado.

  • Tubérculo menor

Técnica: Paciente sentado, com ombro posicionado em rotação lateral. Terapeuta em pé, ao lado do paciente, posicionará a polpa de seu dedo indicador sobre o processo coracóide, e a partir desse ponto irá deslizar o dedo lateralmente até perceber uma proeminência óssea que corresponderá ao tubérculo menor do úmero.   

Obs: para confirmar a palpação, o terapeuta poderá solicitar ao paciente que realize os movimentos de rotação medial e lateral do ombro, onde perceberá sob seu dedo, a movimentação do tubérculo menor.  

  • Sulco bicipital

Técnica: Paciente sentado, com braço posicionado em posição anatômica. Terapeuta em pé, ao lado do paciente, deverá com as polpas do dedo indicador e terceiro dedo localizar os tubérculos maior e menor do úmero. A partir dessas referências, o terapeuta deverá palpar entre essas estruturas no sentido longitudinal do osso, e estará sobre o sulco bicipital. Nessa região, perceberá um cordão espesso que corresponderá ao tendão da porção longa do bíceps.       

Músculos que atuam sobre o ombro, escápula e clavícula

  • Músculo peitoral maior

Técnica: Com o paciente sentado ou em pé e braços abduzidos à 90°, o terapeuta deverá resistir com uma de suas mãos o movimento de adução associado a rotação interna do ombro do paciente, para que o músculo peitoral maior fique bem evidente na região anterior do tórax (abaixo da clavícula). Com a sua outra mão palpará o músculo globalmente.  

  • Músculo peitoral menor

Técnica (palpação na inserção proximal): paciente sentado com cotovelo homolateral a palpação, flexionado a 90°. O terapeuta deverá com uma de suas mãos, posicionar a polpa de seus dedos logo abaixo do processo coracoíde da escápula, e com a outra mão posicionada abaixo do cotovelo do paciente, irá resistir o movimento de abaixamento do ombro, solicitando ao paciente que empurre para baixo a sua mão com o cotovelo.  E então, poderá perceber a tensão do músculo peitoral menor sob seus dedos.

Técnica (palpação indireta – fibras musculares): paciente em DD ou DL, com braço abduzido e cotovelo flexionado a 90°. O terapeuta fará uma palpação profunda, ou seja, entrará com a polpa de seus dedos sob a massa muscular do peitoral maior. Posteriormentecom a outra mão posicionada abaixo do cotovelo do paciente, irá resistir o movimento de abaixamento do ombro, solicitando ao paciente que empurre para baixo a sua mão com o cotovelo.  E então, poderá perceber a tensão do músculo peitoral menor sob seus dedos.   

  • Músculo subclávio

 Obs: Sua palpação não é possível, mas é importante que o fisioterapeuta saiba delimita-lo em relação a sua localização, para que o mesmo possa realizar algumas manobras que visam atuar, mesmo que indiretamente sobre o músculo. As disfunções de movimento das articulações esternoclavicular e acromioclavicular, muitas vezes estão diretamente ligadas ao músculo subclávio, interferindo assim na mecânica do ombro.  

Técnica: para delimitar o músculo subclávio, o terapeuta deverá posicionar as polpas de seus dedos na face inferior do terço médio da clavícula, enquanto a sua outra mão deverá realizar uma flexão passiva do braço do paciente fazendo com que a clavícula faça uma rotação posterior, permitindo que os dedos aprofundem a palpação e tentem alcançar o músculo subclávio.

  • Músculo subescapular

Técnica: Com o paciente em DL e braço abduzido à 90°, o terapeuta entrará com a polpa do seu primeiro dedo no fundo do cavo da região axilar do paciente indo na direção da fossa subescapular (face anterior da escápula).  Posteriormente irá solicitar ao paciente que desfaça a abdução do ombro (retorne a posição neutra) e realize a rotação medial do braço. Ao realizar tal movimento, o terapeuta perceberá a tensão do subescapular sob as polpas de seus dedos.  

  • Músculo infra-espinhal

Técnica:  paciente em DL com o cotovelo flexionado à 90°. O terapeuta deverá iniciar a palpação identificando a espinha da escápula, e posicionar os dedos (2°, 3° e 4°) abaixo da mesma, seguindo a orientação das fibras do infra-espinhal. Com a outra mão posicionada no antebraço do paciente, resistirá a rotação lateral do braço e então, perceberá sob seus dedos a tensão do músculo infra-espinhal.   

  • Músculo supra- espinhal (palpação indireta)

Técnica: Com o paciente sentado e cabeça inclinada para o lado da palpação, o terapeuta deverá posicionar as polpas dos 2° e 3° dedos na fossa supra-espinhal, localizada a cima da espinha da escápula. Com a outra mão posicionada no braço do paciente resistirá o movimento de abdução de ombro para perceber sob seus dedos a tensão do músculo supra-espinhal.

 OBS: Como o músculo supraespinhal situa-se na fossa supra-espinhal da escápula e se localiza abaixo do músculo trapézio, é importante que a cabeça do paciente fique inclinada durante a palpação do supra-espinhal, pois está posição encurta o músculo trapézio, diminuindo a tensão sob o mesmo, facilitando a percepção da tensão do músculo supra-espinhal. 

  • Músculo redondo menor     

Técnica: paciente em DL com o cotovelo flexionada a 90°. O terapeuta atrás do paciente, deverá localizar o ângulo inferior da escápula e a partir do mesmo deverá traçar uma linha imaginária entre o ângulo inferior da escápula e o ombro. Posteriormente, posicionará a polpa de seus dedos sobre essa linha imaginária, logo a cima do músculo redondo maior. Com a sua outra mão, posicionada no antebraço do paciente, o terapeuta deverá resistir o movimento de rotação lateral do ombro para perceber a tensão do músculo redondo menor sobre seus dedos. 

  • Músculo redondo maior

Técnica: paciente em DL com o cotovelo flexionada a 90°. O terapeuta atrás do paciente, deverá localizar o ângulo inferior da escápula e a partir do mesmo deverá posicionar a polpa de seus dedos lateral e superiormente ao ângulo inferior da escápula (abaixo do músculo redondo menor). Posteriormente, com a sua outra mão posicionada no antebraço do paciente, deverá resistir a adução combinada à rotação medial do ombro, para que a tensão do mesmo seja percebida sobre os dedos do terapeuta. Muitas vezes, o músculo redondo maior ficará visível, apresentando seu formato arredondado.  

  • Músculo deltóide  

Técnica: com o paciente sentado, o terapeuta poderá palpar as três porções do deltoide, solicitando a contração muscular específica para cada porção.

Porção anterior – o terapeuta deverá resistir os movimentos de flexão ou adução horizontal do ombro para delimitar as bordas do deltoide anterior;

Porção média –     o terapeuta deverá resistir o movimento de abdução do ombro para delimitar as bordas do deltoide médio;

Porção posterior – o terapeuta deverá resistir os movimentos de extensão ou abdução horizontal do ombro para delimitar as bordas do deltoide posterior;